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26
set

Bem-vinda, primavera

Estamos oficialmente na primavera. Estação das flores, dos vestidinhos, das sandálias. Certo? Errado. Aqui em Curitiba, na primeira semana da primavera estamos convivendo com frio e muitos casacos. Além das meias e botas que não puderam ser esquecidos dentro do armário.

Nesta quarta-feira em Curitiba os termômetros chegaram a 2,9ºC, de acordo com o Instituto Tecnológico Simepar. Praticamente estamos com a mesma sensação térmica do inverno, não é mesmo? Os meteorologistas dizem que o tempo deve seguir assim até o final de semana, com aumento gradativo de temperatura. Entre o sábado e o domingo o tempo fica mais úmido e, em alguns pontos isolados, pode haver chuviscos, segundo previsão.

De qualquer forma, sigo torcendo para aposentar os sapatos fechados e deixar meus dedinhos de fora. Enfim, seja bem-vinda, primavera.

 Thalita Guimarães

14
set

“Necejos” de consumo

Acho o artigo abaixo bacana demais e, por isso, resolvi compartilhar a reflexão. Beijos, Karin Villatore

*Mário Ernesto Rene Schweriner   Por que as pessoas sofrem? Fundamentalmente, quando suas necessidades não são satisfeitas: sono, ar, água, alimento, moradia, transporte, segurança, familiação, hospitais, todas elas condições psicobiológicas conectadas à (digna) sobrevivência do ser humano. São produtos e serviços essenciais.

Mas o surpreendente é que tantos há que também sofrem em significativa intensidade simplesmente porque não conseguem saciar desejos: pelo último modelo de bolsa, de sapato, de automóvel, a última moda de vestuário, o restaurante do momento, as marcas de grife, o luxo em evidência. Tais indivíduos ficam como que presos aos desejos, dos quais não conseguem se desvencilhar, e padecem ao não poder realizá-los. É, de forma simplória, o que denominei “necejos”, que serão esmiuçados adiante. Esses consumidores são motivados por produtos e serviços supérfluos.

Todavia, supérfluo não significa, em absoluto, um bem ou serviço negativo; inferior. Significa simplesmente secundário no rol das prioridades humanas. Atente-se para o que Veblen tem a contribuir a esse respeito:   O emprego do termo ‘supérfluo’ é a certo respeito infeliz. Tal como é empregado na vida cotidiana, traz um timbre de condenação. É usado aqui à falta de um termo melhor, que descreva adequadamente a mesma série de motivos e fenômenos, e não deve ser tomado num sentido odioso, como se implicasse um dispêndio ilegítimo de produtos ou de vidas humanas.

De conformidade com a teoria econômica, o dispêndio em questão não é mais nem menos legítimo do que qualquer outro (VEBLEN, 1965, p. 99).   Pode-se chegar a afirmar que o “supérfluo é necessário”. Explicando melhor: uma vida restrita ao necessário tenderia à vida de um mero animal selvagem, não a de um ser humano racional que arquitetou para si inúmeras fontes de prazer, fruto do neocórtex. O que pode ser dramatizado por um trecho de Shakespeare, em Rei Lear (apud BAUDRILLARD, 1995, p. 39):   Oh, não discutam a ‘necessidade’! O mais pobre dos mendigos possui ainda algo de supérfluo na mais miserável coisa. Reduzam a natureza às necessidades da natureza e o homem ficará reduzido ao animal: a sua vida deixará de ter valor.

Compreendes por acaso que necessitamos de um pequeno excesso para existir?   1. Necessidades, desejos, o essencial e o supérfluo   Observe-se como necessidades e desejos são definidos por um dos maiores especialistas mundiais do marketing, Philip Kotler, em seu livro de referência “Administração de marketing”:   Necessidade humana é um estado de privação de alguma satisfação básica. As pessoas exigem alimento, roupa, abrigo, segurança, sentimento de posse e auto-estima. Essas necessidades não são criadas pela sociedade ou empresas. Existem na delicada textura biológica e são inerentes à condição humana (KOTLER, 1998, p. 27).   E assim conceitua desejos:   Desejos são carências por satisfações específicas para atender às necessidades. Um norte-americano precisa de alimento e deseja um hambúrguer, batatas fritas e uma Coca-Cola […] Uma pessoa faminta na Ilha Maurício pode desejar mangas, arroz, lentilhas e feijão (KOTLER, 1998, p. 27).   E logo a seguir acrescenta um comentário defensivo eximindo os profissionais de marketing de criar necessidades ou que (em suas próprias palavras) o “marketing induz as pessoas a comprar coisas que não desejam” (p. 28). E como proceder para diferenciar desejos dessas necessidades?

