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Sempre o frio

Não existe coisa mais clichê que falar sobre o frio nesses dias de baixas temperaturas, principalmente para os curitibanos. Mas vamos ser sinceros, nós odiamos esse inverno rigoroso, porém, adoramos falar sobre ele. Esse é um fato constatado. Basta observar algumas mídias sociais. As mensagens sobre o frio rendem diversos comentários e vão desde os que adoram aos que odeiam.

Para falar a verdade gostamos de nos gabar do nosso frio, pois é só ouvir uma pessoa que mora mais ao norte do país dizer que está um gelo na cidade em que mora porque o termômetro está marcando uns 15° graus, que já soltamos uma risadinha sínica e tratamos de comentar sobre a temperatura que está fazendo ou fez aqui – que com certeza é muito mais baixa.

Acho que isso é uma personalidade nossa sulista e, quando falo isso, estou me referindo especificamente aos moradores de Curitiba, pois é incrível como esse assunto rende conversa. Por exemplo, é só ficar alguns minutos parado no ponto ônibus, logo chega alguém comentando algo do tipo: “nossa esse vento está de matar”, ou então, “não aguento mais esse frio”. Apesar de não admitirmos, esse é nosso assunto predileto e não importa o tipo do clima, faça chuva, sol ou frio. Acho que talvez seja uma maneira de interagirmos com desconhecidos. Afinal, além de tudo, ainda somos considerados um povo frio, o que particularmente discordo, pois como sorrir em dias como os de hoje? Os músculos do rosto praticamente não se mexem!

Porém, não para na questão de comentar ao acaso com um estranho. Os jornais também adoram o assunto. Basta gear em um canto qualquer do Estado que lá está uma equipe de jornalismo para fazer fotos e imagens, além de entrevistar aqueles que estão tendo que enfrentar a geada e, ainda, o repórter tem que provar que realmente é gelo pegando na mão, para ninguém desconfiar.

Mas tudo bem nós odiarmos o nosso frio e reclamarmos dele. Agora, se chega um paulistano ou carioca falando mal aí, sim, o bicho pega. Ninguém pode sair falando mal do clima alheio. Ora, isso é destinado exclusivamente ao morador e tem que ser com raízes de ao menos uns dez anos de residência. Só assim podemos abrir uma exceção.

Luanda Fernandes

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