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18
out

Celular: telefone também serve pra telefonar

celulares – Quantos megapixels tem a câmera deste? É androide? É touch? Ele é 3g? Tem gps? Dá pra baixar quantos aplicativos? Entra no site que eu quiser?

Essas foram algumas das perguntas que eu fiz para a atendente quando fui comprar meu celular. Tantos modelos, tantas cores, tantas coisas a mais . Na loja, eu olhava ao redor e mais da metade das pessoas aguardando estava com seus telefones portáteis na mão, se entretendo das formas mais variadas. Muitos dizem que isso tudo facilita nossa vida, a torna mais dinâmica, mais rápida, mais interativa. Todos somos bem informados agora.

Realmente as novas tecnologias têm surpreendido nas últimas décadas. Mas voltemos 10, 20 anos na história. Como eram os celulares? O que tinham de diversidade, de opções, de operadoras e de planos? E antes da invenção dos aparelhinhos, como as pessoas se viravam?

Tenho apenas 21 anos, nasci nesse meio tecnológico. Quando me dei por gente, já tinha um aparelho celular da Gradiente. Hoje, nem sei se essa empresa ainda fabrica celulares. Câmera? Nem passava pela minha cabeça. Telefone é uma coisa, câmera fotográfica, outra.  Aplicativos também não tinham. O máximo eram aqueles joguinhos da cobrinha e do paraquedas que tinham naquele famoso celular azul da Nokia que foi moda em meados dos anos 2000. Todo mundo achava aquilo extraordinário. Hoje, mais que ordinário, é lixo. Para alguns, já é relíquia. Veja bem, eu disse meados dos anos 2000, não dos anos 1900. Menos de 15 anos e já virou antiguidade.

Divaguei sobre tudo isso enquanto esperava ser atendido. Quando fui, comprei um celular com todas as funções pelas quais perguntei pra atendente quando cheguei à loja. Saí feliz da vida, estava novamente inserido na rede, inserido no mundo virtual. Fui ligar pra minha irmã pra contar a novidade, mas percebi que tinha esquecido de colocar crédito. Tantas funções que me esqueci da principal. Telefone também serve pra telefonar.

Gustavo Scaldaferri

16
out

Preguiça de gente

Ando com preguiça. Mas com uma preguiça um tanto quanto diferente: preguiça de gente. Mas não é qualquer tipo de gente não, é daquela que nos fazem evitá-la.

Daquela que só critica e não acrescenta. Daquela que sempre está certa e não aceita opinião alheia. Daquela que julga e se acha mais do que perfeita. Daquele tipinho que todo mundo conhece uma.

Acho engraçado tantas pessoas, por exemplo, fazendo apologia ao Português no facebook. Gente que não se dá conta de que também comete erros gramaticais (normal, porque, vamos combinar, nossa língua é muito complexa e difícil e quem não deixa passar um errinho de vez em quando?) e posta incansavelmente como os Outros estão matando o Português. Não seria mais fácil corrigir de forma positiva a pessoa do que apenas ficar se achando o professor Pasquale?

Preguiça de gente que mantém a cabeça fechada à opinião, ideia, preferência alheia e teima em dizer que somente existe uma verdade e que os outros não têm ideia de como estão errados. Preguiça de gente que briga por futebol, religião, gosto, o que é certo, o que é errado, o que é bonito, o que é feio.

Afinal, não é o máximo termos opiniões diferentes, conhecimentos diferentes, nos ajudarmos e evoluirmos em prol da ascensão da humanidade em todas as esferas?

Enquanto isso não ocorre continuo tendo preguiça. Preguiça daqueles que mal olham para o próprio umbigo, mas teimam que são os mais espertos.

Thalita Guimarães

11
out

Ser criança

criançasChegamos ao Dia das Crianças. Essas datas são diferentes hoje! Na minha época, não lembro exatamente o que a gente fazia, acho que todos os primos se reuniam para aprontar algumas. Nossas brincadeiras favoritas eram jogar Stop (para quem não sabe, era uma brincadeira com bola e cada um gritava o nome de uma fruta), Bets e Caçador, andar de bicicleta e de roller, além de subir na árvore do vizinho, coisa de que ele sempre reclamava. Mas o maior desafio era pular valetas que, sim, naquela época existiam, e muitas, e sempre tinha um desafortunado que não conseguia pular e acabava dentro da valeta – a farra acabava naquele instante.

Claro, os tempos mudaram e hoje as crianças preferem outras atividades, estão muito mais interessadas em apetrechos eletrônicos. Além disso, o apelo comercial é muito mais forte do que quando eu era criança, e os pais têm que “se virar nos trinta” com a quantidade de brinquedo novo que surge a cada ano.

Isso me fez lembrar o diálogo de uma amiga minha com a filha dela nesta semana: a menina queria uma boneca chamada Baby Alive e fez dos sonhos uma artimanha para convencer os pais a comprarem o brinquedo. Ela dizia que gostava de dormir porque podia sonhar com a boneca, que brincava e dava banho na boneca. Então, minha amiga, muito inocente, perguntou se ela não sonhava com outra coisa – é nesse momento que você percebe que as crianças são muito mais espertas do que você imagina – e a filha respondeu: “eu também sonho com Deus ajudando o papai e a mamãe a comprar a minha Baby Alive”. Não preciso dizer mais nada não é?

