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26
nov

“Os Dez Mandamentos” e a beleza do kitsch

moises

Nesta semana, teve fim a tão comentada novela do horário nobre da Rede Record, “Os Dez Mandamentos”. Ou, conforme o espectador descobriu, não foi um final propriamente dito: no ano que vem, a partir de março, haverá uma segunda temporada das histórias  da trupe de Moisés. Que a emissora tentou, a todo custo, prolongar o sucesso da atração, é fato. Que ela perdeu qualidade por isso, idem. Isso não quer dizer, contudo, que a adaptação escrita por Vivian de Oliveira não tenha o seu valor.

Mas antes de falar sobre isso, gostaria de comentar acerca das “opiniões especializadas” sobre o assunto. Se a novela gerou boa audiência, chegando por vezes a bater a Globo, a crítica, digamos, “profissional”, de imprensa, a desprezou.

Na Folha de S. Paulo – exemplo que escolho citar aqui por se tratar do maior jornal do país, e cuja análise resume bem a tônica geral – podemos ler um texto que é mais revelador sobre quem o escreveu – suas idiossincrasias, seus juízos de valor etc – do que sobre a história de Moisés e companhia. Escreve a repórter, acerca do capítulo mais aguardado, no qual os hebreus atravessam o Mar Vermelho: “O senso do espetáculo era tanto que ao primeiro sinal do mar abrindo Fafá de Belém poderia surgir cantando ‘vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão, e Galvão Bueno narraria esbaforido: ‘É tetraaaaa!’”.

Toda crítica é, sim, uma tomada de posição. Mas isso não significa que o crítico não deva ter um domínio dos códigos que propõe analisar. Do contrário, a crítica se torna mera impressão – algo de que a internet já está cheia.

Dentre as muitas críticas “especializadas” que pulularam pela web estão as que dizem respeito ao aspecto religioso dos donos da emissora, em cujo mérito não entrarei. Em outras, podemos ler ressalvas sobre certo “engessamento” ou “artificialidade” dos atores. Pois uma telenovela, dizem os entendidos de plantão, deve ser naturalista, isto é, ter atuações que façam jus à realidade.

Essa visão de que à novela cabe ter os pés fincados na realidade, me parece, é uma boa razão para explicar a queda de audiência das novelas da Globo no horário das 21 horas. A emissora parece crer nessa estética do real, ao menos na faixa em questão. E, indo além, parece buscar certa inspiração dos anti-heróis contemporâneos, presentes em seriados norte-americanos, ainda que por vias um tanto tortas.

Na recente Babilônia, por exemplo, quem estivesse zapeando e caísse no canal enquanto a atração era transmitida poderia conferir a qualquer instante as protagonistas, ambas vilãs, em pé de guerra, sempre ofendendo muito uma a outra. Em um seriado americano, de doze capítulos por temporada, e uma hora por semana, tal fórmula “pesada” pode até funcionar bem. Mas numa atração diária, em horário nobre, pode ser bastante cansativa – razão primordial do fracasso de Babilônia, acredito. Pois de amarga, já basta a vida.

“Os Dez Mandamentos” caminhou justamente na direção oposta. Seu charme residiu em seu aspecto de exagero: na voz de radialista das antigas de Deus enquanto conversava com Moisés; nos rompantes de fúria do faraó, vilão arquetípico, contra os hebreus; em certa inocência/simplificação no retrato das relações humanas, sejam de amor ou familiares. Há uma beleza, algo de lúdico, no kitsch produzido pela Record.

Some-se também o aprimoramento não apenas cosmético como estético – sim, até as escolhas da decupagem Record ficaram mais sofisticadas, menos aleatórias, se comparadas com atrações antigas – com o fato de que temos agora uma versão brasileira de uma narrativa tradicionalíssima da cultura ocidental, e possuímos razões de sobra para entender o sucesso da novela de Moisés.

