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15
set

A Comunicação no Mercosul

No dia 26 de março de 1991, os governos da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai assinaram o Tratado de Assunção, que criou o Mercado Comum do Cone Sul, ou Mercosul. Muito avançou em relação à criação deste bloco econômico deste então. Mas a questão da cultura e da comunicação no Mercosul continua provocando polêmica entre os teóricos que a estudam. Uma vertente acredita na homogenia sul-americana, enquanto outro grupo prega que as populações do Mercosul são heterogêneas.

Devemos assumir que sim, somos diferentes. Seguindo os estudiosos da corrente histórica e política preponderante, os povos latino-americanos têm fortes distinções entre si. Num âmbito geral, segundo pesquisas, o brasileiro tende a ser o negociador menos formal. O contato físico e a tentativa de aproximação são comuns ao negociador brasileiro. Em contrapartida, o executivo argentino tende a ser extremamente organizado e burocrático. O argentino muito comumente traz em seu poder documentos e um advogado para acompanhar a discussão. A presença do advogado, para muitos negociadores brasileiros, é vista como um fator negativo, como se o argentino não tivesse confiança na seriedade do trabalho.

Já os executivos paraguaios tendem a ser ainda menos organizados que os brasileiros. Sem documentos e sem uma ideia estruturada sobre a negociação, as questões são resolvidas por meio do diálogo, onde o que mais vale é a solução momentânea.

Quanto à questão idiomática, nos países do Mercosul, existem, além das línguas oficiais, castelhano e português, as línguas do substrato aborígine (guarani, quichua, aymara, mapuche e vários dialetos araucos e tupis), faladas por milhões de habitantes. Por isso, é imprescindível que o executivo brasileiro que enfrenta uma negociação no Mercosul tenha bom conhecimento da Língua Espanhola.

Nem todas as legislações brasileiras são iguais às de outros países do Mercosul. Empresas já pesquisadas assumiram que perderam licitações devido a erros jurídicos cometidos em suas propostas de serviço. A área legal é hoje a número um em termos de publicação de livros e periódicos que tratam do Mercosul. O executivo brasileiro deve, então, aproveitar a vasta literatura e se enquadrar aos dispositivos jurídicos deste mercado.

A compreensão da situação econômica do país onde está sendo feita a negociação também é ponto imprescindível para os diálogos. A oferta de um trabalho que venha ao encontro das necessidades de um país é ponto fundamental no sucesso da negociação. Esse conhecimento pode ser obtido por meio da leitura de periódicos e livros sobre o país em destaque. Na chegada ao novo país, é sumamente importante que o negociador brasileiro compre, assim que pisar em solo estrangeiro, o principal jornal local.

Karin Villatore

13
set

E lá se foi o 11 de setembro

Neste último sábado relembramos o triste episódio de nove anos atrás: os atentados do 11 de setembro que derrubaram as torres gêmeas em Nova Iorque. Lembro que na época eu estava no cursinho e meu professor entrou na sala dizendo o que estava acontecendo. Foram 300 alunos correndo buscando um espaço para ver as cenas na televisão. Fiquei lá, em choque, pensando nos amigos que tinha lá e o que iria acontecer depois.

 O restante nós já sabemos de cor. Uma guerra contra o Iraque, mil teorias da conspiração e dezenas de reportagens sobre o tema que até nos fizeram enjoar do dia 11 de setembro. Mas mais uma polêmica em torno do tema foi desencadeada na semana passada. Uma igreja evangélica americana anunciou que iria queimar exemplares do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, para lembrar a data.

Graças ao bom senso, o pastor Terry Jones anunciou ter desistido do protesto. Será que é preciso lembrar que um ato não pode ser tratado como o pensamento de toda uma população? Queimar o Alcorão só seria motivo de ainda mais ódio e intolerância em um país marcado por episódios violentos como tiroteios em escolas, atentados e “serial killers”. Confesso que fiquei triste em relembrar um dia tão marcante na vida de todos com a propagação de ainda mais violência. Como diria minha sábia mãe, violência não se combate com violência. Vai ver o pastor ainda não aprendeu esta lição.

