Arquivo da tag: Polêmica

29
jul

A comunicação da criança

Sou fã do canal de televisão GNT, acho muito agradável assistir a quase todos os programas. Ontem, apesar de não ser mãe, estava assistindo ao programa Quebra-Cabeça, onde mães trocam figurinhas sobre como educar os filhos, e as crianças também emitem opinião sobre suas questões. Acho interessante, pois o programa aborda as diferentes fases de meninos e meninas entre 3 e 12 anos e o que as crianças comentam sobre os temas abordados são momentos impagáveis que amamos ver lá em casa.

Sempre dou risada com a revelação dos filhos sobre os pais, mas ontem, em especial, fique assustada. O programa abordou a rotina de duas amigas bem diferentes: Uma de nove anos, que quer ser grande antes do tempo e outra aos oito, que se apavora com a ideia de crescer. A de nove anos me lembrou muito um documentário que vi chamado “Criança, a alma do negócio”. Esta menina passa maquiagem (estou falando maquiagem e não um batonzinho rosa claro), não sai de casa sem rímel, blush, roupa da última moda, enfim, uma mini-adulta extremamente consumista.

Enquanto a mais velha só pensa em ser adulta para poder ganhar o mundo, estudar fora do país e viajar e tem na maquiagem e unhas pintadas duas de suas manias, a mais nova gosta mesmo é de brincar, acha que ser adulto é chato e que os mais velhos só fazem trabalhar. Não sei se só eu penso assim, mas mania de adulto em criança tem limite!

O documentário que eu vi mostra bem este tipo de criança. Aquela que não quer mais brincar, só pede celular e eletrônicos de presente, quer ser rico para comprar mais e mais e acaba perdendo a inocência cedo demais. Sim, todos precisam crescer. Mas de forma saudável e coerente. Tudo tem seu tempo e, além disso, limite.

Cabe aos pais saber o que é melhor para seus filhos. Mas vendo este documentário e analisando esta menina mais velha no programa do GNT, já sei (ao menos na teoria) que tipo de mãe não quero ser. Pretendo ensinar Ser mais do que Consumir mais.

Thalita Guimarães

26
jul

Requião sai ileso

A advocacia do Senado da República definiu que não houve falta de decoro parlamentar por parte do Senador Roberto Requião, no episódio em que resolver tomar o gravador de um repórter. A representação foi feita pelo Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal para que fosse aplicada uma advertência ao senador.  Na época, além de tomar o gravador do repórter, Requião também insinuou se o jornalista gostaria de apanhar, o fato aconteceu dentro do plenário do Senado. A justificativa foi de que o Senador não havia gostado das perguntas feitas pelo repórter, que se referia sobre a aposentadoria vitalícia que ele recebe por ter exercido mandato de governador do Paraná.

Não é segredo para ninguém das inúmeras peripécias e escândalos que o ex-governador já se envolveu, principalmente em relação à imprensa. De fato essa figura política tem se mostrado um tanto irreverente, por não gostar da mídia – fato que já deixou claro diversas vezes – mesmo assim, não consegue ficar de fora de uma polêmica envolvendo jornalistas e veículos de comunicação. O que surpreende é que, apesar dessa quantidade de casos, esse representante do povo sai ileso sem ao menos uma advertência que conteste esse comportamento. Então, significa que qualquer um pode agir dessa maneira, desrespeitando o trabalho alheio?

Ora, a questão não é somente um discurso afamado de liberdade de expressão, que não é nem esse o caso que proponho, mas sim de respeito profissional. Quer dizer, ninguém pode sair difamando o trabalho de um representante político, mas o contrário é possível? Parece até mesmo uma piada de mau gosto, hoje em dia nós devemos cuidar para não ofender a moral política, mas e a nossa moral de cidadão como fica? Então se chegar a questionar um desses representantes sobre alguma questão ética que lhe diz respeito, ele pode me desrespeitar simplesmente porque não gostou da pergunta? Parece que estamos vivenciando uma inversão de papéis e a democracia é valida somente para aqueles que possuem o poder. Entendo que a pessoa pública tem que no mínimo saber que seus atos podem e devem ser questionados, afinal, ele foi eleito com o voto do povo.

Luanda Fernandes

20
jul

E a Copa América já era

Bom, confesso que já não botava muita fé na seleção brasileira nesta Copa América. Já não gosto de Neymar. Ele até pode ser um bom jogador, às vezes. Mas mostrou pouca maturidade durante estes jogos na Argentina. Para mim, na maioria das vezes é um moleque que não sabe administrar o próprio talento.

