Arquivo mensais:fevereiro 2015

19
fev

Uma coletiva com o Rei

Sempre que penso em coletiva de imprensa me dá um frio na barriga. Isso porque os veículos de comunicação estão cada vez mais enxutos e os repórteres, na maioria das vezes, não têm condições de se deslocarem até a notícia. As entrevistas hoje são por e-mail, telefone, WhatsApp e por tantas outras ferramentas tecnológicas que facilitam o trabalho da imprensa. O contato presencial entre o jornalista e o entrevistado, infelizmente, é cada vez mais escasso e, por isso, realizar uma coletiva é sempre um risco.
Pelé
Até que recebo a notícia de que organizaríamos uma coletiva de imprensa com o Pelé. Como assim? O Rei Pelé? Uau, que honra. O frio na barriga dá lugar a muitos outros sentimentos. Em primeiro lugar a sensação de um novo desafio profissional. Na última década já organizei diversos eventos como esse, mas com o Rei é especial. Mesmo não sendo uma expert em futebol, a figura do Pelé causa diferentes emoções. Afinal, ele é um ídolo internacional, o principal ícone do futebol no mundo todo.

A euforia da notícia logo deu lugar ao trabalho para deixar tudo perfeito, como deveria ser. Convites para a imprensa, presskits, fotógrafo, follow-up, etc. Envolver a equipe nesse processo foi fácil, afinal, todas queriam a oportunidade de fazer parte desse trabalho de alguma forma.

O evento foi um sucesso. A imprensa foi até o local para entrevistar o Rei. A maioria das emissoras de TV e Rádio da capital, além dos principais jornais, sites e blogs, marcaram presença. Correspondentes de grandes veículos nacionais também participaram e repercutiram a notícia. A tietagem ficou de lado e o profissionalismo falou mais alto. Os jornalistas fizeram boas perguntas e a coletiva rendeu. Mesmo assim, pude presenciar a emoção dos colegas da imprensa em participar desse momento e alguns ainda não saíram sem antes bater uma foto com o ídolo. Missão cumprida!

Aline Cambuy

11
fev

Brasil: um País de poucos

Quando temos noção real do que são os outros países, dificilmente chegamos a uma conclusão positiva a respeito do Brasil. Eu sou brasileira, nasci e cresci aqui, cidadã que paga seus impostos (e quantos são mesmo?) e, até pouco tempo atrás, defendia bastante o pedaço de terra que chamamos de pátria. Mas alguns acontecimentos recentes me fizeram mudar de opinião.

No ano passado viajei para o que é considerado o interior da Hungria: Szeged. Fui a trabalho, mas conhecendo a cidade no tempo livre, me apaixonei. Szeged é aconchegante e deve fazer parte de todo roteiro de viajante que quer conhecer cidades “desconhecidas”. Ela tem diversos bares e sorveterias ao ar livre, museus, transporte público impecável, uma vida noturna bem agitada no verão e outros diversos atrativos. Mas, o que mais me saltou aos olhos foi a beleza da arquitetura minimalista e elegante da cidade, pois tudo lá é um mimo. Bem decorado, impecavelmente limpo e iluminado, o centro de Szeged é uma atração à parte. Como se não bastasse, a cidade tem, nos campos ao seu redor, plantações e mais plantações de girassóis, paisagem que enche os olhos. image1

Neste ano eu e meu marido fomos para a Califórnia (sim, levar a vida numa boa, rs) de férias. Passamos por quatro estados dos Estados Unidos da América: Califórnia (Los Angeles, San Diego e San Francisco), Arizona (Flagstaff), Nevada (Las Vegas) e Geórgia (Atlanta). Isso sem contar a Highway 1 e a 17 Mile Drive, estradas que costeiam a costa Oeste do país, que são nas encostas das montanhas, banhadas pelo Oceano Pacífico, que fizemos de carro. Todos são lugares incríveis, com destaque maior, na nossa opinião, para San Diego, lugar que tem o embarcadero mais bonito que já vi, museus de sobra, zoológico (com panda gigante, urso polar e elefante), porta-aviões que virou museu… Enfim, se eu escrever aqui tudo, ficarei muito tempo falando das belezas do lugar. Só digo que, em todos os lugares, tivemos vontade de ficar. Mas em San Diego queríamos morar, criar nossos filhos e ter netos.

Confesso que a minha opinião sobre as terras do Tio San mudaram muito depois deste tempo lá. Eu era um pouco preconceituosa com relação aos norte-americanos, tinha aquela visão que todos eram selvagens capitalistas. Mordi a língua. Durante nossa estadia lá nunca faltaram com respeito conosco. Absolutamente todas as pessoas foram amáveis e simpáticas. Quando não puxavam conversa elas eram extremamente educadas. É um país de primeiro mundo, um carro básico e compacto é um Corolla e você enche o tanque dele com cerca de 20 dólares. Todos os lugares são impecavelmente limpos e toda a estrutura do país é pensada para pessoas. Aí você vai me dizer que no Brasil também é. Não, não é. Lá temos as higways (supervias de trânsito) que fazem o trânsito pesado fluir em vários sentidos e pra todas as direções. Lá temos acesso para deficientes em todos os lugares. A quantidade de banheiros públicos é surreal. Não basta ter banheiro público, ele é limpo, cheira bem e tem tudo de que você precisa: protetor do vaso sanitário, papel higiênico, sabonete na pia e toalha de mão.

image2Não, as coisas não são caras por lá. E o que é vale cada centavo do preço que se paga. Acho que nem preciso dizer que roupas, maquiagens, acessórios de beleza, cosméticos e produtos no geral são absurdamente mais baratos que aqui. A única coisa que perde é a comida, pois quase tudo é exagerado e sem um gosto e sabor definido, tudo com muito açúcar e gordura ou com muito sal e pimenta.