Thalita Guimarães

9
set

Comunicação e Mobilização

A mobilização do mundo pelo caso da iraniana Sakineh Ashtiani, acusada de traição e morte do marido, aparentemente deu certo. A sentença de morte por apedrejamento foi revogada.  A comoção global nas redes sociais foi grande, os órgãos de defesa dos Direitos Humanos se pronunciaram amplamente, a mídia emplacou uma campanha mundial.  Sakineh ainda tem muitas acusações a responder, mas por hora sua sentença de morte está suspensa.  Há quem questione o respeito aos princípios de autonomia dos países de fazerem suas próprias leis conforme credo e entendimento, mas o mundo tem assistido a uma série de desrespeitos aos Direitos Humanos vindo pelo Irã já há algum tempo.
A comunicação, junto com a pressão popular que foi gerada no mundo em torno desse caso, fez o serviço da ONU, em um momento em que sua influência está muito em baixa. Até o presidente Lula, que anteriormente declarou que não ia se pronunciar sobre o caso, pressionado pela opinião pública por manter boas relações com o presidente Armadinejad, acabou oferecendo asilo à cidadã iraniana. Utilizada dessa forma a comunicação entre os povos provou que é mesmo um quarto poder. Poder de discussão e de entendimento entre povos. Ainda que algumas nações sustentem objetivos nem tão nobres assim por trás do símbolo que se tornou Sakineh a comunicação provou que pode, sim, ser instrumento de paz.
Cristiane Tada

1
set

Sangue Bom

 Como o nosso blog é novo, não comentamos neste espaço sobre o primeiro lugar que ganhamos no ano passado no Prêmio Sangue Bom, na categoria Projeto de Assessoria de Imprensa, do Sindicato dos Jornalistas do Paraná. Foi nossa primeira participação em um prêmio e nossa primeira vitória.

O projeto ganhou o nome de “Setcepar – Projeto de consolidação de imagem do setor de transporte de cartas do Paraná por meio da Assessoria de Imprensa do sindicato que representa a categoria”.

Nosso desafio foi fazer uma campanha de consolidação de imagem junto à imprensa e à opinião-pública do setor de transporte pesado por meio de ações de Assessoria de Imprensa junto ao Setcepar – Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Paraná, nosso cliente desde 2007.

O setor de transporte pesado sempre foi conhecido pela imprensa do Paraná e de todo o Brasil como um segmento com carência de porta-vozes bem preparados de empresas não-multinacionais.  Foi com base neste problema que trabalhamos nosso case e nossas estratégias. O resultado? Hoje o Setcepar é uma fonte de informações importante para a imprensa quando o assunto é transporte.

Na foto, Thalita, Karin e Marcio Rodrigues, Presidente do Sindicato dos Jornalistas do Paraná
 
Karin Villatore

30
ago

Taxa de conveniência

Desde que fiquei sabendo que o Stomp, grupo percussivo inglês mundialmente reconhecido, estaria em Curitiba dei um jeitinho de acompanhar quando e onde seria o evento.

 Com a data e valor de ingresso na mão resolvi junto com meu companheiro de quarto (ou namorido, o que acharem melhor) comprar os convites. Como não queríamos pagar a taxa de conveniência cobrada pela empresa Disk Ingressos, fomos até o Teatro Positivo comprar nossos tickets. Chegando lá a minha surpresa: também seria cobrada a tal taxa.

 Mas espera aí. Qual é a conveniência de eu sair da minha casa e ir até o Teatro Positivo (convenhamos, fica longe pra %@*&%) para pegar o ingresso na bilheteria? Uma coisa seria se eu pedisse para entregar na minha casa ou comprasse em outro lugar que não no próprio local do evento.

Confesso que me senti roubada. Fico triste com a forma como o consumidor é enganado. O jeito é procurar os órgãos competentes e solicitar alguma ação. Taxa de conveniência? Só se for para eu não precisar nem sair do lugar para pagar sem reclamar.