O fato é que as necessidades são relativamente limitadas, universais e objetivamente demarcadas, os desejos são ilimitados, pessoais e subjetivos, sendo sempre uma especificidade das necessidades; uma opção particular do indivíduo. Isso gera a insaciabilidade dos consumidores, pois uma vez que um desejo tiver sido satisfeito, outro já se encontra à espreita. E são precisamente tais desejos ilimitados à matéria-prima da qual se alimenta a sociedade de consumo para atiçar os consumidores em direção a novos produtos e serviços permanentemente lançados no mercado para aplacar exatamente esses desejos sem fim.

Todavia, ao gerar essa cornucópia de produtos à disposição dos consumidores, a sociedade de consumo contribui para dificultar a demarcação das fronteiras entre necessidades e desejos, tornando-as menos nítidas, “embaçando” o conceito da “digna sobrevivência biopsíquica”. Habitação é necessidade. Mas quantos metros quadrados configuram uma residência “digna” por habitante? A partir de que metragem a moradia configura um desejo? Uma habitação de 6,5 metros quadrados seria aceitável? (Não, não é erro de revisão: são seis metros e meio quadrados mesmo…) Um grupo de ativistas lançou a Small House Society (Sociedade da Casa Pequena) para promover os benefícios ecológicos e econômicos das minimoradias.

Os modelos têm preços médios de US$ 40 mil e tamanhos que variam de 6 a 15 metros quadrados. (…) Johnson vive em uma moradia de 6,5 metros quadrados no Estado de Iowa, nos Estados Unidos. A televisão dá lugar a um notebook, alimentado pela bateria. A coleção de discos e CDs foi parar dentro de um tocador de MP3 portátil. (ÉPOCA, Ed.555, 5 jan. 2009, p.44,5)   Alimento obviamente é necessidade: proteínas, vitaminas, carboidratos. Na forma de arroz, feijão, pão, macarrão. Temperados por desejo ou necessidade? Vestir-se é uma necessidade. Mas de quantas calças ou pares de sapato precisa um indivíduo “para trajar-se de uma maneira ‘digna’!”? Provavelmente, dependerá da classe social e de sua profissão, só para citar alguns fatores.

O tempo costuma ser outro fator que nubla as fronteiras entre as necessidades e os desejos na sociedade de consumo, porque vários desejos de hoje irão configurar as necessidades de amanhã. O telefone celular era nada mais que um luxo para os brasileiros no início dos anos 1990. Hoje chega a ser uma necessidade para a maioria dos indivíduos, mesmo porque, em virtude do seu baixo preço, ingressou nos domínios de consumo das classes C e mesmo D. Outrossim, o que é necessidade para uma determinada classe social equivale apenas a um desejo para outras inferiores. Indivíduos das classes A e B costumam encarar como necessidade direção hidráulica e ar-condicionado em seus automóveis, o que não passaria de um “mero” desejo nas classes C e D. Pois então é uma missão árdua a demarcação de fronteiras claras e seguras entre necessidades e desejos.

Erich Fromm, em sua clássica obra “Ter ou ser” (1977), caracteriza duas espécies diversas de ter, uma conectada às necessidades, outra aos desejos. A primeira ele denomina “ter existencial”, “porque a existência humana exige que tenhamos, conservemos, cuidemos e utilizemos certas coisas a fim de sobrevivermos. Isso se refere ao nosso corpo, ao alimento, habitação, vestuário e instrumentos necessários a satisfazer nossas necessidades”(FROMM, 1977, p. 94-95). O ter existencial está em contraste com o “ter caracteriológico”, “que é uma tendência ardorosa a reter e conservar o que não é inato, mas que se revelou como consequência do impacto das condições sociais sobre a espécie humana como biologicamente dada”(p. 95). Uma das mais conhecidas teorias acerca das necessidades humanas é a do psicólogo humanista Abraham Maslow (1954), lembrado por sua hierarquia das necessidades. Para ele, as necessidades humanas vão num crescendo das mais básicas – as necessidades fisiológicas, envolvendo oxigênio, supressão da fome, da sede, do frio, do sono, do calor e da dor – até as mais “elevadas” – as de auto-realização.

