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15
mai

“Vai Patusco” e “Só se Cair”, dois causos turfísticos

hipodromoEm 2014, o Jockey Club do Paraná foi multado pelo Ministério da Agricultura por uma série de infrações que culminaram com a cassação da Carta Patente, que impede corridas desde julho de 2014 no Tarumã.  Para lembrar dos bons tempos das carreiras compartilho no blog dois causos turfísticos, um familiar e um pessoal.  

Chamava-se Patusco. Era um potrinho de três anos,  tordilho, com pelagem bem desbotada e acentuadas patacas. Seu dorso era comprido, acentuadamente flexível, o antebraço, muito mais curto que a pernas, a espádua, muita mais larga que a coxa.  Uma estranha assimetria que levou dono do cavalinho a colocá-lo à venda por um preço ridículo, sem ao menos fazer a estreia nas raias do Jockey Club do Paraná.  Meu avô, turfista de longa data, acalentava o sonho de ter um animal correndo com uma farda própria, ficou sabendo do negócio e arrematou o bicho por uma pechincha.  Patusco tinha bons trabalhos nos treinamentos e um mês após a compra foi inscrito num páreo para estreantes.  Alguns colunistas disseram que o animal tinha muita chance de vencer, mas que faria no mínimo o segundo lugar, chamado placê. Meu avô, confiante no desempenho do animal, convocou toda a família para acompanhar. Irmãos, irmãs, filhos, filhas, genros e noras, primos de primeiro até terceiro grau, colegas de trabalho, vizinhos, enfim, foi uma turma ao Tarumã para ver o bichinho correr. Os convidados embarcaram na empolgação. Jogaram de pá na barbada. Na abertura das apostas, Patusco era uma boa pule, pagava 4,50 por 1.  Minutos antes do páreo, meu avô dá a cartada final, aposta uma grande quantia em Patusco. Com a confiança do proprietário, a pedra caiu em 2 por 1. Patusco virou o favorito e neste momento dobrava o capital apostado. Jogo feito, cavalos e jóqueis prontos, hora do páreo. Momentos antes da largada, pelo menos é o que me contaram, meu avô grita “Vai Patusco” e o narrador começa “E atenção, foi dada a largada para o terceiro páreo da programação, Almirante larga bem pela baliza 1, mas é seguido de perto My Honey, Purpurina Errante e Pimpão. O favorito, o tordilho Patusco fica no boxe…” 

A segunda história se passa quase quarenta anos depois do ocorrido.  Convidado por um primo assíduo do turfe fui parar no Tarumã, numa tarde de sexta-feira. Estou lá bebericando um chopinho e esperando, com uma certa euforia, o terceiro páreo da reunião. Fizera uma aposta acumulada, na qual deveria acertar três vencedores de três páreos. Já acertara dois e estava jogando uma boa quantia no terceiro, um estreante chamado Hirson. Vamos ao páreo. 1.400 metros na areia. Hirson larga na ponta e tira três corpos de vantagem para o segundo colocado, chamado Hipócrates do Sul. Nos 800 metros a distância diminui, mas o cavalinho apresentava ainda um bom rendimento.  A corrida segue bem até os 1000 metros. Mostrando cansaço, era fácil vislumbrar que a diferença entre o meu escolhido e os outros animais já não era tão destacada. Nos 300 metros finais, Hirson é ultrapassado, iria garantir o segundo lugar, o que não me adiantaria. Já estou prestes a rasgar a pule, comento com meu primo assim que eles passam pelos cem metros finais. “Agora só se cair”.  Mal acabei de dizer isso, o cavalo que estava na frente pisa num buraco, bate na cerca e cai estranhamente, enquanto o jóquei de Hirson dirige o seu pilotado para o centro da raia e passa tranquilo pelo disco, para a foto da vitória. Vai entender o turfe e os seus acasos.

***

Luiz Antonio Ribas, cronista e grande conhecedor das corridas de cavalo, conta no Blog do Zé Beto os últimos anos de agonia que passou o clube, que pode vir a ser mudada com a construção do  Jockey Plaza Shopping, que deverá estar pronto até 2017, tendo como permutante proprietário, 10% participativo, o Jockey Club do Paraná, Leia aqui:  http://www.zebeto.com.br/enquanto-isso-no-jockey-club-do-parana/#.VVXkhvlVhBc

 

7
mai

Fala, Dilma

Esqueça a Lava-Jato, o desemprego, o dólar, a greve dos professores, as fábricas paradas. A culpa da crise do governo é a falta de comunicação.

