Neste final de semana fui assistir a dois espetáculos do Festival de Teatro de Curitiba. Gostei de ambos e curto ainda mais o clima que a cidade incorpora nesta época, com gente descolada exibindo cabelos coloridos, sotaques, estilos, esforços gigantescos para parecer cool.
Em tempos de Festival sempre me lembro de uma história contada muitíssimos anos atrás pelo Chico Pennafiel, ator e diretor de teatro com quem trabalhei no departamento de marketing de um grupo educacional. Ele fez, numa das primeiras edições do Festival, uma peça interativa numa época em que não se falava de interatividade. O Chico montou uma espécie de casa com paredes transparentes, na qual ele “morava”, no meio da Praça Santos Andrade, bem no centrão de Curitiba.
A plateia assistia ao ator acordando, comendo, lendo, fazendo nada, indo ao banheiro (tinha uma cortininha pra esconder), dormindo, vivendo. Ele me contou que uma manhã ele acordou bem cedo, tipo 6h, e colocou na vitrolinha um disco vinil do Chico Buarque com a música Valsinha. Fazia frio, a cidade estava com aquele fog londrino típico daqui. De repente, em meio ao “Um dia ele chegou tão diferente….” veio vindo um homem bem vestido, de terno e sobretudo, pasta de trabalho 007. Ele disse que, quando viu a figura, aumentou o volume da música.
O executivo, então, colocou a pastinha 007 no chão e começou, sozinho, a valsar no meio da praça. Dançou, deu rodopios, valsou com toda a emoção. “O mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz”. E o executivo e sua pasta 007 foram embora. Ator virou plateia. Achei lindo. Deve ter sido uma das melhores cenas do Festival. Que inveja do Chico.
Beijos, Karin Villatore