Entre esses dois extremos se localizam as de segurançae proteção, em seguida as sociais (de afeição e filiação) e depois as de status, envolvendo reputação, domínio e prestígio.Para Maslow, a necessidade de nível mais baixo deve ser substancialmente satisfeita antes que o sujeito seja motivado pela imediatamente acima. A teoria ERG[i]é uma espécie de adaptação da hierarquia de Maslow que melhor atende à pesquisa empírica. Elaborada por Clayton Alderfer (1969), da Universidade de Yale, reduz os cinco níveis de Maslow a três: as necessidades de existência englobam as fisiológicas e as de segurança; as de relacionamento correspondem às sociais e a algumas de status e, finalmente, as de crescimento ou desenvolvimento pessoal são similares às de auto-realização.

Uma segunda diferença do modelo de Maslow para a teoria ERG é que esta aceita que mais de uma necessidade pode estar ativada ao mesmo tempo, ao passo que Maslow preconizava uma progressão em que a necessidade de nível mais baixo deve ser substancialmente satisfeita antes de focar o degrau acima. Outra teoria de necessidades é a de McClelland (1961), a qual está erigida sobre três pilares: § Necessidades de realização – enfrentar desafios, superar obstáculos, fazer melhor as coisas. § Necessidade de poder – influenciar e controlar os outros; estar no comando. § Necessidade de associação – cooperação e aceitação pelos outros. As necessidades também podem ser classificadas, independendo da teoria, de um modo bem objetivo segundo sua natureza, em viscerogênicas e psicogênicas, sendo as primeiras de premência preponderante. As necessidades viscerogênicas se originam da carência (de água e de alimentos) e da distensão, que se divide em secreção, como sexo e lactação, excreções, como urinar e defecar, e finalmente evitar danos, como dor, calor e frio. Já as necessidades psicogênicas são em maior número, dentre as quais destaco realização, nutrimento, filiação, aquisição, dominação e autonomia. Essa classificação das necessidades pode ser ampliada, observando-se que as pessoas se movimentam continuamente entre dois pólos, sempre mediadas por produtos e serviços.

O primeiro deles consiste em evitar/sanar dor e sofrimento físico e psíquico, que configura o terreno das grandes e agudas necessidades humanas, que o consumo tenta mitigar, há milênios. Necessidades básicas, universais e muito parecidas para toda a humanidade. Isto é, principalmente água, nutrientes, saúde, segurança, transporte, moradia, vestuário, educação, família e amigos, e a proteção contra frio e calor intensos. A procura de estimulação prazerosa (gratificação)também constitui uma necessidade humana, universal e materializada pelo consumo (ou as pessoas ficariam restritas ao tédio): conhecer coisas novas, pertencer, criar, empreender, possuir, poder e sentir. Principalmente este último, a premiação dos órgãos dos sentidos: perfumes, beleza, música, estímulos táteis, alimentos saborosos. É o que se denomina “circuito algedônico”, advindo da combinação dos termos gregos algos (dor) e hedos (prazer), que traz constantemente ao indivíduo informações sobre seu estado presente, e que devem condicionar todo o seu comportamento, de se distanciar da dor e se aproximar do prazer.

