2
jul

As “Esquecidas” Aventuras do Rei Pausolo

Esse negócio de pintar livrinho não está com nada. Finalmente consegui um exemplar da única tradução brasileira das “Aventuras do Rei Pausolo”, um dos mais divertidos romances galantes/eróticos que se tem notícia. Escrito pelo francês Pierre Louÿs, a obra veio a público em 1901, na França. A história foi um tremendo sucesso mundial. Chegou ao Brasil em 1911, publicado a partir do número de estreia do semanário fescenino “O Riso”. Nos anos 1930, o livro virou uma opereta e logo depois um filme dirigido por Alexis Granowsky. Vamos então a uma sucinta apresentação. Louys_Pausole_page_de_titre

O Rei Pausolo era o soberano absoluto de Tryphemia, local de estonteante beleza natural, mas nunca comentado nos livretos de história e geografia. Dizem que por ser tão belo e com uma cultura tão diferenciada, os historiadores preferiram manter em segredo a localização do reino, para afastar os curiosos desta terra encantadora.

Debaixo de uma cerejeira (pois além da sombra, fornecia frutos maravilhosos), Pausolo solucionava tranquilamente o problema dos seus súditos. As decisões eram baseadas nas duas únicas leis em vigor em Tryphenia:

1 – Não incomode seu vizinho.
2 – Bem entendido o primeiro artigo, cada qual pode fazer o que bem quiser.

Cultores da simplicidade e do bom gosto, em Tryphenia todos deveriam andar nus, desde que tivessem corpos bonitos. Toda noite, Pausolo escolhia uma das suas 366 mulheres (uma por dia, prevendo anos bissextos) para compartilhar sua cama. Por mais de 20 anos o reino segue em perfeita harmonia e paz, até que a filha de Pausolo decide fugir do castelo real. A partir daqui, deixo para você, leitor curioso e que não é dublê de pintor, buscar as Aventuras.

Este livro, praticamente esquecido em terras brasileira nos dias de hoje, ainda ecoa em movimentos diversos, de wickas a alternativos chinelão de couro, de apreciadores do naturismo a bem comportados juristas, que reverenciam o bom humor, a benevolência, a indecisão, o erotismo e a justiça do reinado de Pausolo. O único defeito da edição brasileira, de 1956, é de que não contêm as ilustrações que tornaram ainda mais célebre o livro, já que existem edições estrangeiras ilustradas por nomes como Carlège, Lucien Métivet, entre outros. Adoraria ver este romance encenado, quem sabe algum dia algum dramaturgo brasileiro se anime. Diversão e sucesso de público garantidos.

José Daniel

25
jun

Ops, casei!

Quando a cantora Pitty casou com o marido dela, o baterista Daniel Weskler, ninguém soube. Até que ela simplesmente postou a frase “Ops, casei” no twitter. Uma festa para poucos convidados, um recadinho singelo nas redes sociais. Fiquei com isso na cabeça. Não precisa ser mais complicado que isso, pensei. Anos depois, foi a minha vez. E foi como um “ops”, mesmo. Estávamos morando juntos e achamos que já era hora de ir ao cartório e oficializar a relação. Lá fomos nós, entregamos nossos documentos ao escrivão, assinamos uns papeis e então, lá estava escrito: somos um casal de verdade, com deveres morais e para com a sociedade. Me senti até importante.

bouquet

Saímos do cartório, fomos a uma padaria, tomamos um café colonial e então caiu a ficha: nossa, casamos! Só nós dois. Então fiz questão de colocar no Facebook a tal frase: “Ops, casei”. As reações foram as mais diversas: gente que acha que é brincadeira, gente que dá parabéns, gente que fica sentida por não ter sido convidada… mas calma, ninguém foi. Nem as nossas mães. Por que? Simplesmente porque foi algo corriqueiro para nós, natural e já morávamos juntos. Não que eu não quisesse uma festança, mas acho que é muito dinheiro para uma noite só. Dinheiro que estamos guardando, aos pouquinhos, para usar em uma viagem de Kombi pela América Latina.

Hoje, tenho um blog justamente com esse nome, para o qual adoro escrever nas horas vagas. Está sendo uma terapia e tanto. Posso desabafar, contar experiências, dar receitas e dicas que a gente só aprende depois de casada. Quer dar uma olhada? Só entrar no opscasei.com.br. A casa é de vocês, sejam bem-vindos.

