9
dez

Novos tempos

Em janeiro do ano que vem faço 20 anos de Jornalismo. Encontrei dias desses lá em casa, em meio a um monte de papelada, um documento assinado pelo Lobão, hoje colunista da Gazeta do Povo e naquela época um dos chefes da sucursal da Folha de Londrina, a cartinha registrando meu primeiro estágio. Tinha recém-feito 19 anos, estava cursando o terceiro ano de Jornalismo da PUC e queria mudar o mundo.

Aprendi a trabalhar com máquina de escrever, diagramador reclamando do fechamento atrasado, telex fazendo um barulho infernal na redação, todo mundo fumando o tempo todo, quase nenhuma fonte de pesquisa disponível além de um livro ou o jornal concorrente,  jornalistas boêmios e salários medonhos.

Quase tudo mudou. Se para melhor, realmente não sei.

Nestes 20 anos passei por jornais, emissoras de TV, revistas, comunicação interna e externa de empresas. Hoje tenho uma agência e sou professora universitária. Ainda tenho vontade de mudar o mundo, mas de um jeito diferente. Hoje eu me sinto responsável pelas pessoas que trabalham aqui na agência, pela formação dos meus alunos e pela consolidação e pelo zelo da imagens dos clientes da agência. Acredito que, por meio do meu trabalho, consigo criar algum impacto positivo neste grupo. O que já é bastante.
Quem sabe seja o jeito maduro de remodelar uma meta, né?

Karin Villatore

6
dez

E o Rio de Janeiro continua…

Eu vi cariocas comentando que o que aconteceu no Rio de Janeiro foi como o 11 de setembro deles. Bom, a TV noticiou como tal. Programação interrompida e transmissão das ações da polícia direto das comunidades. Realmente foi uma cobertura de guerra. Teve especialistas comentando a ação dos bandidos, o planejamento do governo. Repórteres nas ruas, cobertura passo-a-passo, do tiroteio até entrevistas sobre o dia-a-dia dos moradores. A população aderiu à causa. Estavam todos torcendo para a polícia expulsar os bandidos. Parecia uma versão estendida do Tropa de Elite ao vivo. Eu geralmente olho com muita desconfiança quando a TV faz da violência urbana um show. Desde quando há alguns anos passava uns dias em São Paulo com meus pais durantes os ataques do PCC a algumas agências bancárias. Eu via pela TV um caos que não passava pela janela do carro ou do apartamento em que estávamos. Na verdade eu tenho mesmo é medo dessa incitação à histeria coletiva.  Isso sempre me lembra a invasão marciana de Orson Welles, quando milhares de pessoas ouviram o radioteatro protagonizado pelo ator e diretor de cinema norte-americano e acreditaram realmente que estavam sendo invadidos. Não que eu acho que a luta contra os bandidos não aconteceu e acontece nas nossas grandes capitais. Mas parece um regozijo para as emissoras. E toda essa dramatização sempre conta um só lado da história. Essa foto estava sendo divulgada pelo Facebook. Achei uma metáfora interessante. O autor da foto é Urbano Erbiste, do Jornal do Brasil.

Cristiane Tada

2
dez

Como não fazer uma entrevista

Estava lendo o blog da Angel e me deparei com cenas ridículas que merecem ser vistas por outras pessoas. O motivo é simples: estar preparado para uma entrevista, principalmente quando é com alguém de tamanha repercussão internacional, é fundamental. Ter jogo de cintura também. Veja os vídeos abaixo e saiba do que estou falando.

Thalita Guimarães

* Marília Gabriela entrevistando Madonna:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=CGJN2niL7dA&feature=player_embedded]

* E Glória Maria entrevistando o Freddie Mercury:

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=4N8MKb01_D8&feature=player_embedded]

29
nov

Melhor prevenir do que remediar

Quando falamos em crise pensamos em um momento crítico, onde tudo aquilo que construímos pode vir abaixo. Também associamos esses períodos à confusão, demissão, quebra de corporações. Enfim, as crises estão relacionadas somente às coisas ruins. Pelo menos é o que a mídia mais ressalta. Mas uma coisa é certa, elas vão e vem e se não tiver o mínimo de prevenção, sua empresa, sua imagem, seus produtos, correm o risco de não sobreviver.

Pesquisas mostram que 43% das empresas despreparadas, que atravessaram grandes crises, nunca reabriram seus negócios e 29% fecharam as portas dois anos depois. O gerenciamento de crises começa antes mesmo dela aparecer. Um preconceito é achar que só atinge organização de determinado porte. Não! Ela pode ser prevenida em qualquer empresa, seja pequena, grande ou média. A agilidade, em tempos de crise, é primordial para reverter a situação ou até mesmo tê-la a seu favor e isso só acontece se já houve um planejamento anterior a ela.

Outro preconceito com relação a esses momentos é recuar ou até mesmo cortar investimentos em comunicação, como se fosse algo supérfluo, desnecessário. É preciso ter a crise a seu favor e nesse momento muitos setores podem ter a oportunidade de aparecer. Detalhes como ter um porta-voz já treinado e que esteja a par dos fatos para falar com a imprensa, um plano emergencial, envolvendo todos seus públicos, como os colaboradores, fornecedores, comunidades no entorno da organização, podem contar a favor da imagem e demonstrar um real envolvimento em encontrar soluções que beneficiem a todos.