Tais condutas foram analisadas pelo psicólogo Frederick Herzberg (1959), que cunhou a teoria da “Manutenção/Motivação”. Para ele, o ser humano vive o seu dia-a-dia entre o equilíbrio e a remoção da insatisfação, por um lado, e o equilíbrio e a busca da satisfação, por outro. Para Herzberg, a insatisfação é removida pelos fatores de manutenção, também chamados de higiene, com base na analogia de que lavar as mãos antes das refeições evita doenças, mas não garante boa saúde. Também podem ser chamados de fatores de “déficit”, pois são sentidos quando de sua ausência. Os fatores que conduzem à gratificação, consoante Herzberg, são chamados motivacionais, ou fatores de desenvolvimento. Uma vez materialmente satisfeitas as necessidades básicas – aquelas viscerogênicas e psicogênicas recém-listadas, ou mesmo as de Maslow – o sujeito acabará por emprestar mais importância à dimensão simbólica, cultural e prazerosa do consumo, fruto do querer, do que à sua dimensão funcional, fruto do precisar (SLATER, 2002). É o que Eduardo Giannetti, em seu livro “Felicidade”, denomina “bens posicionais”[ii], referindo-se aos que transcendem os “bens primários”, que satisfazem às necessidades humanas (GIANETTI, 2002). Pois um dos principais meios de ser reconhecido pelo outro é o de desejar (e evidentemente possuir) o objeto que também é almejado por esse outro, o que René Girard denominou “desejo mimético de apropriação”.

________________________________________ [i]           ERG – Do inglês Existence, Relationship, Grow. [ii]          O termo, porém não o conceito, é de autoria de Fred Hirsh em Social limits to grow.

24
ago

Anamnese

Não seco o cabelo. Prefiro crianças. Mutei aos 17. Levo esmalte à manicure. Sou Humanas. Desenho mal. Não rio em comédias. Choro em Central. Minha cor é vermelha. Escolho o par. Cansei de cerveja. Me cuido no sábado. Durmo no domingo. Gosto de estudar. Perco a paciência. Relaxo na água. Me estresso no estômago. Odeio academia. Tenho preguiça do novo. Uso óculos. Prevejo catástrofes. Não acredito. Tenho memória seletiva. Canto no chuveiro. Danço conforme a música. Converso sobre tudo. Me esqueço. Aprendo ensinando. Tenho asma. Curto cheiro de sauna. Me formei aos 20. Como pipoca no cinema. Me irrito com neutros. Respiro fundo.  Brigo por meu filho. Ascendo em Peixes. Acendo com cérebros. Transito em auto. Desejo voar. Tenho pesadelo com cobras. Me cobro. Moro em prédio. Me calo no cansaço. Sinto falta de biquíni. Construo castelos. Não uso salto. Interrompo discursos. Tenho medo do mato. Me divirto fácil. Sociabilizo em personas. Sou diurna. Resolvo dormindo. Levanto bandeiras. Busco espelhos. Tenho frio no pé. Não aposto na sorte. Fujo de circo. Sou rubro-negra. Lamento carrinheiros. Falo idiomas. Digo o óbvio. Pago à vista. Tenho reservas. Sofri aos 30. Tenho amigos de décadas. Me surpreendo. Sinto muito. Fumo e trago. Ouço MPB. Lanço modas. Não tenho estilo. Tomo Coca Diet. Organizo na agenda. Erro Miojo. Me ajudo ajudando. Não compartilho redes. Lambo a cria. Navego aos 40. Espero netos. Resisto a dores. Me garanto. Escondo fracassos. Alcanço metas. Fico à deriva. Tenho planos.

E você?

Beijos,

Karin Villatore

14
ago

Memórias do Mensalão

Tudo a ver o comentário da articulista Dora Kramer publicado nesta semana sobre o Mensalão: “(…) a população exige o rigor da Justiça, mas não é tão rigorosa assim na hora de votar.” E vamos por parte.

Em primeiro lugar, uma parcela substancial do povo nem sabe o motivo do julgamento. Afirmo isso sem medo porque testei meus alunos (sim, eles são universitários) e alguns chegados não muito chegados à leitura de jornais. As respostas sobre o que realmente foi o Mensalão foram das mais diversas, mas nenhuma certeira. Eu me lembrei do meu pai, que deixa sobre a cama do meu filho uma mesadinha em um envelope com o aviso: “Mensalão”. Espirituoso. De repente é este o lance.

Em segundo lugar, se as pessoas não sabem o motivo do julgamento, muito menos lembram quem eram os caras que faziam parte da falcatrua. Que o Zé Dirceu provavelmente seria a nossa Dilma se a história não tivesse rolado. Que está sendo julgada a altíssima cúpula do partido que ainda está no governo. Que é um momento mais do que representativo na vida política do Brasil. E pá e bola.

