Arquivo mensais:janeiro 2015

28
jan

Os diversos caminhos das palavras

Houve um tempo em que eu escrevia sem parar. No fim do caderno, na agenda, na mesa, no banco da sala de aula, na parede do meu armário. Sentia a necessidade de me expressar através das palavras – as quais eu não mostrava para ninguém. Era como se elas, as palavras, fizessem com que eu me entendesse melhor, ou talvez elas me compreendessem de um jeito que nem eu saberia fazer. Não sei quando aconteceu, mas a ânsia por escrever foi parando com o tempo. Tive um blog genial, com um título genial e uma ideia genial. Não saiu do total de 03 posts. Quem sabe um dia eu ainda o retome, para ver se retomo também o gosto pelas palavras – que devem estar se sentindo esquecidas. Elas, que me ajudaram tanto nos momentos mais difíceis.

Houve também um tempo em que eu acreditava que as minhas palavras eram mágicas. Como se elas fossem tão fortes que pudessem fazer acontecer o que eu desejasse. Um dia, no início da minha adolescência, li que eu deveria escrever o que mais queria e colocar no meio da
2bíblia. É, da bíblia. Não sei se foi vontade divina, mas deu certo. Evento semelhante aconteceu anos depois, mas desta vez sem nenhuma intervenção do cara lá de cima. Escrevi meus sentimentos mais obscuros, que eu não revelava para ninguém, nem para mim mesma, num moleskine no qual eu só escrevia com caneta preta de gel. As coisas mudaram e aconteceram conforme aquele conjunto de letras havia sido montado. A mudança não foi boa e eu percebi que aquilo, escrito num momento de tanta sinceridade, não era tão honesto assim. O resultado foi um autoconhecimento que carrego comigo até hoje.

Houve depois o tempo em que as palavras se tornaram obrigação. Perderam a minha personalidade e a mágica, mas não o encanto. Ficaram mais sérias, questionaram vertentes filosóficas, discutiram fatos políticos e relataram acontecimentos, bons e ruins. Aprenderam a se transformar em um lead, a responder os 5W, a fazer pausa para o TP e a resumir um texto de duas laudas em passagens e OFFs. Esqueci as palavras que sentiram minhas lamúrias e parti para aquelas que me ajudaram a redigir currículos, a fazer relatórios, a anotar meus compromissos. Troquei as letras de música por anotações perdidas sobre eventos importantes. Guardo uma coleção de caderninhos e canetas que esperam as palavras antigas voltarem. E eu sei que elas um dia voltam, pois, adaptando as célebres palavras escritas por Oswaldo Montenegro em um dos meus poemas favoritos, metade de mim é sentir, e a outra metade também.

Amanda Pofahl

21
jan

Sobre aquilo que podemos evitar

Não sei se é por causa do inferno astral ou se porque, realmente, estou cada dia mais crica, mas a questão é que não consigo mais ler notícias. Deixa eu me explicar. Não consigo mais ler notícias, pois não há mais nada para ler.

Por conta da rotina, me informo pela internet. Acesso sites de notícias, acompanho as manchetes pelo Facebook, dou uma olhada nas linhas do Twitter e, cada vez mais, me defronto com um imenso Buzzfeed.

Não tem um dia que eu abra as redes sociais de grandes veículos e não tenha um post preguiçoso. Sabe aquela matéria que você não tem que entrevistar ninguém, que qualquer coisa que você escreva vai parecer real e que terá milhares de visualizações? Então, é disso que estou falando…

Listas e mais listas de vazio: 10 coisas que você precisa saber agora que é chefe. 10 livros que te ajudarão a ganhar dinheiro em 2015. Saiba quem foram as 50 maiores personalidades de 2014. Oito dicas para combater a insônia. Veja cinco pontos infalíveis para o bom relacionamento na empresa. Saiba se seu chefe te odeia em 13 passos. É só o que eu leio nas redes sociais de grandes veículos.

Lembro de ouvir repetidas vezes enquanto criança os versos dos Titãs dizendo que “a televisão me deixou burro, muito burro demais”.  Hoje percebo que esse sentimento também se aplica às redes sociais. Por que cazzo nós, jornalistas, não conseguimos nos aprofundar? Por que não apuramos os fatos? Por que pedimos para a assessoria de imprensa conseguir personagens para nossas matérias? Por que as fontes não são boas o suficiente para propor discussões sobre o tema? Por que tenho que estar conectado o tempo todo? Por que fazer listas de coisas desinteressantes e achar que estou exercendo meu papel de jornalista?

Será que somos nós ou é o público quem não consegue ler e interpretar uma matéria e prefere ver listas infindáveis sobre coisas irrelevantes? E se for isso, por que não nos propomos a fazer jornalismo acessível e de qualidade sem ter que criar rankings estúpidos. Apurar, entrevistar, pensar em pautas, trazer depoimentos, dados, números, ideias, discussões. Por que temos que ser paladinos da justiça ao invés de simplesmente sermos jornalistas?

