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mar

O jeito curitibano de ser

Parece meio clichê escrever sobre Curitiba com a proximidade do aniversário da cidade afinal, se você abrir qualquer jornal vai ler alguma matéria dos 319 anos que a capital comemora no dia 29 de março. Mas comecei a pensar um pouco sobre essa relação de amor e ódio que nós temos com a cidade. A verdade é que nós amamos essa cidade e adoramos morar nela, apesar de tudo. Digo isso por mim e por muitos amigos que acham que vão concordar com o que eu vou afirmar.

O que acontece é que nós criticamos, e muito, vários aspectos de Curitiba como o transporte coletivo – pois sabemos que realidade é bem diferente do que é exibido na propaganda -, o excesso de carros nas ruas, a falta de mobilidade, a valorização de alguns bairros e o abandono de outros. Enfim, a lista é imensa e não dá para citar tudo, pois como qualquer outro cidadão não estou satisfeita com as políticas públicas do município.

Apesar de admitirmos todos esses problemas, gostamos desta cidade e talvez eu trocasse minha moradia para, quem sabe, morar em algum lugar paradisíaco, mas se a questão fosse para residir em outra capital, nem pensar mesmo. Acho que gosto do pouco aspecto provinciano que ainda restou. Por mais que muitos não admitam, no fundo, sentimos uma ponta de orgulho de ganhar o título de capital europeia brasileira. Mas quando me refiro a isso não falo do termo hipócrita de que somos superiores aos demais e, sim, a questão mais poética da história: a capital que, apesar de ser uma cidade grande, ainda não possui toda aquela agitação dos grandes centros urbanos.

Agora o que me deixa mais intrigada são justamente essas pequenas implicâncias que temos com outras cidades. E claro que isso é recíproco. Mas avaliando bem odiamos que alguém de fora chegue falando mal da nossa cidade. Espera aí, nós temos todo direito de listar os defeitos daqui, afinal moramos aqui, mas uma pessoa de fora, que vá procurar defeitos da cidade dele.

Outra coisa que também não entendo é o porquê de termos ganhado a fama de povo metido e fechado, que não conversa com estranho ou, ainda, que passa informação errada para turista. Eu não me considero metida, só não saio falando com qualquer estranho que aparece na rua e também não me lembro de ter passado informação errada. Se aconteceu foi totalmente sem intenção. Enfim, se é justa essa fama também não sei dizer, vai ver é nosso jeito de ser mesmo, assim como o baiano tem fama de preguiçoso, o paulista de estressado, o carioca de malandro e assim por diante.

Luanda Fernandes

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