Isso sem contar a falta de destreza para a cobrança de pênalti dos outros jogadores contra o Paraguai.

Fico pensando. Temos a fama de sermos o melhor futebol do mundo, com jogadores excepcionais e dribles incríveis. Infelizmente, acredito que é só fama mesmo. Basta olhar para o desempenho do time na última Copa do Mundo e agora. Talvez seja como o Casagrande mesmo comentou, os jogadores já entram em campo com um ar de superioridade, que desaparece durante as jogadas.

Fico triste, desanimada e desacreditada. Com tantos problemas previstos para a Copa de 2014 (falta de planejamento, atraso de obras e desvio da verba) pensei que ao menos em alguma coisa seríamos bons. Mas o futebol canarinho parece ter perdido o brilho.

Thalita Guimarães

4
jul

Tolerância zero

Sempre comento que nasci na época certa. Atualmente posso tudo. Posso falar o que quiser, sou livre para pensar e criar, vestir o que bem entender etc. Mas daí algumas cenas me fazem questionar se é isso mesmo. Uma delas foi exibida na semana passada no programa da Rede Globo: Profissão Repórter.
A repórter Gabriela Lian foi empurrada e chutada pelo padeiro Nilton Cesar Rodrigues Silva durante a Parada Gay no domingo, 26 de junho. A agressão aconteceu por volta de 19h30 na Praça da República, centro de São Paulo, quando a repórter registrava cenas do final da manifestação. A atitude violenta do padeiro revoltou alguns manifestantes e houve um princípio de tumulto, que foi rapidamente controlado pela guarda civil. Gabriela, o agressor e duas testemunhas foram levados ao 3.º DP de São Paulo. Ao ser questionado pela repórter sobre o motivo da agressão, que Cesar disse que foi feita pela esposa dele e não por ele, o padeiro disse: “achei que você estava com outra mulher”.
E daí se ela estivesse? Porque ele ou qualquer pessoa se acha no direito de se meter na vida alheia? Não sou gay nem nada disso. Mas acho que cada um tem o direito de ser o que quer, fazer o que quer e se expressar da maneira que bem entender, desde que não prejudique ninguém, não vejo o menor problema.
Reformulando: nasci na época da tolerância zero. Tudo é permitido, até alguém implicar com isso.

Thalita Guimarães

17
mai

Uma imagem vale mais que mil palavras

Em uma semana em que o Jornal Nacional mostra uma série de reportagens especiais sobre a educação no Brasil um desenho apresentando pela minha nova companheira de trabalho Ana Jamur me fez refletir…. e muito! Claro que é preciso que existam mais políticas públicas eficientes para este setor, mas uma coisa é fato: a educação começa em casa e muito pais parecem ter esquecido a lição!

Thalita Guimarães

9
mai

Tragédia da Gol – depoimento emocionante de viúva de vítima

A sentença contra Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, os dois pilotos norte-americanos que causaram a tragédia da Gol em setembro de 2006, deve ser revelada entre esta semana e a semana que vem. O acidente causou 154 mortes e as famílias pedem sentença máxima e
cassação da licença de voar dos dois pilotos. Assista no link abaixo ao emocionante depoimento de Rosane Gutjahr, viúva de Rolf Gutjahr
e diretora da Associação de Familiares e Vítimas do Voo 1907.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=BbqrJYS1Fvo]
Se você quiser saber mais sobre a tragédia da Gol e apoiar a causa da Associação de Familiares e Vítimas do Voo 1907, acesse o site http://www.associacaovoo1907.com, o Facebook http://milhoes.de.vitimas ou o Twitter @190_milhoes.

2
mai

Desrespeito à imprensa

Aqui no Paraná a fama de louco do Requião já é normal. Por isso ainda fico abismada quando o “político” – que para mim de político não tem nada – ganha eleição para alguma coisa, como ocorreu agora quando disputou um cargo para o Senado. Ideologias políticas à parte, esta semana mais um ataque contra a imprensa foi cometido por este que foi eleito para nos representar.

O parlamentar, não gostando de uma pergunta feita pelo jornalista Victor Boyadjian sobre a aposentadoria que recebe desde que deixou o governo do Paraná, tirou o gravador das mãos do jornalista e ainda o ameaçou. “Já pensou em apanhar, rapaz?”, disse Requião, em frente a um grupo de repórteres, antes de ir embora com o aparelho. Victor Boyadjian seguiu o parlamentar pelos corredores do Senado, insistindo para que Roberto Requião lhe devolvesse o equipamento, sem sucesso. O político só devolveu o aparelho depois de apagar o conteúdo.