É importante que perceba que as organizações que valorizam o planejamento não só enfrentam menos crises, como também são mais lucrativas. Consequentemente, o gerenciamento de crises não é somente a coisa certa a se fazer, mas é bom para o negócio.

Karin Villatore

23
nov

Viramos!

Como a gente não comentou da Virada Cultural, lá vou eu. Bom, foi muito divertido, evento superbem produzido, ótimos shows. Eu já estive em duas Viradas em Sampa e, então, dá para ter um parâmetro. Tudo foi muito legal. Senti um pouco falta de policiamento nas Ruínas nos shows de madrugada, mas também não vi nenhuma briga ou caso que precisasse dela. O som estava bem ruim em alguns lugares, mas como falou um amigo isso são ajustes. O negócio é que deu uma alegria imensa ver Curitiba naquela animação, aquele povo todo na rua, aquele sol bonito e todo mundo sendo feliz. Contrariando tudo que todo mundo fala mal da cidade. Eu não sou curitibana, mas sou paranaense. E a emoção foi bem maior ver tudo aquilo rolando por aqui do que quando estive em SP. A população prestigiando, sem empurra-empurra ou confusão. Além de tudo, recebemos essa foto que não tinha como não postar.

Cristiane Tada

19
nov

Violência nas ruas

A violência virou um tema tão banal que ninguém mais se surpreende com notícias sobre aluno agredindo professora, briga no trânsito ou militares agredindo gays. Triste, muito triste. Eu ainda me choco, e muito! Somente nos últimos dias foram muitos os fatos que me deixaram espantada com a banalização da violência:

• Uma professora foi violentamente agredida por um aluno dentro de uma escola técnica particular em Porto Alegre e teve os dois braços quebrados e ferimentos no rosto;

• Cinco adolescentes agrediram três gays na Av. Paulista. Dos agressores, quatro são menores de idade, entre 16 e 17 anos, e um de 19 anos;

• O Exército prendeu dois militares (aqueles que supostamente deveriam nos proteger) suspeitos de envolvimento no episódio em que um estudante de 19 anos foi ferido na barriga após a Parada Gay, em Copacabana, no último domingo (14);

• Um motorista foi agredido com uma barra de ferro depois de uma discussão de trânsito, no Centro de Curitiba.

Estas são só algumas das milhares de notícias que poderia escrever aqui. Aliás, eu mesma esta semana tive que separar uma briga de colégio ao passar por uma via muito movimentada na cidade. Não estou aqui para pregar o amor ao próximo, mas ao menos respeito. Se você está nervoso, desconte no travesseiro. Se sua mulher te enche o saco, separe. Se não gosta de gays, negros ou possui qualquer tipo de preconceito, não saia de casa.

E, principalmente, vamos educar nossos filhos para serem cidadãos conscientes. Que saibam dos seus direitos e cumpram com seus deveres e respeitem a vida alheia. Não estou dizendo para fugir das brigas. Discussões são saudáveis. Mas continuarão sendo saudáveis quando não precisarem partir para a violência.

A violência é o argumento dos que não têm razão!!!!!!!!!!!!

Thalita Guimarães       

16
nov

Feliz crise nova

Mais um ano chega ao fim. E que ano foi este! A crise econômica que abateu o mundo ano passado exigiu um equilibrismo em 2010 no mundo dos negócios. O tira-daqui-põe-ali fez que as empresas repensassem suas estratégias de investimento de recursos este ano. E a comunicação foi primordial durante a crise.

Saber administrar as dificuldades sem deixar que a boataria tome conta e apavore ainda mais clientes, parceiros, funcionários e colaboradores foi de extrema importância para voltar a controlar as rédeas.  Aparecer positivamente em tempos de incerteza pode ser um fator determinante para melhorar a imagem perante a sociedade e para ampliar os negócios. Investir em comunicação em tempos de crise demonstra maturidade para gerir um negócio ou uma empresa.

É no momento de fragilidade econômica que a informação deve ser manuseada para trazer transparência e credibilidade. Quem usou da comunicação para reorganizar as estratégias, evidenciar o que se tem de melhor e ver o que pode ser aproveitado utilizou bem do momento. Quem usou esta estratégia, ganhou.

Comunicação e informação são as matérias-primas para enfrentar a turbulência. A  instabilidade do mercado é a realidade na qual convivemos. Quem souber lidar com o momento pode ampliar as perspectivas, ganhar mercado e até comemorar. Partindo desta premissa, a idéia é desejar uma feliz crise nova a todos!