Em terceiro lugar, que neste ano de eleições deveríamos pensar bem na frase da Dora Kramer. Bacana demais torcer pela Justiça no caso do Mensalão. Mas que tal refletir antes de votar e, quem sabe, não apostar as fichas em um político cuja pilantragem já é notória?

Achei meio punk, mas nunca vou me esquecer do que vi numa cidade próxima a Berlim, na qual existe um ex-campo de concentração nazista que virou uma espécie de museu. Angustiadíssima, fui visitar o lugar com minha comadre, minha afilhada e a irmãzinha dela, achando um exagero levar as crianças num circo dos horrores como aquele. Quando chegamos, deparamos com um grupo de crianças alemãs de pré-escola, no alto de seus 3 ou 4 anos, aprendendo o que seus antepassados fizeram e o que elas não deveriam repetir. Talvez devêssemos fazer algo não tão pesado, mas parecido, com nossos filhos. “Está vendo a foto deste aqui, querido? Nunca vote nele. Não repita o erro da mamãe.”

Beijos,

Karin Villatore

 

1
ago

Do que você se arrepende?

Hoje vou postar um texto de uma enfermeira que recebi por email e me fez refletir. Bom para pensar e, se preciso, mudar. O texto original é em Inglês e pode ser encontrado no site: http://www.ariseindiaforum.org/nurse-reveals-the-top-5-regrets-people-make-on-their-deathbed/

Enfermeira revela os 5 maiores arrependimentos que as pessoas têm em seu leito de morte.

“Por muitos anos eu trabalhei com cuidados paliativos. Meus pacientes eram aqueles que iam para casa para morrer. Alguns momentos incrivelmente especiais foram compartilhados. Eu estive com eles nas últimas três ou doze semanas de suas vidas. Pessoas crescem muito quando elas se deparam com sua própria mortalidade. Eu aprendi nunca subestimar a capacidade de alguém para o crescimento. Algumas mudanças foram fenomenais. Cada um experimentou uma variedade de emoções, como esperado, negação, medo, raiva, remorso, mais negação e,  eventualmente, aceitação. Cada paciente encontrou sua paz antes de sua partida, cada um deles. Quando questionados sobre algum arrependimento que eles tiveram ou alguma coisa que eles fariam diferente, temas comuns vieram à tona. Aqui estão os cinco mais comuns:

1.    Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida verdadeira para mim, não a vida que os outros esperavam de mim. Este foi o arrependimento mais comum de todos. Quando as pessoas percebem que sua vida está quase no fim e claramente olham para trás, é fácil ver como muitos sonhos não foram realizados. A maioria das pessoas nem mesmo honraram metade de seus sonhos e tiveram que morrer sabendo que isto foi devido às escolhas que eles fizeram ou não. É muito importante tentar e honrar pelo menos alguns de seus sonhos ao longo do caminho. A partir do momento que você perde sua saúde, é muito tarde. A saúde traz uma liberdade que poucos se dão conta, até que eles não a tenham mais.

2.    Eu gostaria que eu não tivesse trabalhado tão duro. Este veio de cada paciente homem que eu cuidei. Eles perderam a juventude de seus filhos e o companheirismo de seus parceiros. Mulheres também falaram desse arrependimento. Mas como a maioria era de uma geração mais antiga, muitas das pacientes mulheres não tinham sido chefes de família. Todos os homens que eu cuidei se arrependeram profundamente de gastar muito de suas vidas com trabalho. Simplificando seu estilo de vida e fazendo escolhas conscientes ao longo do caminho, é possível não precisar da renda que você acha que precisa. E criando mais espaço em sua vida, você se torna mais feliz e mais aberto a novas oportunidades, aquelas mais adequadas para seu novo estilo de vida.

