O título deste post também poderia ser “Como falar e não dizer nada” ou “Aprenda a ser simpático até no elevador” ou “5 passos para conquistar as pessoas”. Fui desenvolvendo essas técnicas com um certo dom natural, confesso. Acho que é da profissão ou do medo de ser julgada como uma típica curitibana. Mas vamos aos ricos mandamentos.
1 – A primeira etapa é um jeito especial de repetir o que o sujeito falou sem que ele perceba. E geralmente o retorno é bem satisfatório da outra parte, como se você tivesse dado uma ideia genial. É bem fácil: só repita o que o outro disse, com outras palavras e com outro tom. O que esta metodologia exige: um pouquinho de vocabulário (pra mudar as palavras) e um pouquinho de dramaturgia cênico-vocal (pra ele não perceber que você repetiu tudo o que ele acabou de falar).
2- O segundo passo já é mais complicado porque é você quem tem que puxar o papo com alguém conhecido. Aqui vale o que os políticos mais usam, que é a memória. Político bom mesmo sabe o nome do enteado do porteiro do prédio que ele visitou há dez anos. E já puxa a conversa perguntando como vai o Jubinha, seu enteado? Como isso é difícil para nós, humanos normais, tente criar algo de referência como um hobby, a profissão, um ídolo ou qualquer outra característica marcante do tal indivíduo. Quanto mais bizarra a característica, mais fácil de lembrar. O que esta metodologia exige: memória.
3- A terceira etapa é um pouco menos complexa porque você nunca viu o dito-cujo na vida e pode falar sobre qualquer coisa. Aí dá pra deitar e rolar. Em Curitiba e hoje em 99,9999% das cidades, a variação climática dá uma margem absurda de conversas sensacionais. Use termos de impacto gracioso como “efeito cebola” (ter que ir tirando e, depois, repondo as peças de roupa à medida que o dia rola porque vai esquentando e, depois, esfriando de volta), “frio da Sibéria e calor da Etiópia”, dentre outros. E lembre sempre de deixar o outro falar, pra depois poder repetir, com outras palavras e trejeitos, o que ele disser.
4- A quarta etapa é ir ao Rio de Janeiro ou ao Nordeste e ver que você ainda é um amador nas técnicas. Lá, os caras conseguem fazer amigos de infância na fila da padaria.
5- A última etapa é ir a uma festa VIP, cheia de loiras de topete e playboys, e ver que nenhuma das dicas funciona.
Beijos,
Karin Villatore