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18
abr

Notícias de Nova Iorque – Parte 3

O interrogatório aconteceu na Corte Federal de Long Island, que ficava a 45 minutos de carro do hotel. Chegamos, eu e o publicitário responsável pela vigília em frente à corte, às 9h30 da manhã. A audiência começaria às 11h, no horário local. Entrei do tribunal para ver em que sala o interrogatório iria acontecer. Inspeção digna do aeroporto, com direito a detector de metal, proibição de entrada de qualquer aparelho eletrônico (inclusive celular) e um ritual de tira-e-põe-casaco-e-bolsa que chegou a ser cômico depois da minha trigésima saída da corte naqueles dois dias de interrogatório.

De novo, um dos seguranças da entrada era parente de brasileiro. Desta vez, um senhor de uns 70 anos filho da Dona Maria das Graças, que aprendeu com a mãe a falar “cerveja” e “até logo”.
Na sala de entrada da audiência, um local chamado Escritório dos Advogados dos Estados Unidos, fui barrada. O recepcionista, que atendia detrás de um vidro à prova de balas e com péssima acústica devido à grossura do vidro, disse que eu só poderia entrar se fosse convidada pelo juiz ou pelo advogado dos réus. Desci e fui falar com os jornalistas brasileiros que começavam a chegar para fazer a cobertura da audiência. Subimos todos juntos e fomos novamente barrados. Lá descobrimos que dois jornalistas norte-americanos estavam acompanhando a audiência. A desculpa que nos deram era que não havia cadeira suficiente para nós.

Apelei: “Se vocês não nos deixarem entrar, a imprensa brasileira vai dizer que vocês só permitiram a entrada de jornalistas dos Estados Unidos e que proibiram a cobertura da imprensa brasileira. E o nome de vocês será citado nas matérias que serão publicadas no Brasil.” Meia hora depois, nossa entrada foi liberada.

Karin Villatore

14
abr

Notícias de Nova Iorque – Parte 2

Cheguei em Nova Iorque na segunda-feira de manhã. Neurose de sempre na chegada. Tive que deixar meu isqueiro na alfândega (proibido levar produto inflamável, disse a moça da segurança) e assistir a um grupo de paquistaneses ser deportado. A porta do aeroporto se abriu para um vento cortante e a descoberta de que a distância entre a cidade de Nova Iorque e Long Island era bem maior do que eu imaginava.

Quase duas horas depois, cheguei ao hotel. Fiz um rápido check-in e voltei a Nova Iorque para visitar redações. Antes, comprei um celular local.
No pomposo prédio do The New York Times tive a sorte de ser recepcionada por um porteiro casado com uma gaúcha. Tudo bom com você?, ele me perguntou. Conspiração do bem, conheço pessoas surpreendentemente amáveis, inclusive a única jornalista brasileira que trabalha naquele jornal, uma baiana/carioca com quem conversei por algum tempo.

Os jornalistas do The New York Times trabalham em baias e a redação, enorme, tem aquários para reuniões. De lá fui à TV Globo, que tem uma redação maior do que eu imaginava e uma diretora extremamente simpática. No final do dia, os US$ 100,00 de crédito que tinha colocado em meu celular pré-pago terminaram. Precisava economizar nas conversas com a equipe no Brasil. Dormi mal e estava ansiosa.

Na terça-feira comprei bastante crédito para o celular, passei o dia fazendo contatos por telefone e email. Confirmei mais algumas presenças de correspondentes brasileiros na cobertura do interrogatório. A Internet do hotel era péssima, o que aumentava a angústia. Dormi mal de novo. Na quarta-feira aconteceria o primeiro interrogatório.

