Arquivo mensais:setembro 2013

25
set

De repente 30

30anos O título tem tudo haver com a fase de vida pela qual estou passando (dica da amiga Letícia – obrigada!). Sabe aquela transição inevitável de décadas, que começa a te deixar mais preocupada com tudo? Do tipo, tenho que me cuidar porque a idade é implacável, então, você tenta ser mais saudável, comendo alimentos que contenham menos gordura, fazendo exercícios, usando hidratantes e filtro solar, como se isso tudo garantisse a boa forma para o resto da vida. Por um lado, esses cuidados fazem você se sentir melhor – pelo menos você está tentando – diz aquela vozinha na sua cabeça.

E não para por aí. Se no passado você nem ligava para os produtos light, leite desnatado, alimentos sem gordura trans ou com baixa caloria, a partir dos 30 esse tipo de produto faz parte da sua rotina e da sua geladeira. Tinha uma amiga minha que dizia: “você só percebe que a coisa está pegando quando vê que já tem Renew antienvelhecimento para sua idade” – na época, ela era uns 10 anos mais velha e eu não entendia o porquê, mas hoje a frase faz bastante sentido.

Engraçado que essa coisa de idade só pega quando você passa dos 25 anos, porque antes eu nem ligava, era só mais um ano a ser comemorado. Porém, agora, me sinto cada vez mais madura e responsável. Um peso que começa a ser carregado nos ombros, pois você tem consciência de que precisa ser uma pessoa melhor e isso não significa só cuidar do corpo, mas cuidar do meio ambiente, ajudar o próximo, ajudar os animais, separar o lixo, cumprimentar um monte de gente que você não conhece só por educação, como aquele vizinho do final da rua, o desconhecido no elevador, o cobrador e o motorista do ônibus, e por aí vai.

Acho que é por isso que as pessoas envelhecem. Ser jovem e desprendido de boas maneiras é tão mais fácil. Além disso, de repente, você se dá conta que começa a pertencer ao núcleo adulto/velho da família e concorda muito mais com a opinião dos pais, avós e tios do que com as ideias dos primos mais jovens ou adolescentes.

Mas o post não é uma lamentação do inevitável, é para mostrar como a nossa vida muda, como modificamos nossos pensamentos e como isso afeta nossa personalidade. Na verdade, percebo que estou onde deveria estar e que aproveitei tudo o que podia da juventude. Então, envelhecer é uma questão de preparação e é assim que me sinto: preparada para curtir os 30.

Luanda Fernandes

23
set

Novela das 6

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O Tempo e o Vento sopram e passam com as vozes das mulheres e dos violoncelos de Tom Jobim e nas aquarelas de Glauco Rodrigues, bagunçando os cabelos brancos de uma senhora louca que, no vai e vem da cadeira de balanço, fala com os mortos e ri dos vivos. Assim conheci a história aos 12 anos, na minissérie de TV, e fiquei impressionada e apaixonada para o resto da vida.

Os livros de Érico Veríssimo, no qual a minissérie foi baseada, conheci muitos anos mais tarde. E me impressionaram, apaixonaram, arrastaram na ciranda de histórias nas quais fui morar.

O filme, assisti na semana passada, na pré-estreia após coletiva de imprensa com o diretor, Jayme Monjardim, a atriz Marjorie Estiano, que interpreta Bibiana jovem, e o ator José Henrique Ligabue, o irmão de Ana Terra.

Não me apaixonei, nem me impressionei, nem fui arrebatada pelo espírito vibrante, melancólico e ardente da obra de Érico Veríssimo. As interpretações estão corretíssimas, Marjorie Estiano é muito boa, o elenco é ótimo, Thiago Lacerda está radiante como Capitão Rodrigo, Fernanda Montenegro (Bibiana idosa) dispensa elogios e o ator que apareceu para interpretar Pedro Missioneiro, o argentino Martín Rodriguez, é de primeira. As paisagens são autênticas, a fotografia é linda, enfim, é Jayme Monjardim e, por isso mesmo, não vai além. O próprio diretor explica, talvez se antecipando a qualquer comparação: “Não sou um diretor de filmes de arte, para dez pessoas assistirem e para mim mesmo. Sou um diretor popular. Não sou um diretor político, sou um diretor romântico”.

E o filme é isso: popular, romântico, correto, bonito. Faz as mulheres – e Monjardim gosta de agradar as mulheres, se diz um diretor que gosta de retratar o delicado universo feminino – chorarem e suspirarem. E cumpre outro papel que, diz o diretor, lhe é destinado: fazer os livros de O Tempo e o Vento conhecidos. É um resumão de Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo e O Sobrado, os capítulos mais populares da obra. Um filme leve, gostoso e simples, como uma novela das 6.

