Cheguei em Nova Iorque na segunda-feira de manhã. Neurose de sempre na chegada. Tive que deixar meu isqueiro na alfândega (proibido levar produto inflamável, disse a moça da segurança) e assistir a um grupo de paquistaneses ser deportado. A porta do aeroporto se abriu para um vento cortante e a descoberta de que a distância entre a cidade de Nova Iorque e Long Island era bem maior do que eu imaginava.
Quase duas horas depois, cheguei ao hotel. Fiz um rápido check-in e voltei a Nova Iorque para visitar redações. Antes, comprei um celular local.
No pomposo prédio do The New York Times tive a sorte de ser recepcionada por um porteiro casado com uma gaúcha. Tudo bom com você?, ele me perguntou. Conspiração do bem, conheço pessoas surpreendentemente amáveis, inclusive a única jornalista brasileira que trabalha naquele jornal, uma baiana/carioca com quem conversei por algum tempo.
Os jornalistas do The New York Times trabalham em baias e a redação, enorme, tem aquários para reuniões. De lá fui à TV Globo, que tem uma redação maior do que eu imaginava e uma diretora extremamente simpática. No final do dia, os US$ 100,00 de crédito que tinha colocado em meu celular pré-pago terminaram. Precisava economizar nas conversas com a equipe no Brasil. Dormi mal e estava ansiosa.
Na terça-feira comprei bastante crédito para o celular, passei o dia fazendo contatos por telefone e email. Confirmei mais algumas presenças de correspondentes brasileiros na cobertura do interrogatório. A Internet do hotel era péssima, o que aumentava a angústia. Dormi mal de novo. Na quarta-feira aconteceria o primeiro interrogatório.
Karin Villatore