Arquivo mensais:novembro 2012

28
nov

O Natal lá em casa

Minha avó materna tem 9 filhos, 24 netos, 6 bisnetos já na área e 4 por vir. Em julho ela fez 89 e há uns 10 ela perdeu a memória recente. Isso quer dizer que ela lembra com a mais absoluta precisão tudo o que aconteceu antes da virada do século, mas não lembra o que comeu no almoço.

É a única avó que ainda tenho e, por morarmos próximas, costumo ser a carona para a festa de Natal. Comemoramos sempre antes da data para que, no dia propriamente dito, os respectivos núcleos familiares façam o que quiserem.

Como meu filho já beira a maioridade e ela só deve lembrar dele quase bebê, já de cara vem a pergunta quando vou buscá-la para o festerê: Quem é esse mocinho tão lindo? Na sequência, comentários repetidos sobre a quantidade de carros na rua, de prédios na cidade, de agitação. Afinal, é como se fizesse 10 anos que ela não saísse de casa e estivesse vendo uma nova metrópole que surgiu.

Mas o melhor é quando falamos sobre a infância dela e sobre as impagáveis histórias da família, que antes ela hesitava em contar e que agora ela descreve sem rodeios.

Chegamos, encontro parentes que só vejo nesta ocasião, descubro quem casou, quem cresceu, quem está feliz. Minha avó com bisnetos no colo, que ela descobre que tem a cada reencontro. E ouço ela perguntar: Isso aqui é uma festa? E quem me trouxe?

Beijos,

Karin Villatore

 

26
nov

Black Friday

Hoje, depois de muito refletir sobre o movimento em torno da Black Friday, resolvi compartilhar um texto que diz tudo:

“Eu juro que achei que essa insanidade da Black Friday nunca aportaria em terras tupiniquins. Talvez pela impossibilidade da tradução direta do termo gerar algo que faça sentido por aqui. Ou pelo fato de que, ao contrário do que acontece no Grande Irmão do Norte, não comemoramos um Dia de Ação de Graças – feriado conectado com a sexta-feira de grandes descontos – e só mandamos perus para a guilhotina no Natal. No que pese eu preferir lombo e tender.

 

Informática, turismo, academias, seguros, ração para au-au, cosméticos, eletro-eletrônicos, com mais de 75% de desconto, reunindo cerca de 300 varejistas e suas lojas virtuais. Loucura, loucura, loucura. Desconto é bom e deveria ocorrer em boa parte do ano. Limar estoque? Melhor ainda. Mas o fato é que tenho ouvido de pessoas queridas de que PRECISAM comprar algo nesta sexta.

– Mas você está precisando de algo? – Não. Mas você viu os preços?!

É o capitalismo, estúpido! Não é demanda que gera oferta. Mas a publicidade ostensiva sobre a oferta que cria a demanda.

Comprar é importante, gira a economia, gera empregos, realiza desejos, supre necessidades, compensa frustrações. Não estou defendendo que vocês plantem capeba e pariparoba para fazer remédio, cultivem a própria juta para confeccionar a roupa e entoem mantras em torno da fogueira a fim de acordar o pequeno leprechau da floresta que reside dentro de cada um ao invés de atirar nos miolos de algum zumbi doido no seu PlayStation 3. Mas, antes de saírem à caça nesta sexta (alguns, aliás, protagonizando cenas como as que ocorrem nos Estados Unidos: de desespero, correndo atrás dos produtos, e de emoção, abraçando TVs), reflitam.

Se está com aquele vazio difícil de preencher ou ficando “transparente” para seus amigos e colegas, a solução é adquirir um produto e, através dele, o pacote simbólico de cura e inserção que traz consigo? Como já escrevi aqui antes, quem acha que a Coca-Cola, Apple ou Fiat vendem refrigerantes, tecnologia e carros, respectivamente, está enganado. Vendem estilos de vida. Do que somos. Do que gostaríamos de ser. Do que deveríamos ser – não em nossa opinião, necessariamente, mas de uma construção do que é bom e do que é ruim. Daí o problema. Porque essa construção não é nossa, mas – não raras vezes – vem de cima para baixo.