 Daniel Felipe

18
nov

O homeopata e a melhor tapioca do mundo

homeopataEsses dias fui ao homeopata – coisa que não fazia desde criança. Não lembrava como uma consulta podia ser tão divertida. O médico, um daqueles da velha guarda, abriu seu livrão e começou a fazer perguntas aparentemente aleatórias que no final dariam em um diagnóstico para meus males. “Você dorme com os pés cobertos ou descobertos?” Perguntou o homeopata, com aquela cara de muito interesse que eles têm. E assim a consulta transcorreu, com várias perguntas que pareciam um tanto aleatórias e outras que me fizeram pensar na vida. Sempre com um assunto recorrente: o meu interesse por gatos. Tipo: dez perguntas e, de repente: “E você gosta de gatos?”. É, eu também não entendi.

Depois de uma meia hora de perguntas – algumas bem embaraçosas – uma receita com gotinhas que devem mudar minha vida. E um aviso: “você só precisa deixar de comer duas coisas: leite e trigo”. Ou seja: basicamente tudo! Mas, de fato, manipulei as gotinhas, cortei o glúten (já não sou muito de leite – só diminui o queijo) e tenho me sentido melhor. Continuo gostando de gatos.

E a tapioca? A tapioca substitui o pão. E tenho uma dica pra quem não consegue deixar a massa de tapioca igual aquelas de feira: não precisa peneirar, é só espalhar a goma sobre a frigideira fria. Aí você modela a massa e só depois liga a boca do fogão. Depois é só esperar a tapioca esquentar pra dar liga e rechear. Meus cafés da manhã nunca foram tão gostosos!

Luciana Penante

12
nov

É Natal!

Abro a agenda e me dou conta de que estamos quase na metade do mês de novembro. As lojas já estão tomadas por promoções de Natal. Nas vitrines são muitas as opções de presentes e de artigos de decoração. Eu me realizo, amo enfeitar a casa. Montar pinheirinho com as crianças é um programa divertido. Gosto de pensar em cada detalhe, na harmonia das cores, nos enfeites da cozinha, nas louças personalizadas, na guirlanda da porta, nas luzes, enfim, em poucos dias, cada pedacinho da minha casa lembrará o Natal.

natal

Mas o Natal para mim é muito mais e tem um significado pra lá de especial. Na noite do dia 24 de dezembro, tradicionalmente, recebo a família para um jantar na minha casa. Sem dúvida é o principal encontro do ano, quando conseguimos reunir quase todos. É impressionante como a família cresce. E não estou falando apenas da chegada de novos membros, como os sobrinhos que nasceram recentemente ou os que estão por vir. Estou falando também da namorada do cunhado, da tia da cunhada, do amigo do irmão, etc. Sempre recebemos esses agregados de braços abertos e o Natal fica mais alegre a cada ano.

É claro que vamos trocar presentes, comer peru, arroz à grega e salpicão. Mas o Natal é infinitamente maior. Um momento de reflexão, de perdão e de muito amor. E para mim, especialmente, significa a união da família. De uma família que possui diferenças e semelhanças, como todas as outras. Gosto da palavra havaiana Ohana, que significa família, e gosto mais ainda da definição de família para os havaianos, que consideram que uma família é formada por todas as pessoas cuja relação é baseada no afeto e no convívio, independentemente dos laços de sangue.

Feliz Natal!
Aline Cambuy

5
nov

Nos tempos da inflação

2015-781537170-20150109163902201rts.jpg_20150109Fazia tempo que a gente não tinha inflação. Convivo com um monte de gente que não faz a menor ideia do que era fazer supermercado na época em que os preços chegavam a aumentar enquanto você dava as costas para a prateleira. Era um tal de receber o salário, duas vezes por mês porque a defasagem a cada quinze dias destroçava com o valor do dito cujo, e sair correndo fazer uma compra gigantesca. Dois, três carrinhos cheios. Fila espetacular. Estoque de leite condensado, produto de limpeza, qualquer não perecível que aparecesse pela frente.