Thalita Guimarães

24
ago

Não é apenas mais um debate eleitoral

Assisti a mais um debate eleitoral. Dessa vez realizado pela Folha/UOL e transmitido via internet na quarta-feira passada. Acompanhei pelo twitter e fiquei impressionada em ver quantas pessoas estavam ligadas no mesmo canal durante o debate. A transmissão foi impecável, com ótima qualidade de imagem e de som. Mas o melhor mesmo foram as perguntas pré-selecionadas de internautas. Sem o formato engessado da TV, senti como se tivessem perguntado tudo que eu queria saber, coisa que a Fátima Bernardes ou o Willian Bonner nunca iriam questionar. Um internauta perguntou sobre as doações para as campanhas dos candidatos, se grupos como o Itaú, que são os maiores doadores, fazem isso por serem bonzinhos.
É engraçado porque, durante o processo eleitoral, parece existir um acordo silencioso: nós não perguntamos, eles não precisam responder. A forma democrática como a internet e as redes sociais possibilitam interação entre o povo (se me permitem o clichê) e os candidatos, exige transparência e facilita o dever do cidadão. Qualquer um pode colocar Dilma, Serra e Marina na parede, cobrar respostas e esclarecimentos. Até mesmo o candidato que ficou de fora, Plínio Arruda, permaneceu online dando pitacos e disparando críticas aos seus concorrentes.
Neste debate quem ganhou foram os eleitores e a comunicação. Os candidatos ainda precisam aprender a se comunicar nessa onda hi-tech. Enrolar agora vai ficar cada vez mais difícil para eles.

Cristiane Tada

24
ago

Curso sobre gerenciamento de crise acontece em Curitiba

No último final de semana de agosto, a jornalista Karin Villatore, Diretora da Talk Assessoria de Comunicação, bem como Sulamita Mendes, Especialista em Comunicação Corporativa e Marketing, irão falar sobre gerenciamento de crise durante um curso oferecido pela Runway Concept. O curso irá abordar as consequências de uma crise para a imagem corporativa e a necessidade de se investir nesta questão. “Muitas empresas ainda são prejudicadas tanto em imagem quanto em seus resultados e lucros devido à falta de planejamento prévio de uma possível crise em comunicação com seus diversos públicos”, comenta Karin.

Sulamita destaca que com as novas mídias, como as redes sociais, o empresariado e o próprio assessor de comunicação deve estar atento a como se relacionar com a imprensa. “Além da velocidade, com informações on-line que quase não deixam espaço para administrar uma resposta ou um esclarecimento, os profissionais de comunicação também devem estar atentos às novas formas de fazer assessoria porque ele próprio pode ser o causador de uma crise de imagem”.

O curso terá como base tópicos citados no manual “Sobreviva à crise – Manual de gerenciamento de crise”, que foi elaborado pelas comunicadoras em 2009. O treinamento tem duração de quatro horas, das 14h às 18h, e as aulas serão ministradas no dia 28 de agosto, na Universidade Positivo (prédio da pós-graduação). As vagas são limitadas e o valor do curso é de R$ 150,00 para profissionais. Estudantes pagam meia-entrada. Mais informações podem ser solicitadas pelo email cursos@runwayconcept.com.br ou pelo telefone (41) 8897-0975. Este é o oitavo curso que a Runway Concept desenvolve.

19
ago

Terra de Ninguém

Abaixo segue o artigo publicado no jornal Extra Pauta, do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, que comentei no Post anterior.

Espero que gostem.

Karin Villatore

Se você está revoltado com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de extinguir a exigência do diploma no Jornalismo, repense sua tristeza. Ao seu lado pode existir um Assessor de Imprensa, com igual formação acadêmica, e que nunca teve sua função sequer reconhecida como de jornalista.

O balde de água fria que os Assessores de Imprensa receberam no dia 17 de junho, data da decisão do STF, foi ainda maior porque estávamos progredindo nas negociações de regulamentação desta atividade.

No final do ano passado a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) entregou ao Ministério do Trabalho uma série de propostas. Dentre os cinco eixos estruturais estava transformar em funções atividades que já estão previstas, como professor de Jornalismo e Assessor de Imprensa. A Fenaj sustentava que “são atividades específicas do jornalista todas aquelas que em quaisquer meios, mídias, nas mais diversas linguagens, suportes técnicos e espaços da área da comunicação (da TV à Assessoria de Imprensa) manuseiam conteúdos informativos jornalísticos.

O Conselho Federal de Jornalismo também tinha feito suas tentativas. Criou anos atrás um anteprojeto, entregue à Presidência da República, reivindicando todas as mudanças que os jornalistas propuseram nos últimos anos na legislação profissional. Dentre elas estava o pedido de atualização da denominação e da definição das 25 funções jornalísticas, incorporando a Assessoria de Imprensa.

