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Os 4 livros de julho

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Aqui estou eu novamente para falar sobre últimos livros lidos. Eu sei, eu sei, sou muito monotemático, mas tem sempre alguém querendo dicas de livros (e eu sempre quero falar sobre isso). Então aqui vai.

  1. Não tive nenhum prazer em conhecê-los
    Autor: Evandro Affonso Ferreira

Bem, o Evandro Affonso Ferreira é um autor conceituadíssimo, vencedor de APCA e Jabuti. Portando, é meio que “alta literatura”, né? Não gosto muito dessa denominação, mas enfim. “Não tive nenhum prazer em conhecê-lo” é um romance, mas parece uma coletânea de frases, poemas e reflexões sobre a vida, a velhice e tudo o que há no meio. O autor é mestre em brincar com as palavras e em explorar nosso idioma de todas as formas. São frases nada comuns, então tudo soa original, até desafiador. Foi uma experiência gratificante. Em alguns momentos, porém, algo me soava pretensioso demais. De qualquer forma, são ótimas reflexões sobre esse mistério que é envelhecer, sem jamais cair no senso comum.

  1. Hibisco Roxo
    Autora: Chimamanda Ngozi Adichie

A adolescente Kambili mostra como a religiosidade extremamente “branca” e católica de seu pai, Eugene, famoso industrial nigeriano, inferniza e destrói lentamente a vida de toda a família.

Impressionante como esse livro é opressivo do início ao fim. Isso não é algo ruim, mas essencial para nos colocarmos um pouquinho na pele dos personagens. Ao mesmo tempo em que ‘Hibisco Roxo’ parece sufocar o leitor, quando a obra te liberta parece que você volta a respirar aliviado. Incrível.

3. O Conto da Aia
Autora: Margaret Atwood

A história acompanha a vida de Offred, uma criada na casa do líder da República de Gilead. Esta é uma sociedade totalitária onde a alfabetização foi proibida para mulheres. Ela surgiu com a catástrofe ambiental e com o avanço da baixa natalidade. Tendo como base o fundamentalismo religioso, esta sociedade trata as mulheres como propriedades do estado. Offred é uma das últimas mulheres férteis, o que a leva ser utilizada como escrava sexual com o objetivo de ajudar a repopular o planeta devastado.

Angustiante e absurdamente atual (parece romance de 2019). Infelizmente vi a série antes de ler, o que diminuiu consideravelmente o impacto. Mesmo assim, excelente.

  1. My Year of Rest and Relaxation

Autora: Otessa Moshfech

A protagonista desse livro não tem muito do que reclamar: é linda, herdeira e mora bem. Mas ela está cansada, muito cansada. Ela quer dormir por um ano. Hibernar. Se desligar do mundo todo, das pessoas, dos problemas banais. E é isso que ela faz. Planeja dormir por um ano e acordar só para fazer coisas básicas, para depois renascer uma nova pessoa.

Eu me identifiquei mais do que eu gostaria com a protagonista. A vida é cansativa e, às vezes, dá vontade de dormir por uma semana inteira. Imagina que delícia. Sem WhatsApp, sem Facebook, sem notícias desse governo maldito, sem as banalidades tão exaustivas do dia a dia. Hibernar até que a gente se sinta descansado e possa recomeçar, olhar o mundo de outra forma.

Rodrigo de Lorenzi

 

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