A busca pela felicidade passa cada vez mais pelo ato de comprar. E a satisfação está disponível nas lojas a uma passada de cartão de distância. Muitos de nós ficam tanto tempo trabalhando que tornam-se compradores compulsivos de símbolos daquilo que não conseguirão obter por vivência direta. Em promoções como esta, em que a porteira está aberta e o convite está feito, nem se fala. Através desses objetos, enlatamos a felicidade – pronta para consumo, mas que dura pouco. Porque, como os produtos que a representam, possui sua obsolescência programada para dar, daqui a pouco, mais dinheiro a alguém.

O que é de fato “necessário”? A definição disso pode ser bastante subjetiva, ainda mais que tornamos o excesso parte do dia a dia. É como não saber mais o que é real e o que é fantasia ou, pior, não ter ideia de como escolher entre o caminho irreal da felicidade e a via dura da abstinência.

“Wall.e” é uma animação produzida pela Disney e a Pixar que conta a história de um robozinho cuja missão é organizar o lixo em que se transformou o planeta devido ao consumismo desenfreado dos habitantes e à ganância de grandes corporações. No futuro, a Terra terá se transformado em um lixão impossível de sustentar vida e os seres humanos terão se mudado para uma nave espacial à espera de que os robôs limpassem as coisas.

Na cadeira do cinema (sim, fui ver na época na tela grande – hehehe), fiquei matutando que Wall.e seria um bom instrumento para discutir com os mais novos a diferença entre consumir para viver e viver para consumir. Mas, na saída, conversando com alguns amigos, veio uma preocupação: será que os produtores teriam a pachorra de vender quinquilharias sobre os personagens do filme? Da mesma forma que fazem em outros casos, indo na contramão da história contada na tela?

Vale ressaltar que os brinquedos inspirados em filmes têm vida curta – duram o suficiente até o próximo sucesso de bilheteria trazer novos bonecos. Ou seja, dentro de pouco tempo viram lixo de plástico e ferro.

Tempos depois, passando por uma loja, vi meu pesadelo tornar-se realidade quando me deparei com uma prateleira inteira de produtos do filme. A vendedora me mostrou um Wall.e que funciona à corda e canta e dança, um outro Wall.e para bebês (na verdade, para os pais dos bebês…) Explicou que a versão de controle remoto havia acabado, tamanha a procura. Afe.

Disso, abstraí que: a) Há pessoas que viram o filme e não entenderam a mensagem; b) Há pessoas que viram o filme e não se importaram com a mensagem; c) Sabendo, de antemão, que há milhões de pessoas nos grupos “a” e “b”, as empresas produtoras do filme se aproveitam e lucram em cima. Afinal de contas, campanhas contra o consumismo desenfreado e pela proteção ao meio ambiente podem ser, quando superficiais, bons pacotes fechados para o consumo imediato e o alívio rápido da consciência. Já que a contradição é inerente ao capitalismo e à sociedade de consumo, por que ter pudores ao explorar isso?

Dessa forma, o futuro desenhado pelo filme deixa de ser fantasia e vai se tornando uma perigosa profecia autocumprida. Sextas-feiras como esta só ajudam a catalisar o processo.

Diante disso, desejo a todos “boas compras”. E que nossos netos nos perdoem”.

Retirado de: http://blogdosakamoto.blogosfera.uol.com.br/2012/11/23/imaginei-que-essa-insanidade-da-black-friday-nunca-aportaria-por-aqui/

 

22
nov

Campanha de Natal

O final do ano está chegando e junto começa toda aquela agitação de Natal, são compras de presentes, enfeites, programação da ceia. Enfim, é sempre aquele ritmo de festas e comemorações. Mas essa época também é reservada para ajudar quem realmente precisa. Por isso hoje vou compartilhar a Campanha de Natal do Centro de Educação João Paulo II, uma instituição séria que oferece ensino gratuito e de qualidade para jovens carentes de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.