Claro que tenho ouvido isso de analistas que mencionam o escasso diálogo da Dilma com as massas como uma das três ou quatro principais causas (o número depende de quem analisa) das manifestações populares. O argumento criou ainda mais corpo depois deste 1.º de maio, quando a mensagem da presidente ao trabalhador só veio pelas redes sociais. No mínimo polêmico.

press

Só para criar um parâmetro, temos os presidentes dos Estados Unidos, papas do setor. Raramente eles perdem a oportunidade de um pronunciamento oficial para expor uma opinião, um feito do governo, um bateu-levou contra algum opositor. E, nesta mecânica, dizem a que vieram.

A Dilma, em contrapartida, não tem esse belo hábito de informar. O conterrâneo jornalista Thomas Traumann,  então secretário de comunicação da presidência, supostamente deixou vazar um documento interno com críticas ao setor que ele mesmo comandava. Resultado: pediu demissão.

Para quem, como eu, é da área, parece claro que a Dilma deveria falar mais, responder mais, explicar mais, posicionar mais sua opinião. E esse recurso não deveria ser usado só agora. Ideia que vale para o presidente da república, para empresários, para autônomos e para quem se preocupa com a imagem.

Beijos,

Karin Villatore

11
fev

Brasil: um País de poucos

Quando temos noção real do que são os outros países, dificilmente chegamos a uma conclusão positiva a respeito do Brasil. Eu sou brasileira, nasci e cresci aqui, cidadã que paga seus impostos (e quantos são mesmo?) e, até pouco tempo atrás, defendia bastante o pedaço de terra que chamamos de pátria. Mas alguns acontecimentos recentes me fizeram mudar de opinião.

No ano passado viajei para o que é considerado o interior da Hungria: Szeged. Fui a trabalho, mas conhecendo a cidade no tempo livre, me apaixonei. Szeged é aconchegante e deve fazer parte de todo roteiro de viajante que quer conhecer cidades “desconhecidas”. Ela tem diversos bares e sorveterias ao ar livre, museus, transporte público impecável, uma vida noturna bem agitada no verão e outros diversos atrativos. Mas, o que mais me saltou aos olhos foi a beleza da arquitetura minimalista e elegante da cidade, pois tudo lá é um mimo. Bem decorado, impecavelmente limpo e iluminado, o centro de Szeged é uma atração à parte. Como se não bastasse, a cidade tem, nos campos ao seu redor, plantações e mais plantações de girassóis, paisagem que enche os olhos. image1

Neste ano eu e meu marido fomos para a Califórnia (sim, levar a vida numa boa, rs) de férias. Passamos por quatro estados dos Estados Unidos da América: Califórnia (Los Angeles, San Diego e San Francisco), Arizona (Flagstaff), Nevada (Las Vegas) e Geórgia (Atlanta). Isso sem contar a Highway 1 e a 17 Mile Drive, estradas que costeiam a costa Oeste do país, que são nas encostas das montanhas, banhadas pelo Oceano Pacífico, que fizemos de carro. Todos são lugares incríveis, com destaque maior, na nossa opinião, para San Diego, lugar que tem o embarcadero mais bonito que já vi, museus de sobra, zoológico (com panda gigante, urso polar e elefante), porta-aviões que virou museu… Enfim, se eu escrever aqui tudo, ficarei muito tempo falando das belezas do lugar. Só digo que, em todos os lugares, tivemos vontade de ficar. Mas em San Diego queríamos morar, criar nossos filhos e ter netos.

Confesso que a minha opinião sobre as terras do Tio San mudaram muito depois deste tempo lá. Eu era um pouco preconceituosa com relação aos norte-americanos, tinha aquela visão que todos eram selvagens capitalistas. Mordi a língua. Durante nossa estadia lá nunca faltaram com respeito conosco. Absolutamente todas as pessoas foram amáveis e simpáticas. Quando não puxavam conversa elas eram extremamente educadas. É um país de primeiro mundo, um carro básico e compacto é um Corolla e você enche o tanque dele com cerca de 20 dólares. Todos os lugares são impecavelmente limpos e toda a estrutura do país é pensada para pessoas. Aí você vai me dizer que no Brasil também é. Não, não é. Lá temos as higways (supervias de trânsito) que fazem o trânsito pesado fluir em vários sentidos e pra todas as direções. Lá temos acesso para deficientes em todos os lugares. A quantidade de banheiros públicos é surreal. Não basta ter banheiro público, ele é limpo, cheira bem e tem tudo de que você precisa: protetor do vaso sanitário, papel higiênico, sabonete na pia e toalha de mão.

