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30
jul

Cozinhe com afeto

 

bolo-caseiro

Cozinhar é uma terapia, não tenho dúvidas. Mas embora eu saiba fazer o básico na cozinha, não me considero uma pessoa criativa capaz de inovar em um almoço ou jantar do dia a dia. Se preciso passar no açougue para comprar uma carne só consigo pensar em peito de frango e carne moída. Muitas vezes ainda prefiro fazer ovos com ervilha, abobrinha ou apenas cozidos mesmo. Sou prática e gosto de fazer comida de uma panela só. Macarrão com molho e arroz de forno estão entre as minhas especialidades. E, se puder escolher entre cozinhar e lavar a louça, sempre ficarei com a louça.

Mas o cenário muda completamente quando o assunto é sobremesa. Ah, como eu amo as sobremesas. Sou capaz de inventar um delicioso doce com poucos ingredientes e sem receita. Sempre que me perguntam o que fiz para um bolo ficar tão fofinho, bonito e apetitoso não tenho resposta. Não sou capaz de saber nem ao menos quantas xícaras de farinha usei para fazer a massa. Faço sem medidas mesmo, customizo as receitas da internet, e no final normalmente dá certo.

Quando eu era criança, minha avó deixava ajudá-la na cozinha. Foi ela quem me ensinou a fazer sozinha meu primeiro bolo. Ela tinha um caderno de receitas manuscritas com recortes de imagens de jornais e embalagens. Um capricho só. E são essas memórias que me inspiram.

Acho que o principal segredo é cozinhar com afeto. Fazer aquilo que gosta e, de preferência e se possível, apenas quando tem vontade. Melhor ainda se for para quem você gosta. Quer coisa melhor do que a alegria de uma criança quando uma nega maluca sai do forno?

Aline Cambuy

17
nov

Deu e passou!

Foto: Divulgação

Depois de passar 30 anos envelhecendo, fiz uma descoberta recente que me deixou muito animada: minha velhice passou. É isso, deu, mas já passou, foi uma fase.

Talvez volte, vou ficar de olho. Mas por enquanto sinto que ela se foi e já foi tarde. Os amigos da minha idade – algo entre 50 e 60 anos – conseguem entender, depois que me explico.

Os jovens me olham com aquela condescendência que reservamos aos desajustados em geral e sepultam comentários debaixo de uma risadinha. São jovens, mas não são burros!

Vou resumir aqui minhas razões. Como sabem os mais próximos, não pretendo morrer. Se acontecer um dia, paciência. Só não está nos meus planos.

Por isso, resolvi há algum tempo mudar de vida. Nada muito espetacular. O suficiente, porém, para me devolver a juventude. Emagreci e venci a síndrome metabólica, nome técnico para as doenças da obesidade. As chiques, como a hipertensão, o diabetes, a esteatose hepática, a hipercolesterolemia; e as de pobre, como a dor nos quartos, o esporão calcâneo e até a unha encravada…Que tudo dá em quem é gordo.

Pois muito bem. Livre do peso que levava nas costas, livre dos remédios de uso contínuo, livre da ameaça de morte precoce por obesidade, eis que descobri que estou jovem de novo.

A velha guria que havia em mim reapareceu em forma de disposição e humor. E veio com bônus, em doses extras de tolerância e resiliência.

É claro que tudo isso tem pouco a ver com o espelho, esse miserável, que só escondeu a passagem do tempo para o sortudo do Dorian Gray. De modos que resolvi ignorá-lo, não preciso muito dele. Dou aquela conferida no reflexo para ver se as cores estão combinando, se não estou saindo de casa com a saia presa em algum lugar, se o cabelo segue em seu escorrido padrão, e sigo adiante.

Eu e Benjamin Button, mais jovens do que nunca!

Beijos,

Marisa

19
mai

De três em três horas

Há alguns dias fui a uma consulta com a nutricionista. Como faço exercícios físicos, gostaria de saber se eu poderia tomar esses suplementos nutricionais com zilhões de proteínas, de forma saudável e controlada. A resposta foi sim, mas com uma condição: suplemento somente por uns dois meses, depois eu devo buscar os nutrientes nos alimentos de verdade. Que gostoso, pensei. Mas aí veio a dieta. É necessário comer de três em três horas.  Comer-a-cada-3-horas-funciona

Parece uma coisa fácil, mas não é. Estamos tão habituados a comer apenas quando sentimos fome que acabamos demorando umas quatro, cinco horas entre uma refeição e outra. E não pense que é para comer essas guloseimas maravilhosas, não. Bolachas? Jamais! Chocolate? Não, não! Apenas fruta? Não adianta nada! O ideal, entre uma refeição e outra, é comer algumas castanhas, nozes, frutas secas, amendoins, amêndoas, todos produtos bastante acessíveis que custam uns R$ 80 cada grama. Não está sendo fácil. E a médica ainda me mandou comer batata doce. Quem foi que teve a ideia de criar uma batata que é doce?

Embora seja uma dificuldade imensa lembrar que preciso comer de três em três horas – não vale bolachinha recheada, hein – sou um moço muito disciplinado. Compro castanhas, iogurte e biscoitos saudáveis, tudo para que minha nutricionista tenha orgulho de mim. Eu até forço na batata doce.

Mas agora já são quase 18h e eu mereço uma Negresco bem gordinha.

Rodrigo de Lorenzi