Karin Villatore

12
abr

Notícias de Nova Iorque – Parte 1

Quando eu trabalhava na Volvo Car eram comuns as viagens ao exterior para acompanhar grupos de jornalistas que testavam carros, reuniões mundiais com as Assessorias de Imprensa da empresa, encontros de aproximação com a imprensa dos outros países do Mercosul e visitas às feiras de automóveis da Europa. Tudo absurdamente bem organizado, como é típico dos suecos. 
Fazia alguns anos que eu não viajava para fora do Brasil a trabalho. No final de março quebrei o jejum de um jeito bem intenso.
Desde janeiro atendemos a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907. Para quem não lembra, foi aquela tragédia da Gol que aconteceu em 2006 e que foi causada pela imperícia de dois norte-americanos que pilotavam um jato Legacy. O nome deles: Jan Paul Paladino e Joseph Lepore. Todas as 154 pessoas que estavam no Boeing da Gol morreram. O que aconteceu com Paladino e Lepore? Nada! Aliás, eles voltaram irregularmente para os Estados Unidos, nunca foram presos e são pilotos até hoje, um na American Airlines e outro ainda trabalhando com o Legacy.
Até o dia 25 de março, uma sexta-feira, o primeiro interrogatório com Paladino e Lepore estava agendado para acontecer na Embaixada Brasileira em Washington, capital dos Estados Unidos, nos dias 30 (quarta-feira) e 31 (quinta-feira) de março. Sim, desde 2006 eles nunca tinham sido interrogados. Até então, estava previsto que eu iria acompanhar a audiência de Brasília, por meio de uma videoconferência, e teríamos uma equipe fazendo uma vigília em Washington. No final da tarde daquela sexta-feira veio a notícia: o interrogatório tinha sido transferido para Nova Iorque, mais precisamente para Long Island, cidade na qual vivem Paladino e Lepore. Ou seja, a audiência aconteceria no “quintal” dos pilotos. Mudei rapidamente minhas passagens. Domingo embarquei para Nova Iorque.

Karin Villatore

5
abr

Globalização

Há anos falamos em globalização e a importância de um mundo sem fronteiras. Lembro inclusive que este foi o tema da minha redação quando prestei vestibular, em 2001. Agora, relembrando o significado de globalização achei a seguinte explicação: é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI.

Como viajo muito e sou viciada em buscas pela internet, acredito que vivo plenamente a era da globalização. Mas, esta semana, refletindo sobre o que iria escrever no blog pensei em um fato que me marcou muito sobre como esta ação pode refletir em nossas vidas até nos mínimos detalhes.

Explico: vou casar em novembro e decidi pedir meu vestido de noiva pela internet. A procura foi fácil, uma vez que existem mil modelos disponíveis na web. Optei por um site norte-americano que tinha um modelo encantador, que foi amor à primeira vista. Foi fácil. Precisei tirar minhas medidas (eles têm uma tabela que explica exatamente o que precisam), convertê-las em polegadas, pagar via cartão de crédito e pronto, daqui a dois meses e meio o terei em minha casa.

Minha avó ficou horrorizada com esta minha opção. E isto para mim exemplifica bem como hoje estamos muito mais globalizados e confiantes do que pouco tempo atrás. Neste meu caso, ainda bem!

Thalita Guimarães 

28
mar

Rio

Esta semana o filme ‘Rio’ estréia no Brasil. A história de Blu, a arara azul, ameaçada de extinção que não sabe voar e vem ao Brasil em busca da única fêmea da espécie, é um projeto antigo do diretor brasileiro, Carlos Saldanha, que finalmente conseguiu dar cara ao desenho.

Só pelo filme se passar na “Cidade Maravilhosa” já seria um bom motivo para ir prestigiar este projeto. Mas, se isso não for suficiente, uma turma de peso consegue dar voz dos personagens criados por Saldanha: Jesse Eisenberg, Rodrigo Santoro, Will I am, do Black Eyed Peas, Jamie Foxx e a nova queridinha de Hollywood, Anne Hathaway.

Acho que todos os brasileiros deveriam lotar as salas de cinema para assistir este filme. Finalmente um enredo simpático, querido que mostra o bom lado do Brasil e deixa de mencionar os problemas sociais de nosso país, mostrados constantemente nas telas internacionais. Espero que todos saibam dar devido valor ao projeto de Saldanha!

Veja o trailer legendado:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=02ksrSBAlGE]

Thalita Guimarães                                   

25
mar

Entrega Carta Aberta agradecendo e pedindo apoio à Presidenta Dilma Rousseff

Neste mês, por meio de um trabalho realizado para a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907, nossa equipe entregou, por meio da Senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), uma Carta Aberta à Presidenta Dilma Rousseff agradecendo o apoio que a entidade recebeu até agora e pedindo que ela continue na luta pela punição dos pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. O caso ocorreu em 2006, quando o jato Legacy chocou-se com o Boieng da Gol, fazendo 154 vítimas.