Letícia Ferreira

16
set

“Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que pode sonhar tua vã filosofia”

Hamlet, Ato 1, Cena 5, William Shakespeare

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Hermafrodito Adormecido. Cópia romana datada de 2 d.C. de escultura helenística de 2 a.C.

Você é, você não é. O que eu sou? O que eu tenho que ser?

Acompanhe conosco no site DLápraK o texto de Alessandra Roseira, comadre da Karin, que mora em Berlin, sobre uma nova lei na Alemanha que desobriga pais de crianças com sexo indefinido a registrá-las como meninos ou meninas: Entre Hermes e Afrodite: a indefinição de um sexo.

10
set

Grupo nômade com leis baseadas no amor

Li esses dias uma história que me chamou muito atenção. Mostrava imagens do grupo nômade Rainbow Gathering, que tem leis baseadas em conceitos hippies de amor, harmonia, paz, liberdade e cuidado com o planeta, como uma alternativa à cultura popular do capitalismo e do consumo. Normalmente dentro do grupo fotografias não são permitidas. Mas o fotógrafo Benoit Paillé conseguiu uma brecha por participar há sete anos do Rainbow Gathering.

As pessoas pertencentes ao grupo vivem em comunidades temporárias e realizam encontros que já ocorreram na Espanha, no México e no Canadá. Paillé conseguiu captar a beleza daqueles a quem se refere como seus irmãs e irmãos e nos presenteia com belíssimas fotografias repletas de cores, de luz e de sentimentos bons. Vale o clique:

http://amorpelafotografia.com.br/?p=1274

Thalita Guimarães

6
set

Voo livre

Karin e Gabri Canoa QuebradaA melhor pessoa que já conheci vira adulto pleno neste mês. Um voo um tanto quanto precoce, mas sou meio suspeita em julgar. Meu único filho está prestes a sair de casa e montar um estúdio com a namorada. Ótima moça e parceira de boas risadas, aliás.

Nestes 18 anos e 8 meses de convivência diária eu vi o quanto os olhos e os cabelos podem mudar de cor, eu me diverti com finais de semana de casa cheia e barulhenta, eu percebi que é possível jogar futebol no corredor, eu aprendi as forças de todos os Pokemons, eu descobri qual é a cura para crise de bronquite, eu decorei os diálogos dos filmes da Disney, eu dei importância para o dinheiro, eu frequentei muitos parquinhos, eu me emocionei no Dia das Mães, eu me encantei e eu passei a ter uma nova dimensão do tempo.

Não tem palavra que expresse toda a gratidão que eu tenho pela alegria que este menino me proporcionou. Não existe forma de eu mostrar todo o orgulho que eu sinto por este meu filho de ouro. Seja muito feliz, conte comigo para o que der e vier, e apareça para uma lasanha congelada sempre que der vontade, meu querido.

Beijos,

Karin Villatore (Buziel)

3
set

Jornalistas empreendedores

Carreira-e-sucesso A vida não está fácil para ninguém, já dizia a minha mãe. Se ela fosse jornalista, essa máxima cairia muito bem. A verdade é que passou o tempo em que jornalista era aquele profissional alternativo e boêmio, que só trabalhava em redação e era o detentor da verdade e o primeiro que ficava sabendo das notícias. Não que deixaram de existir esses personagens, ainda têm aqueles que conservam a fama e se orgulham dela.

Mas hoje o jornalista tem que ser um profissional muito mais empreendedor e ligado ao mundo dos negócios, diferente do que acontecia no passado. Antes quem cuidava de negócios era o administrador, o economista responsável pelas finanças e por aí vai. Porém, não é o que acontece no século XXI, em que a comunicação se tornou uma atividade muito mais desafiadora. Isso serviu como um chacoalhão no nosso modo de pensar e agir e também despertou a mudança para a formação profissional. Abriu-se uma porta para um mundo novo, fora das redações jornalísticas.

Parte desse movimento também acontece porque as redações não conseguem mais absorver a quantidade de profissionais que entra todos os anos no mercado de trabalho. Pelo contrário, os veículos de comunicação estão cada vez menores. Isso sem contar aqueles que fecharam e demitiram centenas de profissionais. Então, como reagir diante dessa mudança no setor?

Não existe uma resposta certa, mas o caminho é avaliar o futuro do setor e abrir a cabeça para novos horizontes. Afinal, jornalista não é só aquele que trabalha em jornal ou em televisão. Mas aquele profissional que, além de saber escrever, está antenado com as transformações do cotidiano e consegue usar isso a seu favor.
Luanda Fernandes