3.    Eu queria ter tido a coragem de expressar meus sentimentos. Muitas pessoas reprimem seus sentimentos com a finalidade de manter a paz com os outros. Como resultado, eles se acomodam com uma existência medíocre e nunca se tornam quem eles seriam verdadeiramente capazes de se tornar. Muitos desenvolvem doenças relacionadas com a amargura e o ressentimento que eles carregam como resultado. Nós não podemos controlar as reações dos outros. Entretanto, embora muitas pessoas possam inicialmente reagir quando você mudar o seu jeito falando honestamente, no final isto levará o relacionamento a um nível totalmente novo e mais saudável. Ou então isto libera você de um relacionamento não saudável para sua vida. De qualquer maneira, você ganha.

4.    Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos. Geralmente eles não se dão conta verdadeiramente de todos os benefícios dos velhos amigos até suas últimas semanas e, aí, nem sempre é possível encontrá-los novamente. Muitos tinham se tornados tão tomados por suas próprias vidas que eles deixaram escapar amizades valiosas ao longo dos anos. Foram muitos arrependimentos profundos sobre não dar às amizades o tempo e o esforço que elas mereciam. Todos sentiram falta de seus amigos quando estavam morrendo. É comum para qualquer um em um estilo de vida ocupado deixar seus amigos escaparem. Mas quando você se depara com a aproximação da morte, os detalhes físicos da vida caem. As pessoas querem manter uma vida financeira em ordem, se possível. Mas não é o dinheiro ou status que detêm a verdadeira importância para delas.  Elas querem manter as coisas em ordem mais em benefício daqueles que eles amam. Embora geralmente eles estejam tão doentes e cansados de cuidar desta tarefa. No final tudo se resume ao amor e aos relacionamentos. É tudo que permanece nas últimas semanas, amor e relacionamentos.

5.    Eu gostaria de ter sido mais feliz. Este é surpreendentemente comum. Muitos não perceberam até o final que a felicidade é uma escolha. Eles ficaram parados em padrões e hábitos antigos. O chamado “conforto” de familiaridade transbordou em suas emoções, bem como em suas vidas físicas. O medo da mudança fez com que eles fingissem para os outros, e para eles mesmos, que eles estavam contentes. Quando lá no fundo, eles ansiavam por rir adequadamente e ter bobagens em suas vidas de novo. Quando você está em seu leito de morte, o que os outros pensam de você é muito distante da sua mente. Quão maravilhoso é ser capaz de deixar ir e sorrir novamente, muito antes de você estar morrendo.

A vida é uma escolha. É a sua vida. Escolha conscientemente, escolha sabiamente, escolha honestamente. Escolha a felicidade”.

Thalita Guimarães

 

30
jul

Novo dicionário para pais de adolescentes

Entender a Língua Portuguesa e as influências sofridas por ela nestes mais de 500 anos de Brasil provoca a aproximação do cidadão usuário de seu idioma, mostrando que ele é o verdadeiro “proprietário” e agente modificador. Coisa linda demais esta frase que roubei (com adaptações) do site do Museu da Língua Portuguesa, concordam? Tudo para discursar sobre as descobertas linguísticas que tenho tido com meu filho, de 17 anos, e os amigos dele. Montei aqui um breve novo dicionário da Língua Portuguesa para pais de adolescentes:

Baia = Casa. O certo é você dizer que está “em baia” e não “na baia”.

B.O. = Derivado da sigla para Boletim de Ocorrência policial. Significa qualquer problema, contratempo, chatice, festa que não foi bacana, garota que não quis ficar. Normalmente se diz que “deu B.O.”.

Cabeção = Eu. Realmente não sei se este termo se aplica a todas as mães, mas eu sou chamada de Cabeção pelo meu filho e por todos os amigos dele.

De boa = Um dos termos mais usados. Seria mais ou menos o contrário do B.O., além de substituir o “sim, de acordo, tudo bem, vamos lá”.

De gala = Pode-ser dizer que seria uma escala acima do “de boa”.

Elegante = Cara bonitão, bem apessoado, aquele que coquista a mulherada.

Junior = Qualquer amigo, de qualquer nome, de qualquer lugar. Apareceu na turma, virou Junior.

Zica do pântano = Refere-se a uma má sorte tremenda, algo que dá totalmente errado, uma espécie de Lei de Murphy.

Zica máster = Uma escala acima da “zica do pântano”.