Os familiares pedem uma punição efetiva por parte da justiça, tanto na sentença, pedindo a pena máxima para os pilotos, como suas demissões e também cassando suas licenças para pilotar, pois ambos continuam trabalhando nos Estados Unidos na American Airlines e ExcelAire.  Além dos pedidos, a Carta deixa a governante do país informada sobre o andamento do processo, fala do Acordo de Cooperação Jurídica entre o Brasil e os Estados Unidos, cita os documentos que comprovam a culpa dos pilotos do jato Legacy e manifesta abertamente a indignação dos familiares e amigos das vítimas do acidente com a falta de punição dos pilotos até agora.

No link http://www.associacaovoo1907.com/?l=not&id=119 veja a íntegra da carta aberta entregue à Presidenta Dilma Rousseff.

Karin Villatore

14
mar

O sotaque da discórdia

Sempre ouvi durante a faculdade sobre a exigência das emissoras de televisão para que os apresentadores e repórteres não falassem com nenhum tipo de sotaque regional. Ouvi até mesmo da imposição da pronúncia igual à fala carioca ou paulista. Em casos excepcionais podiam destoar do padrão apenas alguns gênios como Paulo Francis ainda que não que seu modo peculiar não fosse um sotaque Porém com o aparecimento de matérias com jornalistas como Márcio Canuto da Rede Globo acredito que emissora decidiu aproveitar o carisma arretado  do profissional para ganhar a simpatia dos telespectadores. Mas com uma situação como essa que acontece nesta entrevista que rodou pela internet nos últimos dias acho que nem o jornalista nem a emissora contavam. 

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Cristiane Tada

9
mar

O que está acontecendo com o mundo?

Esta semana estava vendo o jornal Bom Dia Brasil quando o apresentandor Renato Machado perguntou o que estaria acontecendo para ter aumento nos índices de violência dentro das próprias casas dos brasileiros. Tendo como destaque o caso da menina Lavínia, assassinada pela amante do pai, a equipe do jornal procurou uma especialista para avaliar o x desta questão.

Fiquei espantada quando uma psicóloga afirmou que o problema está dentro de casa, em relação à educação e aos valores familiares, que muitas vezes parecem perdidos. Nos jornais atuais é noticiado diariamente pai que mata filho, filho que mata mãe, neto que bate na avó. Confesso que até mudo de canal. Mas hoje este fato me chamou atenção, pois diante do comentário da psicóloga, consegui fazer um link com uma história que presencio.

Faço Inglês com um adolescente muito mal educado. Nem preciso falar que ele leva para aula, no auge dos seus 14 anos, um ipad, iphone, tênis do estilo “quanto mais caro, melhor”, entre outros fatores que já me chamaram atenção por imaginar que tipo de educação os pais pretendem dar. Mas me surpreendi por um dia, quando chamado a atenção, este menino confessou para a teacher que nunca havia escutado um não.

E eu fiquei lá com aquela cara de: como assim? Depois as pessoas ficam surpresas com as barbaridades que acontecem. Alguém que nunca presenciou o limite, respeitou as regras ou soube dar valor aos pequenos atos, não pode mesmo ficar contente ao não ter aquilo que deseja. Por isso estamos também vendo tantas histórias horrorosas de crimes familiares. Isso sem mencionar os jovens homofóbicos e revoltados que vemos por aí.

Claro que nem todos são assim e também nem toda a educação do mundo basta quando alguém é desequilibrado mesmo. Mas que a educação familiar e a importância do certo e errado dentro de casa fazem diferença, ah, fazem sim! Não sou nenhuma santa, mas o medo misturado com respeito que eu tinha da minha mãe me ajudaram a ser uma pessoa adulta mais correta. Talvez esteja faltando mais pulso firme e menos complacente com os erros e pedidos sem sentido de presente dos filhos.