image2Não, as coisas não são caras por lá. E o que é vale cada centavo do preço que se paga. Acho que nem preciso dizer que roupas, maquiagens, acessórios de beleza, cosméticos e produtos no geral são absurdamente mais baratos que aqui. A única coisa que perde é a comida, pois quase tudo é exagerado e sem um gosto e sabor definido, tudo com muito açúcar e gordura ou com muito sal e pimenta.

Uma coisa que me impressionou demais foi a educação do povo. Quando estávamos tirando fotos nos lugares as pessoas passavam pela gente, sorrindo e perguntando, carinhosamente, se queríamos que eles tirassem uma foto nossa juntos. Em todos os postos de gasolina, lojas, restaurantes, lanchonetes e mercados, nenhum vendedor fica em cima de você. Cada um vai, pega e paga, sem complicações. Tirando que em vários lugares existem os autosserviços de pegar e pagar, sem ninguém fiscalizando se você está pagando mesmo.

Enfim, só tivemos pontos positivos. O negativo foi chegar no Brasil, meu país, e ser mal tratada no aeroporto, gastar 130 reais de gasolina pra encher o tanque do carro, ficar sabendo que o preço do combustível subiu novamente, ver o IPVA, IPTU, contas e mais contas só aumentando. Enquanto isso, o governador aumenta o seu próprio salário, vereadores fazem gastos absurdos somente para a verba de gabinete ser mantida e quem tem que pagar a conta e o pato é o povo brasileiro. Pior ainda é saber que foi o povo que elegeu a corja de corruptos que lidera o país, o estado e a cidade.

Sei que ainda tenho esperança de que as coisas melhorem. Mas o Brasil não é um país de todos não, é um país para poucos.

Fabíola Cottet

5
fev

Conheça a trajetória de Mira Graçano, parceira de Media Training da Talk

A jornalista Mira Graçano é parceira de Media Training da Talk e realizou, no ano passado, um treinamento pela Talk com os médicos do Lâmina Medicina Diagnóstica, em Santa Catarina.

Mira é referência no jornalismo do Paraná. Trabalhou em redes de grande renome, como RPC mira graçano2TV, SBT, Rádio CBN e RIC TV. Desde 2001, realiza treinamentos para executivos. Alguns dos clientes em seu portfólio são a Embratel, Correios, Ecovia, Detran, TIM, VIVO, Ecocataratas, Grupo Marista e o Grupo Positivo.

Conheça um pouco mais sobre a trajetória da jornalista em texto assinado por ela e publicado em seu blog pessoal (https://miragracano.wordpress.com/):

“Sou jornalista de profissão… paranaense de coração…mineira de alma e berço.

Em 1989 cheguei à rodoferroviária de Curitiba com o coração apertado: é aqui que vou virar profissional. Tímida, cabelo hippie, menina de interior. Tinha a meu favor a santa criatividade que Deus me deu… facilidade para escrever…desenvoltura para representar ( herança do curso de teatro com o saudoso Jaime Barcellos).

Logo surgiu a primeira oportunidade: editora no Jornal do Estado. Nomes, hoje consagrados no jornalismo, estavam na mesma Redação. Thomas Traumann, Jorge Narozniak, tantos outros. Três meses depois, lá estava mineirinha fazendo reportagens para a Rede OM de Televisão, que retransmitia a programação da TV Bandeirantes. Nestas alturas, a Mirinha de Minas se transformava na jornalista Mira Graçano.

Quando a TV Iguaçu-SBT decidiu montar uma equipe forte, no auge de Boris Casoy, fui para a emissora. Bons tempos de Manoel Carlos Karan. Foi aí que tive a primeira experiência na apresentação de um telejornal. O apoio da equipe era admirável. Voltei para a Rede OM quando a emissora foi transformada em Rede Nacional – CNT e fiquei até Curitiba ter a sua primeira grande rádio de notícias: CBN!! Essa foi a minha escola de entrevistas mais profundas, capacidade de improvisação, empatia com o público. Uma marca que me levou a apresentar telejornais da RPCTV por dezesseis anos e a conquistar homenagens na Assembléia Legislativa do Paraná, Câmara de Vereadores de Curitiba, prêmio nacional por um programa “Globo Comunidade”, produzido, editado e apresentado por mim.