Bom Dia das Crianças!

Luanda Fernandes

7
out

Que podemos, senão…

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“Sobre a Cidade” de Marc Chagall

 O ser humano nasce, cresce, se reproduz e morre. Muitos não crescem e muitos não se reproduzem. Muitos só crescem no corpo e muitos não deveriam se reproduzir ou só se reproduzem porque é o normal, porque é bonito, porque não querem ficar sozinhos, porque acham que devem, porque querem.

A vida é dura, o mundo é cruel. Tudo passa. Há quem acredite que tudo acaba aqui. E daí? Há quem acredite que a gente vai e vem até virar não se sabe o que ou ir para o céu ou que a gente vai para o céu direto. Então para que aqui? Explicações…

Que nos resta?

Amar (Carlos Drummod de Andrade): “Que pode uma criatura senão,

entre criaturas, amar?

amar e esquecer,

amar e malamar,

amar, desamar, amar?

sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,

sozinho, em rotação universal, senão

rodar também, e amar?

amar o que o mar traz à praia,

e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,

é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,

o que é entrega ou adoração expectante,

e amar o inóspito, o áspero,

um vaso sem flor, um chão de ferro,

e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,

distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,

doação ilimitada a uma completa ingratidão,

e na concha vazia do amor a procura medrosa,

paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa

amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.”

Letícia Ferreira

1
out

2013

Neste ano de 2013, como todo mundo, já sofri, já sorri, já vivi. Em resumo, o ano seria assim:

Viajei, festei, chorei, me emocionei. Dirigi, corri, fiz dieta, comi. Presenteei, fui presenteada e comprei. Dancei, cantei, pulei, descolori. Chorei, perdi, enterrei. Adoeci, adoeceram, cuidei. Trabalhei.

Sorri, gargalhei, abracei, fui abraçada. Fui injusta, fui injustiçada, julguei, fui julgada. Fiquei de cama, defendi e fui defendida. Enterrei de novo, adoeci de novo, adoeceram de novo e enterrei de novo.

Ganhei, perdi, tive esperança, ela se foi. Senti saudade, recebi ajuda, ajudei. Perdoei, fui perdoada, perdi o chão, mas tive fé. Caminhei, refleti, mudei. Amadureci, cresci, li e assisti. De certa forma morri e revivi. Mas o mais importante: Amei, fui amada, vivi.

Thalita Guimarães

25
set

De repente 30

30anos O título tem tudo haver com a fase de vida pela qual estou passando (dica da amiga Letícia – obrigada!). Sabe aquela transição inevitável de décadas, que começa a te deixar mais preocupada com tudo? Do tipo, tenho que me cuidar porque a idade é implacável, então, você tenta ser mais saudável, comendo alimentos que contenham menos gordura, fazendo exercícios, usando hidratantes e filtro solar, como se isso tudo garantisse a boa forma para o resto da vida. Por um lado, esses cuidados fazem você se sentir melhor – pelo menos você está tentando – diz aquela vozinha na sua cabeça.

E não para por aí. Se no passado você nem ligava para os produtos light, leite desnatado, alimentos sem gordura trans ou com baixa caloria, a partir dos 30 esse tipo de produto faz parte da sua rotina e da sua geladeira. Tinha uma amiga minha que dizia: “você só percebe que a coisa está pegando quando vê que já tem Renew antienvelhecimento para sua idade” – na época, ela era uns 10 anos mais velha e eu não entendia o porquê, mas hoje a frase faz bastante sentido.

Engraçado que essa coisa de idade só pega quando você passa dos 25 anos, porque antes eu nem ligava, era só mais um ano a ser comemorado. Porém, agora, me sinto cada vez mais madura e responsável. Um peso que começa a ser carregado nos ombros, pois você tem consciência de que precisa ser uma pessoa melhor e isso não significa só cuidar do corpo, mas cuidar do meio ambiente, ajudar o próximo, ajudar os animais, separar o lixo, cumprimentar um monte de gente que você não conhece só por educação, como aquele vizinho do final da rua, o desconhecido no elevador, o cobrador e o motorista do ônibus, e por aí vai.

Acho que é por isso que as pessoas envelhecem. Ser jovem e desprendido de boas maneiras é tão mais fácil. Além disso, de repente, você se dá conta que começa a pertencer ao núcleo adulto/velho da família e concorda muito mais com a opinião dos pais, avós e tios do que com as ideias dos primos mais jovens ou adolescentes.

Mas o post não é uma lamentação do inevitável, é para mostrar como a nossa vida muda, como modificamos nossos pensamentos e como isso afeta nossa personalidade. Na verdade, percebo que estou onde deveria estar e que aproveitei tudo o que podia da juventude. Então, envelhecer é uma questão de preparação e é assim que me sinto: preparada para curtir os 30.

