Que a informação é uma arma, todos sabemos. Que o conhecimento é muito importante, mais ainda. O que não se sabe é o que vamos encontrar em informações e histórias quando se trata de grandes tragédias.
Há quatro meses atendemos a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907. É com garra e determinação que abraçamos essa causa, pois estamos lutando por justiça e para que os dois pilotos norte-americanos, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, sejam punidos e suas licenças para pilotar sejam cassadas.
Nesta semana fiquei encarregada de levantar a história das vítimas do Voo 1907 (que totalizam 154), confesso que chorei por diversas vezes. Jornalista sempre tem aquela conversa que não devemos nos envolver com o tema, que temos que ser imparciais e tudo mais, mas isso é impossível quando se trata de uma coisa tão próxima e real.
É impossível reagir friamente com alguém dizendo que hoje consegue sentir saudade sem dor, mas que levou muito tempo pra isso. É difícil ser imparcial com histórias de quem perdeu o pai uma semana antes do acidente e o marido morreu na tragédia. Mais complicado ainda é não se emocionar ouvindo os planos que todas essas famílias tinham para o futuro. Sabe aqueles planos que você faz com a sua família? Pois é, os sonhos dessas pessoas foram interrompidos por um acidente sobre o qual eles não tiveram nenhuma responsabilidade. Sonhos de ter um pai presente, sonhos de casar, de dar a volta ao mundo de bicicleta, de aproveitar a vida… Volto a dizer, é impossível não abraçar a causa diante de informações como essas, que chocam e abalam.
Fabíola Cottet