Foi Deus quem arquitetou esta jornada.

Hoje quero compartilhar o que mais aprendi – o caminho para a comunicação com eficiência e credibilidade”.

 

4
fev

Os opostos se repelem

Assisti no final do ano passado ao Sem Pena, um documentário impressionantemente inteligente sobre o sistema penitenciário brasileiro. Depoimento soco no estômago vai, depoimento chute no joelho vem, a fala de um sujeito (eram só as vozes, sem mostrar o rosto) sobre a hipocrisia dessa modinha da inclusão enquanto, na verdade, queremos mais é que os diferentes se explodam, de preferência longe de nós.

Era bem mais que isso a teoria do cara que, no final, foi identificado como um filósofo. Meu brainsfilho, estudante de Filosofia, explicou que a base do argumento era nietzcheniana. Show.

Reflexiva, na saída do cinema fiquei pensando na raiva dos tucanos contra os petistas (e vice-versa), de torcedores chamando jogador de futebol de macaco e, o que vem me tocando mais, no preconceito dos curitibanos contra os imigrantes haitianos. Os refugiados se espalharam pelo Brasil inteiro. Mas, até onde sei, só aqui eles estão tendo efetivamente problemas. Sofrem preconceito pesado, são considerados foco de ebola pela ignorância dos que não têm a menor ideia de onde fica o Haiti – ou de onde vem o vírus -, falam idiomas – no plural – diferentes do Português.

Mas o pior mesmo é que eles são pretos retintos. Numa cidade em que bronzeado de praia já é quase ser um negro zulu, a cor da pele dos haitianos arrepia pelos polacos. Na dúvida, Curitiba não hesita. Rechaça. Nascida aqui, sinto vergonha. E, assim como todo mundo, não faço nada.

Karin Villatore

28
jan

Os diversos caminhos das palavras

Houve um tempo em que eu escrevia sem parar. No fim do caderno, na agenda, na mesa, no banco da sala de aula, na parede do meu armário. Sentia a necessidade de me expressar através das palavras – as quais eu não mostrava para ninguém. Era como se elas, as palavras, fizessem com que eu me entendesse melhor, ou talvez elas me compreendessem de um jeito que nem eu saberia fazer. Não sei quando aconteceu, mas a ânsia por escrever foi parando com o tempo. Tive um blog genial, com um título genial e uma ideia genial. Não saiu do total de 03 posts. Quem sabe um dia eu ainda o retome, para ver se retomo também o gosto pelas palavras – que devem estar se sentindo esquecidas. Elas, que me ajudaram tanto nos momentos mais difíceis.

Houve também um tempo em que eu acreditava que as minhas palavras eram mágicas. Como se elas fossem tão fortes que pudessem fazer acontecer o que eu desejasse. Um dia, no início da minha adolescência, li que eu deveria escrever o que mais queria e colocar no meio da
2bíblia. É, da bíblia. Não sei se foi vontade divina, mas deu certo. Evento semelhante aconteceu anos depois, mas desta vez sem nenhuma intervenção do cara lá de cima. Escrevi meus sentimentos mais obscuros, que eu não revelava para ninguém, nem para mim mesma, num moleskine no qual eu só escrevia com caneta preta de gel. As coisas mudaram e aconteceram conforme aquele conjunto de letras havia sido montado. A mudança não foi boa e eu percebi que aquilo, escrito num momento de tanta sinceridade, não era tão honesto assim. O resultado foi um autoconhecimento que carrego comigo até hoje.

Houve depois o tempo em que as palavras se tornaram obrigação. Perderam a minha personalidade e a mágica, mas não o encanto. Ficaram mais sérias, questionaram vertentes filosóficas, discutiram fatos políticos e relataram acontecimentos, bons e ruins. Aprenderam a se transformar em um lead, a responder os 5W, a fazer pausa para o TP e a resumir um texto de duas laudas em passagens e OFFs. Esqueci as palavras que sentiram minhas lamúrias e parti para aquelas que me ajudaram a redigir currículos, a fazer relatórios, a anotar meus compromissos. Troquei as letras de música por anotações perdidas sobre eventos importantes. Guardo uma coleção de caderninhos e canetas que esperam as palavras antigas voltarem. E eu sei que elas um dia voltam, pois, adaptando as célebres palavras escritas por Oswaldo Montenegro em um dos meus poemas favoritos, metade de mim é sentir, e a outra metade também.