Pra terminar este texto de gala de um jeito elegante e sem dar B.O., faço aqui mais um recorta-e-cola do site do Museu da Língua Portuguesa (aliás, quem ainda não visitou, vá que vale a pena!): “Linguistas de todas as épocas reconhecem que, quando falamos ou escrevemos, dizemos mais do que imaginamos. Na verdade, revelamos de onde somos, em que época vivemos, qual o nosso universo social, como queremos nos relacionar com nossos interlocutores. Isso se dá porque a língua não é neutra; ela encerra valores, crenças, ideologias. É por esse motivo que uma simples escolha lexical pode ter mais peso do que supúnhamos.”

Beijos,

Karin Villatore

 

26
jul

Um novo olhar

Já não lembro há quanto tempo uso óculos. Desde que me começo por gente o acessório faz parte da minha vida, e acho que essa companhia já deve durar pelo menos uns vinte anos. Tornou-se tão comum usá-lo que quando estou sem ele, às vezes, me pego ajeitando um óculos imaginário no rosto. Pois bem, parece que essa pareceria de anos vai acabar, pelo menos parcialmente. Para quem não entendeu, eu explico: vou fazer a cirurgia para correção da miopia.

Quando eu era criança e adolescente odiava ter que usar óculos, aquilo era um incômodo. Podem imaginar as piadinhas sem graça sofridas no colégio, o que ajudava a alimentar o meu aborrecimento. Também pudera, digamos que todas as armações que tive eram um tanto feias (para não dizer ridículas) e isso era motivo para brincadeiras infames.

Mas hoje já não vejo tanto problema em usar o acessório, afinal, sem ele sou praticamente uma pessoa cega e não estou fazendo piada, já que os meus quase 10 graus não me deixam mentir. O problema é que isso realmente me deixa muito dependente. Imagina se algum dia eu estou na rua e acontece alguma coisa com o óculos (socorro), vai ser necessário a ajuda de alguém para chegar a algum lugar em segurança novamente. Não estou brincando, isso é verdade, apesar de ser engraçado de qualquer maneira.

A cirurgia vai ser a realização de um sonho, que esperei por muito tempo e só não fiz antes porque a situação não permitia, pois meu grau nunca tinha estabilizado por completo e os médicos não me liberavam. Mesmo agora a miopia continua aumentando, só que em menor escala, o que me deixou apta para o procedimento.

De qualquer maneira, vou continuar a usar óculos, pois como o grau é muito alto, nem a cirurgia conseguirá reverter por completo, mas já será bem diferente de antes. Vamos ver como será essa nova adaptação. Espero que para melhor.

Luanda Fernandes

23
jul

Você alimenta os Paparazzi

A expressão Paparazzi deriva de uma personagem do filme de Fellini chamado “La Dolce Vitta”, que se chamava Paparazzo. Este personagem foi inspirado num personagem real, o italiano Tazio Secchiaroli, um fotógrafo de rua que apanhou desprevenidas algumas celebridades, vendendo depois as fotos captadas.

Infelizmente, a cada dia, esta prática vem aumentando e, consequentemente, as polêmicas também. Há quem diga, inclusive, que foram estes profissionais que mataram a princesa Diana. Mas o que há de tão glamoroso em ver fotos de alguma celebridade de férias, abocanhando um sanduíche ou sendo internada por algum vício? Existem pessoas que alimentam este tipo de notícia, se é que isso possa ser considerada uma.

O ator Pedro Cardoso mostrou sua indignação sobre o assunto no programa Na Moral, da Rede Globo. Assim como ele, concordo plenamente com os argumentos. Segue o vídeo para quem interessar:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=zzdtnxoCmnY]

20
jul

Quebrando o gelo

O título deste post também poderia ser “Como falar e não dizer nada” ou “Aprenda a ser simpático até no elevador” ou “5 passos para conquistar as pessoas”. Fui desenvolvendo essas técnicas com um certo dom natural, confesso. Acho que é da profissão ou do medo de ser julgada como uma típica curitibana. Mas vamos aos ricos mandamentos.