Thalita Guimarães

21
fev

Sobre justiça e esperança

Há dois meses estamos fazendo a divulgação das ações da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907. Esse caso foi destaque internacional em 2006 e ensaiou uma crise diplomática entre Brasil e EUA. Um jato Legacy americano bateu em um avião da Gol e matou 154 passageiros. Estamos trabalhando para que os pilotos e a empresa responsável pelo jato não fiquem impunes, uma vez que provas apresentadas à Justiça Federal comprovam a negligência e imperícia dos dois. Só agora  a audiência foi marcada para ouvir a versão dos pilotos. Injustiça é uma coisa que, mesmo que a gente assista todos os dias no Brasil, a gente não pode se acostumar. Afinal , a capacidade de nos indignarmos é característica importante que nos faz humanos, não é?
O assunto é polêmico. Por isso todo o mundo se envolve um pouco. Mas verdade seja dita: como é difícil falar de assuntos tristes. Boas notícias são fáceis de emplacar, mas  falar sobre tragédia…
A imprensa constantemente é acusada de sensacionalismo, de morbidez ao pautar os assuntos. Mas passados cinco anos é necessária uma estratégia para conseguir certo barulho para que o caso volte à tona. Tudo isso para que a imprensa cobre o mínimo das autoridades competentes: um julgamento. Morreram 154 passageiros no fatídico acidente, mas quantos familiares e amigos perderam a paz? Quantas pessoas terão dizimadas todas as esperanças na vida ou em tudo que faz ela valer a pena caso tudo termine na pizza nossa de cada dia? Na verdade seremos 190 milhões de vítimas. Participem também do movimento em prol de justiça participando do abaixo-assinado disponível no site  www.190milhoesdevitimas.com.br

Cristiane Tada

14
fev

Adeus Ronaldo

É o fim de uma era. Nesta segunda-feira, às 12h40, no CT Joaquim Grava, o atacante Ronaldo anunciou o fim de sua carreira. “Não aguento mais”, disse  antes da coletiva ao jornal O Estado de S. Paulo. “Eu queria continuar, mas não consigo. Penso uma jogada, mas não executo como quero. Tá na hora. Mas foi lindo pra caramba”, declarou o jogador. Foram 18 anos de futebol, mais de 400 gols em sete clubes e na seleção brasileira, incluindo quinze gols em Copas, além de ter sido escolhido o melhor jogador do mundo em 1996, 1997 e 2002.

Dar adeus ao Ronaldo para mim é um misto de tristeza com entusiasmo. Tristeza porque um dos meus grandes ídolos do futebol (apesar de diversas polêmicas) cedeu ao cansaço. Entusiasmo porque ele deu cara ao futebol que ainda está por vir e deve brilhar nos próximos anos. Afinal, quem não quer ser como o fenômeno? Sim, sou fã de futebol da seleção brasileira, bem coisa de mulher que durante a Copa vira fanática e, apesar de ver que Ronaldo já não é o mesmo, devo a ele todo respeito de quem me ajudou a gritar inúmeros golllllllllllllssssssssssss e me sentir um pouco mais patriota.

Não sou da época de Pelé, sou da época de Ronaldo. Não desmereço nenhum pouco o que o Pelé fez para nosso futebol. Pelo contrário. Ele é o rei do nosso futebol, sem dúvidas. Resta então, para mim, acreditar que Ronaldo é o príncipe, que soube honrar a camisa da nossa seleção. Se hoje ele é ou não um bom jogador não vem ao caso. Apesar da fama e dinheiro Ronaldo nunca foi visto em morros, em bailes promovidos por traficantes. Só por isso já merecia meu respeito e admiração, tendo em vista exemplos de jogadores atuais.

Sim, ele escorregou como todo mundo. Mas, tirando a história com travestis, as polêmicas são bem mais amenas. Aliás, muitas delas são sobre o seu peso e testes de DNA. Fatos bem mais simples do que ser fotografado com armas ou ser julgado por assassinato como vemos por aí. Mais do que nunca devemos respeitar o que ele fez no futebol e pelo futebol. Por muitos anos dentro de campo, este jogador fez jus ao apelido de fenômeno. Terei sempre a lembrança do bom jogador, dos gols inacreditáveis, do cabelo estilo cascão. Obrigada Ronaldo, por ter sito o meu herói do futebol. Que outros sigam seu exemplo e que os brasileiros saibam dar valor ao seu trabalho. Para mim você será lembrado sempre por ter tido uma carreira linda, vitoriosa e emocionante! 

Thalita Guimarães