Amanda Pofahl

21
jan

Sobre aquilo que podemos evitar

Não sei se é por causa do inferno astral ou se porque, realmente, estou cada dia mais crica, mas a questão é que não consigo mais ler notícias. Deixa eu me explicar. Não consigo mais ler notícias, pois não há mais nada para ler.

Por conta da rotina, me informo pela internet. Acesso sites de notícias, acompanho as manchetes pelo Facebook, dou uma olhada nas linhas do Twitter e, cada vez mais, me defronto com um imenso Buzzfeed.

Não tem um dia que eu abra as redes sociais de grandes veículos e não tenha um post preguiçoso. Sabe aquela matéria que você não tem que entrevistar ninguém, que qualquer coisa que você escreva vai parecer real e que terá milhares de visualizações? Então, é disso que estou falando…

Listas e mais listas de vazio: 10 coisas que você precisa saber agora que é chefe. 10 livros que te ajudarão a ganhar dinheiro em 2015. Saiba quem foram as 50 maiores personalidades de 2014. Oito dicas para combater a insônia. Veja cinco pontos infalíveis para o bom relacionamento na empresa. Saiba se seu chefe te odeia em 13 passos. É só o que eu leio nas redes sociais de grandes veículos.

Lembro de ouvir repetidas vezes enquanto criança os versos dos Titãs dizendo que “a televisão me deixou burro, muito burro demais”.  Hoje percebo que esse sentimento também se aplica às redes sociais. Por que cazzo nós, jornalistas, não conseguimos nos aprofundar? Por que não apuramos os fatos? Por que pedimos para a assessoria de imprensa conseguir personagens para nossas matérias? Por que as fontes não são boas o suficiente para propor discussões sobre o tema? Por que tenho que estar conectado o tempo todo? Por que fazer listas de coisas desinteressantes e achar que estou exercendo meu papel de jornalista?

Será que somos nós ou é o público quem não consegue ler e interpretar uma matéria e prefere ver listas infindáveis sobre coisas irrelevantes? E se for isso, por que não nos propomos a fazer jornalismo acessível e de qualidade sem ter que criar rankings estúpidos. Apurar, entrevistar, pensar em pautas, trazer depoimentos, dados, números, ideias, discussões. Por que temos que ser paladinos da justiça ao invés de simplesmente sermos jornalistas?

Enquanto não temos essas respostas, te proponho um exercício: não clique nessas listas. Não escreva nada nos comentários, não dê audiência para esse tipo de conteúdo. Se for inevitável, por favor, não ache que é tudo verdade. E depois, podemos fazer uma lista das 50 listas mais engraçadas/bobas/interessantes que tivemos acesso. Que tal?

15
jan

Ainda sonho com o jornalismo ideal para o mundo

O mundo está de cabeça para baixo, são inumeráveis crises e conflitos que, dia após dia, nos chocam e nos comovem. Quando dois atiradores entram em uma redação de jornal e matam 12 pessoas, todos ficamos estarrecidos com tamanha crueldade e sangue frio. A coisa fica mais assustadora ainda quando surgem alguns vídeos que mostram os terroristas em ação nas ruas de Paris, gritando e atacando policiais. Infelizmente, 2015 começou com uma tragédia.

Mais do que uma comoção e o choque, os ataques ocorridos na capital francesa me trouxeram algumas questões jornalísticas relevantes.

A primeira delas diz respeito aos “critérios de noticiabilidade” que têm direcionado a cobertura dos grandes veículos nos últimos dias (e em muitas outras ocasiões) e que, se me permitem, presssão asquerosos. Para os atentados odiosos na França, na Europa que tem dinheiro, em Israel e nos EUA, todas as manchetes, plantões e debates, sempre. Para as centenas de milhares de vítimas de todos os dias na África, na Palestina, nas favelas brasileiras e em outros rincões de que quase nunca ouvimos falar, uma notinha escondida em algum pé de página, como se fossem eventos distantes e irrelevantes.