Luciana Penante

18
jun

Verdades Secretas

Acompanhei alguns capítulos da novela das 23h da Globo, Verdades Secretas, que anda causando polêmica no mundo da moda. A trama aborda o tal “book rosa”, que seria um catálogo da agência de modelos com tops que também são garotas de programa. A novela retrata ainda profissionais da moda drogados e homossexuais.

desfile

Confesso que fiquei com muita preguiça de continuar assistindo. Não sou ingênua de acreditar que não exista prostituição e drogas no mundo da moda, assim como em tantos outros. Mas mesmo assim não gostei de como o folhetim retrata isso, estereotipando a categoria.

Como jornalista já estive em muitas semanas de moda. Trabalhei na cobertura de algumas delas, conheci modelos, agentes, estilistas, e diversos outros profissionais do meio. Estive inúmeras vezes nos backstages e pude perceber o quanto todos trabalham para fazer um desfile que dura em média 15 minutos. São horas de produção, maquiagem, provas de roupas, treinos, isso sem contar os cuidados com alimentação e o corpo. A maioria é formada por meninas e meninos muito jovens, que sonham com uma carreira promissora e visibilidade internacional.

Conheci exemplos bem sucedidos, que conquistaram seu lugar ao sol no mundo da moda por meio de muita dedicação. Por isso, acho a trama da Globo ofensiva. E, como a mídia, especialmente a Rede Globo, tem o poder de formar opiniões, logo vamos ver as mães de jovens modelos desesperadas e inseguras com o tão sonhado universo das passarelas. Espero que agências sérias consigam provar o contrário.

11
jun

A calça

Recebi antes de viajar pra este último feriadão do meu querido amigo Luan Valloto uma mensagem com a foto deste post e o recadinho: Hoje fui na crocheteira. O crochê já está sendo feito.

E assim tem sido. Cocriação sustentável ou algum outro termo que alguém queira usar. O Luan é o todo. Ele descobre desenhos, seda de casulo refutado, artesãs que não sabiam que tinham esta profissão, cores que saem do espinafre, tingimento na grande panela da Loja do Pedro.

A calça

Eu sou a parte. Planta preferida? Trepadeira! (esta rendeu meia hora de papo ao telefone sobre as folhas que crescem sobre o concreto; papo viagem-lindo-zen) Justa ou larga? Saruel! Cru ou colorida? Espinafre! Com cintura ou confortável? Cordão!

A calça está quase pronta. O trabalho de conclusão do curso da especialização do Luan, também. Se for metade de legal quanto o durante, já vou achar incrível esta fase final do processo, que será a de usar – ou melhor, desfilar.

Beijos,

Karin Villatore

29
mai

Feminismo. E o que a comunicação tem com isso?

Comunicadora e feminista, me atrevo a escrever em poucas linhas uma reflexão inicial sobre as duas áreas.
São muitas as afirmativas machistas, misóginas, sexistas, racistas, lesbofóbicas, transfóbicas, gordofóbicas, e outras, que são veiculadas nos produtos midiáticos, tanto de entretenimento quanto de informação (jornalismo). Por sofrerem com a violência simbólica nesses meios, muitas mulheres passaram a discutir e a interseccionar as teorias feministas com as práticas comunicativas e midiáticas. Os primeiros estudos de feminismo e comunicação datam a década de 1970, e uma das linhas de investigação é da representação da mulher em cinema, revistas e televisão. feminista

O problema central dessas representações é o de serem naturalizadas, ou seja, passarem para as práticas sociais cotidianas sem que sejam problematizadas e desconstruídas.

Cabe ao comunicador e à comunicadora o papel de atuar com o viés da transformação política. Devemos entender que nossa situação é privilegiada, pois temos condições de produzir e receber informação, e refletir sobre ela; assim, é nossa responsabilidade lutar para que os direitos humanos, e o direito à comunicação, envolvam todas as mulheres (ou melhor, todas as minorias).

Uma dica bacana
A parceria entre a FENAJ – Federação Nacional dos Jornalistas e a ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres – deu origem a um “Guia para jornalistas sobre gênero, raça e etnia”. O propósito é auxiliar os comunicadores e comunicadoras na tarefa de cobrir os temas com recorte de gênero, raça e etnia no dia a dia da imprensa, com pautas livres de preconceitos e estereótipos.
É uma iniciativa de transformação e de construção de uma mídia mais democrática, plural, diversificada e igualitária, que começa a partir de nós, profissionais da comunicação.

Link para o Guia: http://goo.gl/kRQ6Eh

Marcielly Moresco

21
mai

Sobre viagens, repertórios e amizades

eiffel Recentemente tive a felicidade de viajar pela primeira vez para a Europa. Foram duas semanas de diversão, descobertas e algumas dificuldades — normal para quem fica fora do país por um tempo, descobri depois. Eu poderia contar como foi conhecer Amsterdã, Londres e Paris, cidades pelas quais passei, mas os blogs de viagem estão aí para fazer isso com muito mais propriedade do que eu, que só fiquei quatro ou cinco dias em cada cidade. Prefiro contar para vocês alguns fatos divertidos e coisas que aprendi na minha passagem pelo velho mundo.