Lembro que, no final da década de 80, quando voltava de um intercâmbio de seis meses nos Estados Unidos, recebi da aeromoça um jornal brasileiro. Tinha um encarte da Americanas. Passei um tempão fazendo a conversão da moeda nacional da época e tentando decifrar se o que estava anunciado era barato ou caro. Não consegui descobrir.

Também não acho bacana ir ao supermercado hoje, fazer uma compra grande e ouvir da mulher do caixa que fazia tempo que ela não via um carrinho tão cheio. Mas minha memória só me faz pensar que tudo vai dar certo.

Beijos,

Karin Villatore

 

23
out

O futuro já começou

Se você esteve na superfície da Terra com acesso a algum meio de comunicação nesta semana, já deve estar careca de saber que a última quarta-feira, 21 de outubro, é a data em que Marty McFly, Doc Brown e Jennifer Parker chegam ao “futuro” idealizado no segundo filme da trilogia De Volta para o Futuro, lançado em 1989.

greatA internet enlouqueceu, e no mundo inteiro pipocaram festas e homenagens ao future day – ainda que o 2015 real seja bem diferente daquele imaginado por Robert Zemeckis na película. Eu mesmo, que há 9 anos e meio lidero uma banda chamada DeLorean (o carro transformado em máquina do tempo no filme), organizei uma dessas festas – no Sheridan’s, com direito a um DeLorean de verdade. Claro que bombou (e isso que era quarta-feira!).

Toda essa repercussão é fruto do fascínio exercido desde sempre na humanidade pelas viagens no tempo em geral – e a possibilidade de conhecer o futuro em particular. Muitas histórias já fizeram sucesso explorando o tema, como A Máquina do Tempo, O Exterminador do Futuro, Dr. Who, O Homem do Futuro e Bill e Ted, por exemplo.

Claro que (pelo menos por enquanto) uma viagem como a feita pelo DeLorean Time Machine não passa de ficção. Mas um bom conselho para controlar a ansiedade daqueles que sofrem tentando desvendar o futuro foi dado pelo próprio Doc Brown neste vídeo promocional da trilogia, que circulou no dia 21 na internet: “O futuro só depende de você. Então faça direito!”. 😉

Confira o vídeo completo aqui: http://on.fb.me/1MTLFPj

16
out

Vida sentimental em tempos de Tinder

x s2Cada vez mais tenho escutado de amigos frases como “está tão difícil encontrar alguém legal pra namorar”. Eles reclamam que hoje em dia não se pode levar ninguém a sério, já que todo mundo que está solteiro, eles dizem, fala ao mesmo tempo com duas, quatro, seis pessoas ao mesmo tempo. Só que os mesmos que dizem isso também estão de papo com suas cinco ou seis pessoas, solteiros na pista, prontos pra qualquer negócio.

Essas, me parecem, são as características mais marcantes da geração que está solteira em tempos de Tinder, Whatsapp e Facebook Messenger. A oferta é muito grande; a possibilidade de conversas paralelas, infinita.

Refletir sobre esse assunto me levou a um texto bastante interessante, publicado na revista americana Vice e replicado, no Brasil, pela Folha de S. Paulo, cuja leitura recomendo. Em “Por que o Facebook sugere que você adicione os matches do Tinder?”, a autora disserta acerca desse cardápio humano que é o aplicativo de relacionamentos Tinder, e comenta, como o título já indica, sobre como o Face anda sugerindo “amizades” com pessoas com as quais você tenha tido matches – mesmo aquelas mais chatinhas, ou ainda aquelas com as quais você teve um encontro e percebeu que eram completamente diferentes pessoalmente em relação às fotos.

A mim, chamam atenção nesse tópico pelo menos dois fatores. 1) O quanto um website como o Facebook sabe sobre nossa vida. E 2) como é marcante esse sentimento de insatisfação sentimental da geração Tinder/Whats, pelo excesso de ofertas.