Os movimentos eram contrários à decisão do Tribunal Superior do Trabalho que, em 1998, definiu que Assessoria de Imprensa não está na descrição das atividades de jornalistas previstas no Artigo 302 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e no Decreto 972/69. Aprovada por unanimidade pela Terceira Turma do Tribunal, a emenda estabeleceu que “Assessor de Imprensa não exerce atividades típicas de Jornalismo, pois o desempenho dessa função não compreende a busca de informações para redação de notícias e artigos, organização, orientação e direção de trabalhos jornalísticos(…). Atua como simples divulgador de noticias e mero repassador de informações aos jornalistas, servindo apenas de intermediário entre o seu empregador e a imprensa”.

Assessoria de Imprensa é uma atividade recente, se comparada com o Jornalismo dito tradicional. Mas ela já encampa, segundo sondagens feitas principalmente junto aos sindicatos, mais da metade da nossa categoria. E tudo indica que o setor deve crescer cada vez mais.

Grande em tamanho, mas pequeno em força, este grupo provavelmente continuará sendo constituído por um profissional esquecido pela lei, numa espécie de terra de ninguém. Não precisa de formação acadêmica específica, não tem horário de trabalho definido ou piso salarial. Então, se você trabalha em redação, imagine o que a extinção da obrigatoriedade do diploma significou para quem está do outro lado do balcão do Jornalismo.
Karin Villatore é jornalista, diretora da Talk Assessoria de Comunicação e professora universitária.

16
ago

Matéria no Fantástico

Neste domingo, ao assistir ao Fantástico, deparei com uma questão. A reportagem sobre pirataria mostrava, além dos produtos piratas trazidos pelo Paraguai, a prática de algumas empresas que importam produtos de forma ilegal. Estas empresas apontadas pela matéria classificavam produtos, como um videogame, por exemplo, como outros itens existentes na tabela da Receita Federal para pagar menos impostos. Desta forma, o produto consegue ser vendido mais barato no Brasil.

Não sou a favor de nenhuma prática ilegal, mas tenho certeza de que esta ação não aconteceria se diminuíssem os impostos sobre os produtos. Fico revoltada quando viajo e vejo a diferença de preço, principalmente de produtos eletrônicos encontrados lá fora em comparação com o Brasil. Para um produto entrar aqui é preciso pagar imposto de importação – II, sobre produto industrializado – IPI, PIS, COFINS e ICMS (este sendo estadual). Desta forma, claro que o preço fica muito mais alto e a vantagem de trazer de fora é surpreendente.

Acredito até que ninguém iria se importar de pagar o preço cobrado aqui desde que conseguíssemos visualizar as benfeitorias realizadas pelos nossos representantes. Mas a verdade é que vemos pouco sendo realizado e muito sendo cobrado. Antes de criticar quem tenta trazer algo de fora sem pagar todas as taxas exigidas é preciso avaliar o motivo pelo qual isto vem ocorrendo.

Thalita Guimarães

13
ago

Fazer-se entender e ter um dicionário sempre por perto

Capa da Revista Veja desta semana é sobre falar e escrever bem.  A revista fez uma análise do primeiro debate dos candidatos à Presidência da República exibido pela rede de televisão Bandeirantes. Veja defende que os pleiteantes a cargos públicos deveriam falar, no mínimo, corretamente para conseguirem ser bem entendidos. Aquilo que nós, assessores de imprensa, temos como premissa básica e oferecemos todo dia para os nossos clientes. A matéria mostra as diferenças, o que é aceitável ou não no Português falado e no escrito. Segundo a apuração da revista Dilma levou a pior, não pontua as frases quando fala, perdendo o sentido das mensagens. Serra comete erros, mas tem treinamento em oratória e, por isso, consegue transmitir seu recado. Marina, apesar de erros graves, atinge o telespectador porque fala de forma simples e direta.
Além da análise da fala desarticulada dos candidatos a matéria mostra como utilizar a língua corretamente pode ser benéfico principalmente para a vida profissional. Apresenta alguns dicionários e versões reeditadas como o ótimo Dicionário Analógico da Língua Portuguesa do autor Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Comprei já faz uns meses , aconselhada por Chico Buarque (é dele o prefácio da nova versão) e adorei.
Desde criança tenho uma mania por dicionários. Naquela época era uma atração pelo glamour de saber novas palavras, a sedução de uma fala à la Odorico Paraguaçú, que Veja traz como o mais famoso representante na dramaturgia do discurso empolado e errado. Já hoje, pela consciência de que saber palavras difíceis é preciso, mas com o intuito contrário: de simplificar e, assim, ser bem entendida.

Cristiane Tada