Em Amsterdã aprendi que o holandês é um idioma indecifrável para quem não nasceu lá. Que mesmo na primavera faz frio na Europa, muito frio. Que lá arroz e feijão é uma iguaria exótica e é mesmo preciso se contentar com massas, pizza, batata frita e queijo, muito queijo! Aprendi que é preciso andar com cuidado nas calçadas de Amsterdã, pois as entradas das casas têm escadas para baixo do nível da calçada, e desavisados ou bêbados podem acabar encaçapados nelas, como vi acontecer. Aprendi também que os carrinhos que varrem as ruas por lá podem ser bem assustadores e vir em grande velocidade na sua direção, fazendo com que você saia correndo – sim, eu paguei esse mico! Descobri que além da maconha, cogumelos alucinógenos são vendidos por lá – e que eles têm até cardápio, separados pelo grau de alucinação que podem causar nas pessoas, tipo: efeitos visuais – cinco estrelinhas, efeitos sonoros – três estrelinhas. Prefiro ficar com a minha loucura e com a do Felipe, meu colega de aventuras e de corridas atrás de trens-bala.

Em Londres, descobrimos que pessoas comuns não podem passar do portão do Abbey Road Studios, mas a Beatles Crossing está liberada. Eu, pessoalmente, descobri que andar 12 quilômetros com a mesma bota faz com que ela descole a sola, te levando a passear com o “Tap e Flap” (quem lembra?) pelas margens do Rio Tâmisa. Aprendi que os melhores lugares para comprar lembranças de Londres são os mercados de rua do Camdem, bem mais em conta que nos pontos turísticos. Sobre comidas: descobri que vinagre na batata frita é horrível (mas lá é uma tradição) e que comer feijão no café da manhã é normal por lá. Também aprendi que as baladas de Londres fecham cedo: quatro horas da manhã. Aprendi a me virar sem celular, já que o meu quebrou no meio da viagem. Descobri que hostels são lugares legais para fazer amigos, como a Andrea, do Chile, e a Catherine, do Canadá.

Em Paris, descobri que um dia é pouco para conhecer o Louvre e que os vendedores de chaveiros no pátio do museu – na maioria africanos em busca de uma vida melhor – sabem mais do Brasil que muito brasileiro (o que vendeu várias Eiffel em miniatura para meu amigo conhecia toda a seleção e governantes – sim, eles fazem questão de recitar a escalação completa. Deve aumentar as vendas). Aprendi que “sou bonita na África”, como diz o Felipe, pois em todas as baladas só levei cantadas de rapazes negros (um deles até me girou no ar sob protestos – sou casada!). Aprendi que na Disney é proibido usar orelhas da Minnie na montanha russa e no barco do Peter Pan (“Madame, s’il vous plaît, retirez votre oreille”). Aprendi também que “retire vossa oreia” pode render risos por semanas.

Descobri que malas extraviadas podem voltar para casa inteiras — e com champanhe dentro. Que pessoas incríveis estão nos lugares mais inimagináveis. Que nunca se pode jogar bituca de cigarro no chão. Que seguranças de loja, ainda hoje, podem te seguir pelo fato de você ser brasileiro. Que ir para a Europa não mata sua vontade de ir para lá: apenas faz você querer ir outra vez.

Luciana Penante

15
mai

“Vai Patusco” e “Só se Cair”, dois causos turfísticos

hipodromoEm 2014, o Jockey Club do Paraná foi multado pelo Ministério da Agricultura por uma série de infrações que culminaram com a cassação da Carta Patente, que impede corridas desde julho de 2014 no Tarumã.  Para lembrar dos bons tempos das carreiras compartilho no blog dois causos turfísticos, um familiar e um pessoal.  