Quem quiser ler o texto da Vice na íntegra, pode conferir no link http://bit.ly/1LooWGv 

Daniel Felipe

8
out

Quero largar tudo! Será mesmo?

Tenho uma confissão a fazer: já quis ser uma nômade digital. Em meu favor, posso dizer que quase todo mundo da minha geração já deve ter pensado nisso. É muito tentadora a opção de chutar o balde, trabalhar de qualquer lugar do mundo, nas horas em que quiser, sem precisar pagar aluguel, conhecendo novas culturas e saindo da mesmice. É claro que a internet ajuda nisso, pois realmente existem trabalhos que podem ser plenamente exercidos remotamente e ser redatora é um deles. Acontece que há um lado dessa vida pelo mundo que é pouco mostrado por quem adere ao movimento e, no entanto, é crucial: enquanto esse pessoal está hawaiiviajando, também precisa trabalhar! É meio óbvio, mas parece que a gente se esquece quando pensa na maravilha que seria trabalhar em uma praia no Havaí. Bem, você está lá, no seu escritório na praia e, claro, seus prazos não deixam de existir – não importa em que lugar do mundo você esteja. Então, a parte da responsabilidade vai existir em qualquer lugar, afinal, você ainda precisa se sustentar. E isso muda tudo, porque boa parte da sua viagem deixa de ser lazer.

Recentemente vi na internet a história de um casal que largou trabalho para conhecer o mundo e trabalhar com o que encontrasse pelo caminho. O blog deles tinha fotos maravilhosas dos lugares mais incríveis, só que, já na provável reta final da viagem, eles contaram que enquanto não estavam fazendo as fotos estavam trabalhando duro, limpando banheiros, plantando e colhendo em lavouras, se alimentando de biscoitos, às vezes sem ter nem como tomar banho. Claro, estavam conhecendo o mundo, mas a que preço?! Será que vale sempre à pena?

Não estou aqui para condenar quem escolhe viver viajando, só quero dizer que muitas vezes a gente só pensa no lado bom das nossas escolhas. A Fernanda Neute, blogueira do felizdavida.com, depois de dois anos acabou de declarar o fim da sua era nômade digital. Disse que pesou o cansaço, a falta de tempo para cuidar da saúde, as dificuldades em precisar se adaptar sempre a um lugar novo, desde a cama até as amizades. Claro que ela teve experiências incríveis, mas apontou o lado difícil que poucos levam em conta ao chutar o balde. Ela também disse que quase todos seus amigos nômades estão deixando a vida de viajar e trabalhar ao mesmo tempo para se estabelecer nas cidades em que mais gostaram de viver. 

O que eu tiro de tudo isso é que viajar é incrível e que, sim, cada vez que eu puder pegar minha mala e sair pelo mundo eu irei e encorajo a todos que façam o mesmo. Mas não devemos acreditar que vai ser tudo fácil e lindo. A grama do vizinho sempre parece mais verde, mas às vezes é só Photoshop.

Luciana Penante

2
out

Folgas, participação nos lucros e cursos: a gestão de pessoas no século XXI

gestao

Uma recente pesquisa feita pela multinacional holandesa de recursos humanos “Randstad” apontou o Brasil em oitavo lugar no ranking de países com funcionários mais satisfeitos: segundo o levantamento, 75% dos trabalhadores brasileiros estão felizes em seus empregos. Mas, partindo da máxima de que funcionários felizes trabalham melhor e produzem mais, como tornar uma equipe satisfeita? Incentivos que vão além da contrapartida financeira fazem parte da resposta.

Outra pesquisa recente, realizada pela revista Exame PME (Pequenas e Médias Empresas), em parceria com a Deloitte, trouxe outro dado interessante: as pequenas e médias empresas que mais crescem no País tentam unir desempenho e qualidade de vida. Para isso, oferecem incentivos como bonificações por resultados em grupo.