 

Com o slogan “Dê um futuro de presente de Natal”, a campanha incentiva que no lugar de presentes para amigos, familiares e fornecedores, as pessoas façam doações e também convidem outras pessoas para doar. Para participar da campanha basta acessar o site do João Paulo II (www.joaopaulosegundo.org.br), clicar no link presente de natal e preencher os dados para a doação, que será feita pelo sistema PagSeguro. A doação também pode ser feita em nome de amigos e de familiares que, após a confirmação do pagamento, receberão uma mensagem de agradecimento informando que o Centro recebeu uma doação em seu nome.

 

A escola também recebe doações por meio de boletos anuais, com valor mensal a partir de  R$ 100,00, e doações espontâneas por meio de depósito bancário no Banco HSBC (399), Agência 0054, Conta corrente 88998-00 e CNPJ 08.999.188/0001-35. Mais informações pelos telefones (41) 3079-7810 ou (41) 3018-9625.

 

Luanda Fernandes

20
nov

Crack made in USA

Neste feriadão li Retrato de um viciado quando jovem, escrito por um agente literário norte-americano ex-usuário pesado de crack – se é que existe no mundo alguém que só “dê uns tapas” eventuais neste tipo de droga. Pelo que o cabra relata nesta autobiografia, parece que o crack tem uma realidade bem diferente nas terras do Tio Sam.

Pra começo de conversa, o ex-junkie gastou uma bolada de 70 mil dólares em pedras durante sua carreira vertiginosa. Só numa encomenda suicida ao traficante, foram mil dólares. Grana que, no Brasil, imagino que mataria uma penca de viciados.

O protagonista é um bacana, mora na Quinta Avenida, perde viagens internacionais, hospeda-se em hotéis de luxo, frequenta os points VIP de Manhattan, dá um Zé Migué em trocentas reuniões importantes de negócios. E o livro cita o 11 de setembro como uma data em que ele já estava pra lá de doidão.  Enquanto no Brasil, pelo que sei, em 2001 o crack ainda era droga de maloqueiro.

O texto direto e reto também retrata o submundo do crack nova iorquino, mas nem de perto lembra as imagens da polícia brasileira dando geral nas cracolândias de São Paulo e do Rio. Na carioca, aliás, inesquecível a cena recente dos viciados andando feito zumbis no meio de uma Avenida Brasil com o tráfego intenso.

Melhor ou pior? Tipo de comparação que, ao meu ver, não se faz. Concorda comigo?

Beijos,

Karin Villatore

12
nov

E lá se foi 1 ano

Hoje, dia 12 de novembro, completo 1 ano de casada (na igreja católica) e, nesta quarta-feira (14/11), completo 1 ano de casada oficialmente com festança e documentos de cartório assinados. Sim, se você está se perguntando se passou rápido, passou sim.

Nestas datas, impossível não se lembrar da linda festa que fizemos, que só foi possível com a colaboração de todos. Por isso, agradeço mais uma vez à família, amigos e os queridos padrinhos, que tanto fizeram e fazem por nós até hoje. Sem vocês, a nossa vida não seria completa e, com certeza, não teríamos chegado até aqui.

Lembro-me de tanta coisa bacana e aprendizados sobre estar casada neste rápido 1 ano que não caberia tudo neste post. É difícil explicar a sensação de ter um dia difícil e chegar em casa e encontrar um jantar a luz de velas te esperando. Também é difícil demonstrar aqui todos os fortes sentimentos que compartilhamos ao longo destes 365 dias. Tem o lado carinhoso, de muito amor, companheirismo, compreensão e paciência. Porque é preciso paciência e dedicação para conseguirmos fazer um ao outro a pessoa mais feliz do mundo.

E é isso que venho tentado fazer ao longo dos dias. Tornar a vida do meu lindo maridão mais agradável, feliz e realizada possível. Tem dias que a TPM não ajuda, mas na maioria das vezes, espero ter conseguido. Ele tem feito isso para mim desde o dia em que nos conhecemos. Amadurecemos juntos (lá se vão 8 anos juntos) e espero continuar aprendendo com ele todos os dias.