1 – A primeira etapa é um jeito especial de repetir o que o sujeito falou sem que ele perceba. E geralmente o retorno é bem satisfatório da outra parte, como se você tivesse dado uma ideia genial. É bem fácil: só repita o que o outro disse, com outras palavras e com outro tom. O que esta metodologia exige: um pouquinho de vocabulário (pra mudar as palavras) e um pouquinho de dramaturgia cênico-vocal (pra ele não perceber que você repetiu tudo o que ele acabou de falar).

2- O segundo passo já é mais complicado porque é você quem tem que puxar o papo com alguém conhecido. Aqui vale o que os políticos mais usam, que é a memória. Político bom mesmo sabe o nome do enteado do porteiro do prédio que ele visitou há dez anos. E já puxa a conversa perguntando como vai o Jubinha, seu enteado? Como isso é difícil para nós, humanos normais, tente criar algo de referência como um hobby, a profissão, um ídolo ou qualquer outra característica marcante do tal indivíduo. Quanto mais bizarra a característica, mais fácil de lembrar. O que esta metodologia exige: memória.

3- A terceira etapa é um pouco menos complexa porque você nunca viu o dito-cujo na vida e pode falar sobre qualquer coisa. Aí dá pra deitar e rolar. Em Curitiba e hoje em 99,9999% das cidades, a variação climática dá uma margem absurda de conversas sensacionais. Use termos de impacto gracioso como “efeito cebola” (ter que ir tirando e, depois, repondo as peças de roupa à medida que o dia rola porque vai esquentando e, depois, esfriando de volta), “frio da Sibéria e calor da Etiópia”, dentre outros. E lembre sempre de deixar o outro falar, pra depois poder repetir, com outras palavras e trejeitos, o que ele disser.

4- A quarta etapa é ir ao Rio de Janeiro ou ao Nordeste e ver que você ainda é um amador nas técnicas. Lá, os caras conseguem fazer amigos de infância na fila da padaria.

5- A última etapa é ir a uma festa VIP, cheia de loiras de topete e playboys, e ver que nenhuma das dicas funciona.

Beijos,

Karin Villatore

5
jul

Equipe dos sonhos

Na sexta-feira passada (29/06) fiz uma passagem rápida aqui pela Talk no meio de minha licença médica. Vim sem avisar porque não esperava acordar e me sentir bem o suficiente para trabalhar. Cheguei bem cedo, no raiar do sol de Curitiba. Fazia dez dias que eu não aparecia aqui na agência. E o que eu encontrei me emocionou. Sobre minha mesa, uma pilha organizada das contas a pagar, novos contratos a serem assinados (sim, uma série de clientes entrou no período em que estava fora e deu absolutamente tudo certo) e outros documentos que eu tinha que validar.

Nem sei bem dizer quantos emails recebo por dia, mas na minha caixa postal acumulada dessa licença havia menos mensagens do que costumo ler em apenas um dia. Só havia lá, organizadíssimo, o que eu deveria acompanhar ou emails pessoais que eu tinha que responder. Além disso, os planejamentos e os relatórios de todos os clientes estavam impecáveis.

Costumamos começar o expediente às 9h, mas eram pouco mais de 8h e a nossa estagiária, que normalmente só trabalha à tarde, chegou. Ela reforçou o que nossa coordenadora de redação já tinha me avisado pelo telefone: que ela estava trabalhando também no período da manhã porque havia muito atendimento à imprensa acontecendo, que estava em férias da faculdade e que estava dando um suporte à equipe. Aliás, nestes dez dias praticamente só recebi ligações da equipe para perguntar se eu estava me recuperando bem da saúde.

Passei a manhã da última sexta-feira aqui na Talk ouvindo todas as novidades das meninas, vendo o quanto elas trabalharam no período em que eu estava fora, o quanto são comprometidas com a agência, o quanto vestiram a camisa. Minha cirurgia foi para tirar o útero e deu tudo mais do que certo. Já tenho 40 anos, um filho lindo e quase adulto. Agora, é hora de torcer pela chegada dos netos.  Mas na sexta-feira do dia 29 de junho eu me senti como uma mãe que se dá conta, corujíssima, das suas filhas como as excelentes profissionais que são. Bravo, meninas! Melhor regresso ao trabalho do que este que vocês me deram, impossível.

Beijos,

Karin Villatore