Mais tarde, Requião teve a coragem de afirmar que teria tomado o gravador numa atitude de censura ao repórter. Ele informou que é preciso acabar com o abuso, com o bullying público que todos sofrem pelo simples fato de ganhar uma eleição e assumir um mandato.

Tudo bem que bullying está na moda. Só se fala disso nos últimos tempos, mas ter a cara de pau de inventar uma justificativa para censurar uma resposta que todos têm o direito de ouvir foi demais para mim. Aliás, não só como jornalista, mas como cidadã livre de um país democrático, abomino qualquer tipo de censura. Não é a primeira vez que este parlamentar ataca um jornalista. Além disso, no fim do ano passamos nos deparamos com uma proposta do governo, batizada de Lei Geral da Comunicação Social que, para sermos francos, representaria uma censura a rádios e TVs muito duvidosa.

Temos que lembrar que a liberdade de imprensa é uma conquista da democracia brasileira e não podemos deixar ações como esta acontecerem. Que a população possa refletir melhor sobre o assunto e pensar nisso quando for escolher seus representantes nas próximas eleições.

Thalita Guimarães         

25
abr

Notícias de Nova Iorque – Parte 5

Na quinta-feira o ítalo-americano Joseph Lepore não negou ter sangue latino nas veias. Pescoço vermelho, pés batendo o tempo todo, nervosismo aparente, foi um bombardeio de contradições em seu depoimento.  Uma boa parte do que a máquina-monstro Paladino falou foi desdito por Lepore. Na pequena sala, mudaram a disposição da mesa para eu não poder encarar o réu tão de frente. Por conta da matéria do The New York Times, vários jornalistas norte-americanos apareceram no segundo dia. A Assessora de Imprensa dos pilotos também apareceu.

Com L epore e o fracasso de seu depoimento o dia foi menos angustiante. Pareceu que as verdades foram um pouco reveladas.
No entra-e-sai dos intervalos da audiência, acabei virando amiga do filho da Dona Maria das Graças, segurança da entrada da Corte Federal. Ganhei até um número fixo para guardar meu celular. Era 57. E nas últimas vezes já não pediram mais para eu abrir a bolsa para conferir se o metal provinha do meu porta-cartões. No hotel sabiam o meu nome. E várias pessoas que passaram em frente à Corte e perguntaram o que estávamos manifestando por meio das faixas disseram “que a justiça seja feita para vocês; os pilotos merecem ser presos”. Enfim, em nenhum lugar todo mundo é ruim ou bom.

Aprendi muito com essa viagem. Eu, mais do que nunca, hoje me considero uma amiga de vítima. Agora esperamos a sentença. Deve ser definida no início de maio. Se puder, torça por nós. 

 Karin Villatore

14
abr

Notícias de Nova Iorque – Parte 2

Cheguei em Nova Iorque na segunda-feira de manhã. Neurose de sempre na chegada. Tive que deixar meu isqueiro na alfândega (proibido levar produto inflamável, disse a moça da segurança) e assistir a um grupo de paquistaneses ser deportado. A porta do aeroporto se abriu para um vento cortante e a descoberta de que a distância entre a cidade de Nova Iorque e Long Island era bem maior do que eu imaginava.

Quase duas horas depois, cheguei ao hotel. Fiz um rápido check-in e voltei a Nova Iorque para visitar redações. Antes, comprei um celular local.
No pomposo prédio do The New York Times tive a sorte de ser recepcionada por um porteiro casado com uma gaúcha. Tudo bom com você?, ele me perguntou. Conspiração do bem, conheço pessoas surpreendentemente amáveis, inclusive a única jornalista brasileira que trabalha naquele jornal, uma baiana/carioca com quem conversei por algum tempo.

Os jornalistas do The New York Times trabalham em baias e a redação, enorme, tem aquários para reuniões. De lá fui à TV Globo, que tem uma redação maior do que eu imaginava e uma diretora extremamente simpática. No final do dia, os US$ 100,00 de crédito que tinha colocado em meu celular pré-pago terminaram. Precisava economizar nas conversas com a equipe no Brasil. Dormi mal e estava ansiosa.

Na terça-feira comprei bastante crédito para o celular, passei o dia fazendo contatos por telefone e email. Confirmei mais algumas presenças de correspondentes brasileiros na cobertura do interrogatório. A Internet do hotel era péssima, o que aumentava a angústia. Dormi mal de novo. Na quarta-feira aconteceria o primeiro interrogatório.

Karin Villatore