Chamava-se Patusco. Era um potrinho de três anos,  tordilho, com pelagem bem desbotada e acentuadas patacas. Seu dorso era comprido, acentuadamente flexível, o antebraço, muito mais curto que a pernas, a espádua, muita mais larga que a coxa.  Uma estranha assimetria que levou dono do cavalinho a colocá-lo à venda por um preço ridículo, sem ao menos fazer a estreia nas raias do Jockey Club do Paraná.  Meu avô, turfista de longa data, acalentava o sonho de ter um animal correndo com uma farda própria, ficou sabendo do negócio e arrematou o bicho por uma pechincha.  Patusco tinha bons trabalhos nos treinamentos e um mês após a compra foi inscrito num páreo para estreantes.  Alguns colunistas disseram que o animal tinha muita chance de vencer, mas que faria no mínimo o segundo lugar, chamado placê. Meu avô, confiante no desempenho do animal, convocou toda a família para acompanhar. Irmãos, irmãs, filhos, filhas, genros e noras, primos de primeiro até terceiro grau, colegas de trabalho, vizinhos, enfim, foi uma turma ao Tarumã para ver o bichinho correr. Os convidados embarcaram na empolgação. Jogaram de pá na barbada. Na abertura das apostas, Patusco era uma boa pule, pagava 4,50 por 1.  Minutos antes do páreo, meu avô dá a cartada final, aposta uma grande quantia em Patusco. Com a confiança do proprietário, a pedra caiu em 2 por 1. Patusco virou o favorito e neste momento dobrava o capital apostado. Jogo feito, cavalos e jóqueis prontos, hora do páreo. Momentos antes da largada, pelo menos é o que me contaram, meu avô grita “Vai Patusco” e o narrador começa “E atenção, foi dada a largada para o terceiro páreo da programação, Almirante larga bem pela baliza 1, mas é seguido de perto My Honey, Purpurina Errante e Pimpão. O favorito, o tordilho Patusco fica no boxe…” 

A segunda história se passa quase quarenta anos depois do ocorrido.  Convidado por um primo assíduo do turfe fui parar no Tarumã, numa tarde de sexta-feira. Estou lá bebericando um chopinho e esperando, com uma certa euforia, o terceiro páreo da reunião. Fizera uma aposta acumulada, na qual deveria acertar três vencedores de três páreos. Já acertara dois e estava jogando uma boa quantia no terceiro, um estreante chamado Hirson. Vamos ao páreo. 1.400 metros na areia. Hirson larga na ponta e tira três corpos de vantagem para o segundo colocado, chamado Hipócrates do Sul. Nos 800 metros a distância diminui, mas o cavalinho apresentava ainda um bom rendimento.  A corrida segue bem até os 1000 metros. Mostrando cansaço, era fácil vislumbrar que a diferença entre o meu escolhido e os outros animais já não era tão destacada. Nos 300 metros finais, Hirson é ultrapassado, iria garantir o segundo lugar, o que não me adiantaria. Já estou prestes a rasgar a pule, comento com meu primo assim que eles passam pelos cem metros finais. “Agora só se cair”.  Mal acabei de dizer isso, o cavalo que estava na frente pisa num buraco, bate na cerca e cai estranhamente, enquanto o jóquei de Hirson dirige o seu pilotado para o centro da raia e passa tranquilo pelo disco, para a foto da vitória. Vai entender o turfe e os seus acasos.

***

Luiz Antonio Ribas, cronista e grande conhecedor das corridas de cavalo, conta no Blog do Zé Beto os últimos anos de agonia que passou o clube, que pode vir a ser mudada com a construção do  Jockey Plaza Shopping, que deverá estar pronto até 2017, tendo como permutante proprietário, 10% participativo, o Jockey Club do Paraná, Leia aqui:  http://www.zebeto.com.br/enquanto-isso-no-jockey-club-do-parana/#.VVXkhvlVhBc

 

7
mai

Fala, Dilma

Esqueça a Lava-Jato, o desemprego, o dólar, a greve dos professores, as fábricas paradas. A culpa da crise do governo é a falta de comunicação.

Claro que tenho ouvido isso de analistas que mencionam o escasso diálogo da Dilma com as massas como uma das três ou quatro principais causas (o número depende de quem analisa) das manifestações populares. O argumento criou ainda mais corpo depois deste 1.º de maio, quando a mensagem da presidente ao trabalhador só veio pelas redes sociais. No mínimo polêmico.

press

Só para criar um parâmetro, temos os presidentes dos Estados Unidos, papas do setor. Raramente eles perdem a oportunidade de um pronunciamento oficial para expor uma opinião, um feito do governo, um bateu-levou contra algum opositor. E, nesta mecânica, dizem a que vieram.

A Dilma, em contrapartida, não tem esse belo hábito de informar. O conterrâneo jornalista Thomas Traumann,  então secretário de comunicação da presidência, supostamente deixou vazar um documento interno com críticas ao setor que ele mesmo comandava. Resultado: pediu demissão.

Para quem, como eu, é da área, parece claro que a Dilma deveria falar mais, responder mais, explicar mais, posicionar mais sua opinião. E esse recurso não deveria ser usado só agora. Ideia que vale para o presidente da república, para empresários, para autônomos e para quem se preocupa com a imagem.