Acredito que esta foto demonstre como nossa festa de casamento foi especial. E ela só foi especial por causa de todos os convidados. Obrigada por fazerem parte da nossa história!

Thalita Guimarães

8
nov

Salve Geral

Não sei se é impressão minha, mas esta onda de violência em São Paulo parece estar recebendo uma cobertura cheia de dedos da nossa imprensa. As notícias aparecem de um jeitão tão maquilado que até vale uma retrospectiva que ajude a tentar entender a história.

Em 2006, uma quebradeira acionada pelo salve geral do PCC (Primeiro Comando da Capital) deixou mais de 150 mortos (entre policiais, carcerários, presos e civis inocentes), mais de 80 ônibus incendiados, quase 20 agências de banco atacadas com tiros e bombas, rebeliões em 74 cadeias, demissão do secretário da Administração Penitenciária de SP.

O episódio virou lenda entre a bandidagem, ganhou filme do Sérgio Rezende e causou síndrome do pânico pós-traumática em um monte de paulistanos.  Em 2006, a imprensa brasileira e até internacional fez um bafafá danado no relato dos atentados e, já que não tinha informação oficial, cobria o que via.  Resultado: o governo de São Paulo ameaçou abrir processo contra vários veículos de comunicação por “práticas jornalísticas abusivas”. E neste ano foi apreendida no bairro de Paraisópolis, um desses lugares cantados nos raps do Racionais, uma carta com um novo salve geral dando a ordem de que dois PMs deveriam ser executados para cada integrante do PCC morto.

Como explicou o Estadão numa das poucas matérias mais elucidativas que encontrei sobre o assunto, “era uma das peças que faltavam para ajudar a compreender as causas da atual tensão vivida em São Paulo”.  Em 2006 os ataques aconteceram de uma vez só e agora são em doses homeopáticas. E, se não vem tudo de uma vez, difícil imaginar quando vai acabar. Mas, pelo que tenho conseguido acompanhar da estranha cobertura da imprensa, neste ano os ataques se centram mais na periferia. E os jornalistas, estão esperando contar toda essa história com detalhes e clareza quando? Salve geral, colegas.

Beijos,

Karin Villatore

5
nov

Como fazer um jardim

Neste feriado nossa diversão foi um pouco diferente do que normalmente estamos habituados. Nada de passear no parque, ir ao cinema ou relaxar em casa. Nós resolvemos colocar a “mão na massa”, ou melhor, na terra. Depois de dois anos morando em casa finalmente conseguimos mexer no nosso jardim e deixá-lo bonito. No final deu até orgulho do resultado. Claro que se um paisagista olhar vai dizer que faltou elementos ou que misturamos as plantas, mas para quem só tinha mato e buraco no lugar da grama, ficou perfeito.

Tudo bem que foi um dia inteiro dedicado somente a isso e, no final do dia, as pernas não respondiam direito. Mas foi bom descarregar as energias na terra e se dedicar a algo que é seu e vai deixar a casa mais bonita. Além disso, causamos inveja nos vizinhos. Essa parte foi engraçada, pois todo momento passava alguém reparando e comentado sobre o jardim. Quando não tinham aqueles que simplesmente paravam na frente de casa enquanto estávamos trabalhando e diziam: “está ficando bom, mas dá um trabalho”.

Na verdade o esforço foi o maior problema, não estamos acostumados com o trabalho pesado. Atire a primeira pedra quem nunca ficou com calo na mão somente de varrer a casa, imagine mexendo com enxada, pá, rastelo e etc. Então, imagine nossa situação no outro dia. Para o Leandro o dia também rendeu um pescoço queimado do sol, que foi motivo de piada dos amigos. No meu caso, ainda estou com as pernas doloridas e alguns calinhos, nada demais.

Pelo menos, agora quando for explicar o endereço de casa para alguém, posso dar como referência o jardim com pedrinhas brancas. Até agora é a única casa da quadra que está assim, mas pode ser que um vizinho se motive e copie a nossa ideia.

Luanda Fernandes