Luanda Fernandes

23
set

Novela das 6

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O Tempo e o Vento sopram e passam com as vozes das mulheres e dos violoncelos de Tom Jobim e nas aquarelas de Glauco Rodrigues, bagunçando os cabelos brancos de uma senhora louca que, no vai e vem da cadeira de balanço, fala com os mortos e ri dos vivos. Assim conheci a história aos 12 anos, na minissérie de TV, e fiquei impressionada e apaixonada para o resto da vida.

Os livros de Érico Veríssimo, no qual a minissérie foi baseada, conheci muitos anos mais tarde. E me impressionaram, apaixonaram, arrastaram na ciranda de histórias nas quais fui morar.

O filme, assisti na semana passada, na pré-estreia após coletiva de imprensa com o diretor, Jayme Monjardim, a atriz Marjorie Estiano, que interpreta Bibiana jovem, e o ator José Henrique Ligabue, o irmão de Ana Terra.

Não me apaixonei, nem me impressionei, nem fui arrebatada pelo espírito vibrante, melancólico e ardente da obra de Érico Veríssimo. As interpretações estão corretíssimas, Marjorie Estiano é muito boa, o elenco é ótimo, Thiago Lacerda está radiante como Capitão Rodrigo, Fernanda Montenegro (Bibiana idosa) dispensa elogios e o ator que apareceu para interpretar Pedro Missioneiro, o argentino Martín Rodriguez, é de primeira. As paisagens são autênticas, a fotografia é linda, enfim, é Jayme Monjardim e, por isso mesmo, não vai além. O próprio diretor explica, talvez se antecipando a qualquer comparação: “Não sou um diretor de filmes de arte, para dez pessoas assistirem e para mim mesmo. Sou um diretor popular. Não sou um diretor político, sou um diretor romântico”.

E o filme é isso: popular, romântico, correto, bonito. Faz as mulheres – e Monjardim gosta de agradar as mulheres, se diz um diretor que gosta de retratar o delicado universo feminino – chorarem e suspirarem. E cumpre outro papel que, diz o diretor, lhe é destinado: fazer os livros de O Tempo e o Vento conhecidos. É um resumão de Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo e O Sobrado, os capítulos mais populares da obra. Um filme leve, gostoso e simples, como uma novela das 6.

Letícia Ferreira

16
set

“Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que pode sonhar tua vã filosofia”

Hamlet, Ato 1, Cena 5, William Shakespeare

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Hermafrodito Adormecido. Cópia romana datada de 2 d.C. de escultura helenística de 2 a.C.

Você é, você não é. O que eu sou? O que eu tenho que ser?

Acompanhe conosco no site DLápraK o texto de Alessandra Roseira, comadre da Karin, que mora em Berlin, sobre uma nova lei na Alemanha que desobriga pais de crianças com sexo indefinido a registrá-las como meninos ou meninas: Entre Hermes e Afrodite: a indefinição de um sexo.

10
set

Grupo nômade com leis baseadas no amor

Li esses dias uma história que me chamou muito atenção. Mostrava imagens do grupo nômade Rainbow Gathering, que tem leis baseadas em conceitos hippies de amor, harmonia, paz, liberdade e cuidado com o planeta, como uma alternativa à cultura popular do capitalismo e do consumo. Normalmente dentro do grupo fotografias não são permitidas. Mas o fotógrafo Benoit Paillé conseguiu uma brecha por participar há sete anos do Rainbow Gathering.

As pessoas pertencentes ao grupo vivem em comunidades temporárias e realizam encontros que já ocorreram na Espanha, no México e no Canadá. Paillé conseguiu captar a beleza daqueles a quem se refere como seus irmãs e irmãos e nos presenteia com belíssimas fotografias repletas de cores, de luz e de sentimentos bons. Vale o clique:

http://amorpelafotografia.com.br/?p=1274

Thalita Guimarães

6
set

Voo livre

Karin e Gabri Canoa QuebradaA melhor pessoa que já conheci vira adulto pleno neste mês. Um voo um tanto quanto precoce, mas sou meio suspeita em julgar. Meu único filho está prestes a sair de casa e montar um estúdio com a namorada. Ótima moça e parceira de boas risadas, aliás.

Nestes 18 anos e 8 meses de convivência diária eu vi o quanto os olhos e os cabelos podem mudar de cor, eu me diverti com finais de semana de casa cheia e barulhenta, eu percebi que é possível jogar futebol no corredor, eu aprendi as forças de todos os Pokemons, eu descobri qual é a cura para crise de bronquite, eu decorei os diálogos dos filmes da Disney, eu dei importância para o dinheiro, eu frequentei muitos parquinhos, eu me emocionei no Dia das Mães, eu me encantei e eu passei a ter uma nova dimensão do tempo.

Não tem palavra que expresse toda a gratidão que eu tenho pela alegria que este menino me proporcionou. Não existe forma de eu mostrar todo o orgulho que eu sinto por este meu filho de ouro. Seja muito feliz, conte comigo para o que der e vier, e apareça para uma lasanha congelada sempre que der vontade, meu querido.

Beijos,

Karin Villatore (Buziel)