Pode parecer sonho de um jornalista recém-formado que, aos 24 anos de idade, ainda acredita que sua profissão pode mudar o mundo, mas quantas vidas poderiam ter sido poupadas se apenas uma ínfima parte da atenção que está sendo dada pela imprensa aos acontecimentos em Paris tivesse sido dispensada às milhares de vítimas recentes do terror na Nigéria? Isso só pra dar um exemplo atual. Mas há outros. Há muitos outros. Há não muito tempo, a Organização das Nações Unidas (ONU) e os Estados Unidos fizeram pouco caso de um genocídio em Ruanda. E a imprensa só fingiu acordar para o horror depois que centenas de milhares de cadáveres já apodreciam nas ruas… Óbvio que fico chocado, indignado e até emocionado com o que aconteceu na França. Mas não podemos ignorar os fatos para os quais boa parte do jornalismo ocidental fecha os olhos sistematicamente, como se algumas diretrizes dos manuais de redação não pudessem ser ignoradas de vez em quando, em nome de um jornalismo mais humano.

A segunda questão fica por conta da forma de apurar os fatos acontecidos em um momento de crise/tragédia: por que tanta avidez por notícias que não são apuradas, mas apenas coletadas das fontes oficiais? Será que, devido ao calor das circunstâncias, as forças policiais da França (ou de qualquer outro país) podem ser acreditadas como se nunca houvesse nada a questionar? O que vale é a voz oficial e só a voz oficial? Estou pedindo demais? Talvez sim, e talvez se estivesse em uma cobertura dessas, eu teria feito exatamente a mesma coisa. Mas será que não há alternativas de fontes? Não há histórias paralelas que dão novos pontos de vista aos acontecimentos ou que tragam curiosidades e levantem novas questões aos debates? Não sei se tenho a respostas pra tudo isso, talvez não.

A situação é complicada, claro. O que sei é que esse não é o jornalismo que quero para o Mundo.

Lucas Reis

8
jan

Ano novo, novos desafios!

Logo no primeiro dia útil do ano iniciei um novo desafio profissional. Após um breve período de dedicação à maternidade, fui convidada para assumir a coordenação da Talk Assessoria de Comunicação. Esta oportunidade me deixou bastante animada. Conheço a seriedade e o profissionalismo desta empresa. Além disso, já estava com muita saudade da rotina de assessoria de imprensa.2015

Em 2014 resolvi me afastar temporariamente do mercado após 11 anos. Escolhi ser mãe. Planejei a gravidez e, após o nascimento do pequeno, optei por me dedicar prioritariamente a ele. Pude amamentar com muita tranquilidade e participar ativamente do seu primeiro ano de vida. Foi sensacional!

Agora chegou o momento de retomar a rotina que tanto me fascina. Trabalhar com comunicação empresarial é algo que me motiva, me encanta e me desafia o tempo todo.

Ainda estou na primeira semana de trabalho, mas já posso dizer que encontrei um ambiente saudável e uma equipe formada por competentes jornalistas. Além disso, na carteira de clientes estão empresas que são referências no mercado e que utilizam a comunicação como ferramenta estratégica de gestão.

Tenho certeza de que 2015 será um ano bastante produtivo! Um Feliz Ano Novo!

Aline Cambuy

18
dez

2014, um ano estranho

O que escrevi no título deste último post do ano foi a menção que mais tenho ouvido sobre 2014. Não sei se foi por causa da Copa do Mundo no Brasil, que estraçalhou as agendas e deixou a gente quase ilhado no próprio país. Ou se foi devido às eleições presidenciais mais concorridas da nossa jovem democracia. Quem sabe foi porque a gente não sabia ao certo growth2aonde esses dois grandes eventos iriam chegar, se haveria quebra-quebra nas ruas ou se tudo daria certo no final.

 2014 foi tão estranho que, pasmem, a Talk continuou, pelo sétimo ano consecutivo, crescendo. Não só aumentou os ganhos como também a infra. Escritório novo, equipe nova, equipamentos de TI tinindo de novos. Isso tudo num ano maluco é de, no mínimo, causar estranheza, concordam? Mas só consigo achar um motivo para essa nossa braçada contra a maré: a qualidade do nosso trabalho.

E, bem aqui de pé de ouvido, adianto que temos novidades muito legais já programadas para o ano que vem. Que venha 2015!

 Valeu, ano estranho, e beijos a todos,

 Karin Villatore