Beijos,

Karin Villatore

30
abr

Em que ano estamos?

Nos últimos dias fomos surpreendidos com acontecimentos que nos causam estranheza, indignação, revolta, dúvidas, vergonha, enfim, uma série de sentimentos. O Paraná tem ganhado destaque na mídia nacional e internacional com notícias que mostram abuso de poder, descaso e perseguição. Mais uma vez nossos governantes menosprezam a classe dos professores que reivindica melhores condições de trabalho e, em troca, é recebida com violência. liberdade

Educadores que manifestaram em frente à Assembleia Legislativa foram enxotados com balas de borracha e bombas de efeito moral. O Paraná protagonizou um verdadeiro cenário de guerra contra uma classe que precisa ser valorizada. Estamos falando de educação! Uma bandeira levantada pelos políticos durante a campanha eleitoral e agora praticamente ignorada. É de educação que precisamos para garantir um Estado melhor para nossos filhos. Lamentável…

Durante as manifestações um cinegrafista da TV Bandeirantes foi mordido por um cão da polícia. Esses animais não são devidamente treinados para atacar ou não sob o comando do seu “parceiro de trabalho”, no caso o próprio policial? Quando digo animais, estou falando dos cães, viu? Embora nossos policiais e governantes tenham demonstrado atitudes irracionais também.

Mais uma vez um colega da imprensa foi vítima de agressão enquanto fazia o seu trabalho de registrar os fatos. E, por falar em imprensa, outro absurdo é a perseguição aos jornalistas da Gazeta do Povo e da RPC TV. Teve profissional que recebeu até ameaça de morte por investigar denúncias de pedofilia e corrupção na Receita Estadual do Paraná.

Afinal, em que ano estamos? A liberdade de imprensa não existe mais? Onde foi parar o respeito aos professores e a todos os cidadãos paranaenses que são vítimas de abusos da polícia e do governo? Ao acompanhar os noticiários parece que, realmente, voltamos ao século passado. Esse tipo de atitude é inaceitável para uma sociedade que busca fortalecer sua democracia e liberdade de expressão.

Aline Cambuy

23
abr

Mundo da Lua

Monica, Monica, MONICAAA…. é quase sempre assim. Duas chamadas e um berro. Não sou surda, apenas me concentro nos meus pensamentos. Até porque, quase sempre eles são bem mais interessantes do que aquilo que está acontecendo à minha volta. É assim desde criança e acho que começou quando meu pai lia histórias para mim. A que eu mais gostava era João e Maria. Lembro como se fosse hoje. Eu deitava sempre na cama dos meus pais, dava aquele cheirinho no travesseiro, ele apagava a luz, ligava o abajur e começava a leitura. Eu ficava deitadinha olhando para o teto imaginando cada detalhe da história. lua

Foi só descobrir a bendita da criatividade que minha vida mudou para sempre. Legal é descobrir, o problema é aprender a lidar com ela. Digamos que exista a “Criatividade Branca” e a “Criatividade Preta”. Vamos falar sobre a preta. A preta é aquela criatividade sacana, o verdadeiro capetinha no ombro esquerdo. Ligo para o namorado que está viajando a trabalho, mas ele não atende. Pronto, lá vem o roteiro. “Será que ele está em reunião? Claro que não, Monica! Já são 20h. Ah, então ele deve estar em um barzinho com o pessoal do trabalho. Você é idiota, Monica. É claro que ele está com uma mulher linda, conversando, rindo, bebendo e se divertindo. Ah, e eles ainda terão mais dois dias para continuar este programa, afinal a viagem de trabalho, que vai durar três dias, na verdade era para ser um bate-volta”. Enquanto a Criatividade Preta me boicotava, o mundo, ou melhor, umas 10 pessoas estavam gritando meu nome e eu, para variar, não escutava. Já era. O namorado virou ex. Criatividade Preta me boicotando mais uma vez.

Vivendo e aprendendo. Com tanto capetinha enchendo meu ouvido com Criatividade Preta, resolvi que era hora de dar um basta e comecei a dizer não para mim mesma. Ohhhh…. Isso sim é evolução. Calma, eu ainda volto atrás várias vezes. A diferença é que assumi que sou meio fora da casinha mesmo, penso pra caramba, minha criatividade vai longe e a Branca pode prevalecer à Preta. O problema agora já não é mais meu e, sim, daqueles que precisam aquecer a voz para dar uns gritinhos quando a mocinha aqui está feliz da vida no sétimo céu.

Monica Melo