Karin Villatore

12
nov

A mídia em pauta

O assunto do momento agora é o projeto de regulamentação da mídia proposto pelo Ministro da Comunicação Social, Franklin Martins. Marcelo Tas ponderou no Twitter: se ninguém é contra a liberdade de imprensa por que tanto congresso e seminário para debater o assunto? Concordo com ele. O anteprojeto deve chegar ao Lula neste ano ainda, mas quem deve resolver a parada dura com certeza vai ser a Dilma. Para o mundo todo é um desafio regulamentar a comunicação. Acho que termos como normatização e comunicação são altamente antagônicos. Não há como moderar previamente a produção da imprensa sem censurá-la. Ou melhor, quem vai moderar?  A preocupação maior é com o conteúdo da internet, mas daí fica ainda mais complicado. Com a velocidade que se propaga tudo neste campo (e está aí sua maior virtude) não existem mecanismos para “controlar” o que circula.
O que o Ministro pondera e que é aceito pelas entidades de empresas de comunicação é que a legislação atual é antiga e precisa de atualização. Se essa regulamentação for apenas para evitar conteúdo obsceno e passar longe do conteúdo editorial pode ser uma boa ideia. O que me preocupa são as tentativas de manter conteúdo “equilibrado” e “imparcial”. Esses termos podem ter vários tipos de definições dependendo de quem julga.

Cristiane Tada

10
nov

Discurso invertido

Voltei das férias. Descansar é sempre bom. O que me entristeceu com minha chegada foi a notícia de que nossos queridos representantes eleitos já estão pensando em criar novos impostos (como a volta da CPMF) sem ao menos discutir uma reforma tributária. Dizem que este imposto em especial, que seria chamado de Contribuição Social da Saúde, a já famosa CSS, é para ajudar a Saúde Pública do Brasil.

Será? Tenho a impressão de que não seria necessária a criação de mais impostos, visto que pagamos muito já (cerca de R$ 1 trilhão desde o início do ano até o momento). O que se precisa é desviar menos. Sim, porque sinto muito, muito mesmo em dizer que não acredito em políticos honestos (podem até existir, mas são poucos, raros e desconheço todos).

Também é de conhecimento geral que quem paga mais impostos no Brasil é a classe média. Isto quer dizer que, com a eleição de Dilma e estas propostas que estão vindo (que não são as mesmas utilizadas na campanha) sobre a tributação brasileira, não preciso nem dizer quem vai sair perdendo mais uma vez.

Que fique claro que Não sou Dilma ou Serra. Na verdade não votei nesta última eleição. O que sou contra é aumentar impostos para enriquecer ainda mais a corrupção no Brasil.

Thalita Guimarães 

3
nov

O poder da nova opinião pública

O mundo está mais livre desde que a Internet surgiu. Somente no século XX a opinião pública retornou à sociedade e se assumiu como expressão da vontade coletiva. Os avanços da tecnologia têm desencadeando novos cenários na formação da opinião pública. Difícil precisar em que medida a nova Tecnologia da Informação, associada ao papel da imprensa, incide na formação da opinião pública. Fato é que hoje vivenciamos uma impaciência da opinião, regida pela rapidez praticamente instantânea das mensagens online.
Hoje existe um novo cenário da comunicação. Na mídia tradicional ou independente, qualquer pessoa passa a ser produtor de notícia, ou seja, passa a produzir informação, análise e interpretação dos fatos. A Internet difunde a contrainformação com uma rapidez muito grande, cria o acesso à diversidade e é facilitada pelas políticas públicas de democratização da rede.
O jornalismo tradicional, que rege que o jornalista seleciona o que é relevante ou não para ser divulgado de toda a informação que ele obteve, está em vias de extinção. Com a internet, há uma desconstrução da atitude onipotente do jornalista. Agora, este profissional coloca a informação na internet e, ao mesmo tempo, obtém a opinião do leitor, que interage e contradiz ou tem uma opinião diferente da do jornalista. O jornalista, então, muda de opinião, estabelecendo-se um exercício de democracia e civilidade, gerando uma reviravolta no mundo da imprensa.
Isso cria uma nova contradição na formação da opinião pública, se comparado com o que vinha se determinando até hoje. O cenário da sociedade atual caracteriza-se pela cultura de massas e pela cultura do espetáculo, em que todos querem ser protagonistas, mostrar o que sabem fazer e expressar a sua opinião. Temos o MySpace, o YouTube, inúmeros blogs como este, as listas de e-mails, os twitters e os sites independentes para nos expressarmos. Todos querem se expressar, todos são atores e, ao mesmo tempo, espectadores.
Os jornais nasceram como veículos de opinião. Mas hoje existe uma nova concepção da relação da imprensa com os cidadãos. Eles não são os seguidores da imprensa, mas os titulares do direito à informação, os que autorizam os jornalistas a desempenhar sua função. Na época em que escreveu o livro Opinião Pública, em 1922, o jornalista norte-americano Walter Lippmann, talvez não imaginasse que viveríamos esta situação. Mas uma citação dele já dava o caminho das pedras. “Os retratos dentro das cabeças dos seres humanos, retratos deles mesmo, dos outros, das suas necessidades, propósitos e relacionamentos, são suas opiniões públicas. Aqueles retratos que são adotados por grupos de pessoas, ou por indivíduos agindo em nomes de grupos, são Opinião Pública com letras maiúsculas.”

Karin Vilattore