Uma coisa que me impressionou demais foi a educação do povo. Quando estávamos tirando fotos nos lugares as pessoas passavam pela gente, sorrindo e perguntando, carinhosamente, se queríamos que eles tirassem uma foto nossa juntos. Em todos os postos de gasolina, lojas, restaurantes, lanchonetes e mercados, nenhum vendedor fica em cima de você. Cada um vai, pega e paga, sem complicações. Tirando que em vários lugares existem os autosserviços de pegar e pagar, sem ninguém fiscalizando se você está pagando mesmo.

Enfim, só tivemos pontos positivos. O negativo foi chegar no Brasil, meu país, e ser mal tratada no aeroporto, gastar 130 reais de gasolina pra encher o tanque do carro, ficar sabendo que o preço do combustível subiu novamente, ver o IPVA, IPTU, contas e mais contas só aumentando. Enquanto isso, o governador aumenta o seu próprio salário, vereadores fazem gastos absurdos somente para a verba de gabinete ser mantida e quem tem que pagar a conta e o pato é o povo brasileiro. Pior ainda é saber que foi o povo que elegeu a corja de corruptos que lidera o país, o estado e a cidade.

Sei que ainda tenho esperança de que as coisas melhorem. Mas o Brasil não é um país de todos não, é um país para poucos.

Fabíola Cottet

5
fev

Conheça a trajetória de Mira Graçano, parceira de Media Training da Talk

A jornalista Mira Graçano é parceira de Media Training da Talk e realizou, no ano passado, um treinamento pela Talk com os médicos do Lâmina Medicina Diagnóstica, em Santa Catarina.

Mira é referência no jornalismo do Paraná. Trabalhou em redes de grande renome, como RPC mira graçano2TV, SBT, Rádio CBN e RIC TV. Desde 2001, realiza treinamentos para executivos. Alguns dos clientes em seu portfólio são a Embratel, Correios, Ecovia, Detran, TIM, VIVO, Ecocataratas, Grupo Marista e o Grupo Positivo.

Conheça um pouco mais sobre a trajetória da jornalista em texto assinado por ela e publicado em seu blog pessoal (https://miragracano.wordpress.com/):

“Sou jornalista de profissão… paranaense de coração…mineira de alma e berço.

Em 1989 cheguei à rodoferroviária de Curitiba com o coração apertado: é aqui que vou virar profissional. Tímida, cabelo hippie, menina de interior. Tinha a meu favor a santa criatividade que Deus me deu… facilidade para escrever…desenvoltura para representar ( herança do curso de teatro com o saudoso Jaime Barcellos).

Logo surgiu a primeira oportunidade: editora no Jornal do Estado. Nomes, hoje consagrados no jornalismo, estavam na mesma Redação. Thomas Traumann, Jorge Narozniak, tantos outros. Três meses depois, lá estava mineirinha fazendo reportagens para a Rede OM de Televisão, que retransmitia a programação da TV Bandeirantes. Nestas alturas, a Mirinha de Minas se transformava na jornalista Mira Graçano.

Quando a TV Iguaçu-SBT decidiu montar uma equipe forte, no auge de Boris Casoy, fui para a emissora. Bons tempos de Manoel Carlos Karan. Foi aí que tive a primeira experiência na apresentação de um telejornal. O apoio da equipe era admirável. Voltei para a Rede OM quando a emissora foi transformada em Rede Nacional – CNT e fiquei até Curitiba ter a sua primeira grande rádio de notícias: CBN!! Essa foi a minha escola de entrevistas mais profundas, capacidade de improvisação, empatia com o público. Uma marca que me levou a apresentar telejornais da RPCTV por dezesseis anos e a conquistar homenagens na Assembléia Legislativa do Paraná, Câmara de Vereadores de Curitiba, prêmio nacional por um programa “Globo Comunidade”, produzido, editado e apresentado por mim.

Foi Deus quem arquitetou esta jornada.

Hoje quero compartilhar o que mais aprendi – o caminho para a comunicação com eficiência e credibilidade”.

 

4
fev

Os opostos se repelem

Assisti no final do ano passado ao Sem Pena, um documentário impressionantemente inteligente sobre o sistema penitenciário brasileiro. Depoimento soco no estômago vai, depoimento chute no joelho vem, a fala de um sujeito (eram só as vozes, sem mostrar o rosto) sobre a hipocrisia dessa modinha da inclusão enquanto, na verdade, queremos mais é que os diferentes se explodam, de preferência longe de nós.

Era bem mais que isso a teoria do cara que, no final, foi identificado como um filósofo. Meu brainsfilho, estudante de Filosofia, explicou que a base do argumento era nietzcheniana. Show.

Reflexiva, na saída do cinema fiquei pensando na raiva dos tucanos contra os petistas (e vice-versa), de torcedores chamando jogador de futebol de macaco e, o que vem me tocando mais, no preconceito dos curitibanos contra os imigrantes haitianos. Os refugiados se espalharam pelo Brasil inteiro. Mas, até onde sei, só aqui eles estão tendo efetivamente problemas. Sofrem preconceito pesado, são considerados foco de ebola pela ignorância dos que não têm a menor ideia de onde fica o Haiti – ou de onde vem o vírus -, falam idiomas – no plural – diferentes do Português.

Mas o pior mesmo é que eles são pretos retintos. Numa cidade em que bronzeado de praia já é quase ser um negro zulu, a cor da pele dos haitianos arrepia pelos polacos. Na dúvida, Curitiba não hesita. Rechaça. Nascida aqui, sinto vergonha. E, assim como todo mundo, não faço nada.

Karin Villatore