Pros que nunca apareceram por aqui nem pra um café, vale começar este post com a explicação de que a Talk fica no terceiro andar de um prédio comercial praticamente colado a um outro residencial. A pedidos gerais da nação, fumo na janela da nossa sala de reunião e me sinto como uma moradora de Copacabana, acompanhando com um certo voyeurismo o que rola na moradia dos vizinhos.
São crianças fofas mostrando brinquedos, domésticas se descobrando na limpeza, gente acordando tarde, idosos assistindo à TV. O mais célebre é o sujeito de meia-idade que, fumante como eu, insiste em dar suas bitucadas quando estou na janela. Sem camisa.
Mora com os pais velhinhos. Pelos horários das baforadas, não trabalha. Toma chimarrão. É gordolino e careca. Ganhou aqui da equipe um apelido que melhor não replicar no blog – vai que ele lê?
E, dias desses, peguei o elevador aqui da agência com o dito-cujo. Um silêncio sepulcral naqueles mínimos metros quadrados. Falar o quê? Será que daria para o senhor cobrir o corpitcho enquanto fuma? Isso lá é idade de morar com os pais? E trabalhar, nada? Desci no terceiro e ele continuou seu destino. Um sorrisinho amarelo do descamisado pareceu rolar no nosso reencontro seguinte pela janela.
Beijos,
Karin Villatore