Enquanto não temos essas respostas, te proponho um exercício: não clique nessas listas. Não escreva nada nos comentários, não dê audiência para esse tipo de conteúdo. Se for inevitável, por favor, não ache que é tudo verdade. E depois, podemos fazer uma lista das 50 listas mais engraçadas/bobas/interessantes que tivemos acesso. Que tal?

15
jan

Ainda sonho com o jornalismo ideal para o mundo

O mundo está de cabeça para baixo, são inumeráveis crises e conflitos que, dia após dia, nos chocam e nos comovem. Quando dois atiradores entram em uma redação de jornal e matam 12 pessoas, todos ficamos estarrecidos com tamanha crueldade e sangue frio. A coisa fica mais assustadora ainda quando surgem alguns vídeos que mostram os terroristas em ação nas ruas de Paris, gritando e atacando policiais. Infelizmente, 2015 começou com uma tragédia.

Mais do que uma comoção e o choque, os ataques ocorridos na capital francesa me trouxeram algumas questões jornalísticas relevantes.

A primeira delas diz respeito aos “critérios de noticiabilidade” que têm direcionado a cobertura dos grandes veículos nos últimos dias (e em muitas outras ocasiões) e que, se me permitem, presssão asquerosos. Para os atentados odiosos na França, na Europa que tem dinheiro, em Israel e nos EUA, todas as manchetes, plantões e debates, sempre. Para as centenas de milhares de vítimas de todos os dias na África, na Palestina, nas favelas brasileiras e em outros rincões de que quase nunca ouvimos falar, uma notinha escondida em algum pé de página, como se fossem eventos distantes e irrelevantes.

Pode parecer sonho de um jornalista recém-formado que, aos 24 anos de idade, ainda acredita que sua profissão pode mudar o mundo, mas quantas vidas poderiam ter sido poupadas se apenas uma ínfima parte da atenção que está sendo dada pela imprensa aos acontecimentos em Paris tivesse sido dispensada às milhares de vítimas recentes do terror na Nigéria? Isso só pra dar um exemplo atual. Mas há outros. Há muitos outros. Há não muito tempo, a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos fizeram pouco caso de um genocídio em Ruanda. E a imprensa só fingiu acordar para o horror depois que centenas de milhares de cadáveres já apodreciam nas ruas… Óbvio que fico chocado, indignado e até emocionado com o que aconteceu na França. Mas não podemos ignorar os fatos para os quais boa parte do jornalismo ocidental fecha os olhos sistematicamente, como se algumas diretrizes dos manuais de redação não pudessem ser ignoradas de vez em quando, em nome de um jornalismo mais humano.

A segunda questão fica por conta da forma de apurar os fatos acontecidos em um momento de crise/tragédia: por que tanta avidez por notícias que não são apuradas, mas apenas coletadas das fontes oficiais? Será que, devido ao calor das circunstâncias, as forças policiais da França (ou de qualquer outro país) podem ser acreditadas como se nunca houvesse nada a questionar? O que vale é a voz oficial e só a voz oficial? Estou pedindo demais? Talvez sim, e talvez se estivesse em uma cobertura dessas, eu teria feito exatamente a mesma coisa. Mas será que não há alternativas de fontes? Não há histórias paralelas que dão novos pontos de vista aos acontecimentos ou que tragam curiosidades e levantem novas questões aos debates? Não sei se tenho a respostas pra tudo isso, talvez não.

A situação é complicada, claro. O que sei é que esse não é o jornalismo que quero para o Mundo.

Lucas Reis

8
jan

Ano novo, novos desafios!

Logo no primeiro dia útil do ano iniciei um novo desafio profissional. Após um breve período de dedicação à maternidade, fui convidada para assumir a coordenação da Talk Assessoria de Comunicação. Esta oportunidade me deixou bastante animada. Conheço a seriedade e o profissionalismo desta empresa. Além disso, já estava com muita saudade da rotina de assessoria de imprensa.2015

Em 2014 resolvi me afastar temporariamente do mercado após 11 anos. Escolhi ser mãe. Planejei a gravidez e, após o nascimento do pequeno, optei por me dedicar prioritariamente a ele. Pude amamentar com muita tranquilidade e participar ativamente do seu primeiro ano de vida. Foi sensacional!

Agora chegou o momento de retomar a rotina que tanto me fascina. Trabalhar com comunicação empresarial é algo que me motiva, me encanta e me desafia o tempo todo.

Ainda estou na primeira semana de trabalho, mas já posso dizer que encontrei um ambiente saudável e uma equipe formada por competentes jornalistas. Além disso, na carteira de clientes estão empresas que são referências no mercado e que utilizam a comunicação como ferramenta estratégica de gestão.

Tenho certeza de que 2015 será um ano bastante produtivo! Um Feliz Ano Novo!

Aline Cambuy