Um estudo de caso

A Talk Assessoria de Comunicação se enquadra na categoria de pequena empresa e também adota o modelo de premiação financeira por resultados à equipe, mas acredita que se deve ir além: é preciso valorizar as pessoas, pois não é só o dinheiro que importa. Claro, incentivos como participação nos lucros são importantes. Mas há outros benefícios que agregam qualidade de vida ao colaborador.

Entre os incentivos adotados pela empresa está o estímulo à formação. Nós oferecemos aos funcionários a possibilidade de participar de cursos relacionados à profissão custeados parcial ou integralmente pela empresa. Eu, atualmente, estou fazendo um curso de inglês. Outro benefício adotado pela empresa é a folga na sexta-feira à tarde. Há uma escala de folgas para os funcionários em forma de rodízio – toda sexta alguém tem a tarde livre para fazer o que quiser, desde ir a uma consulta médica até ao cinema. Consideramos importante proporcionar bem-estar à equipe. Aqui, essa medida tem contribuído, inclusive, com o índice zero de faltas ao trabalho.

Aline Cambuy

24
set

O que é ser cool?

Cool Cat TwitterNeste trimestre começamos aqui na Talk a atender o ID Fashion, um evento de moda da Fiep que tem como posicionamento ser cool. Mas, afinal, o que é ser cool?

O Daniel Sorrentino, produtor artístico do ID Fashion, falou em uma reunião de uma imagem que me ajudou a entender o conceito – todos saindo de um escritório vestidos iguais: camisa azul clara e calça preta. No meio, um cara de camisa dourada. Este cara é cool porque ele tem identidade

Minha amiga Adriana Baggio tem um artigo em nível Avançado 5 (risos) que também ajuda bastante a entender o tema. (http://www.digestivocultural.com/colunistas/coluna.asp?codigo=610&titulo=Todos_querem_ser_cool)

Não chego nem perto da expertise da Adriana e do Daniel nesta esfera, mas arrisco alguns palpites sobre esse espírito/modo de vida cool. Vamos lá:

  • Andar de bicicleta é cool
  • Curitiba tem a Praça do Bolso – que é da galera cool
  • Os meninos agora usam barba – isso é cool
  • As meninas compram em brechó e fazem intercâmbio de roupas – usar roupa usada e não consumir em excesso é cool
  • Comprar comida orgânica é cool
  • Plantar temperinhos e fazer uma pequena horta em casa é cool
  • Curtir a natureza é cool
  • Berlim é cool
  • Ser politizado e protestar é cool
  • Ler é cool
  • Gostar de bichos é cool
  • Educar os filhos de um jeito livre é cool
  • Grafitagem é cool

Entendeu?

Beijos,

Karin Villatore

18
set

Três HQs fora do tradicional

Maus-Art-Spiegelman-PortableNão sou uma leitora de quadrinhos, mas, recentemente, conheci alguns títulos que me encantaram e achei bacana compartilhar, pois fogem dos tradicionais do mercado. A série nacional de quadrinhos chamada “Valente”, de Vitor Cafaggi, é composta por quatro livros encantadores, com traços fofos, para a família toda ler. Conta a história de um cão chamado Valente e suas peripécias que simulam a transição da vida de um adolescente. Do mesmo autor mais a sua irmã Lu Cafaggi, o quadrinho “Turma da Mônica – Laços” faz parte do projeto Graphic MSP, no qual alguns artistas reinventam os personagens originais de Maurício de Souza. Com traços bem diferentes do tradicional, este também é para a família toda.

Mas, o quadrinho que entrou para a minha lista de obras preferidas foi “Maus: a história de um sobrevivente”, de Art Spiegelman. O livro tem 295 páginas. Seu primeiro volume é de 1986 e o segundo, de 1991. É possível achar o volume completo com a reimpressão de 2013. Em 1992, o autor recebeu o famoso Prêmio Pulitzer de literatura, na categoria “Especial”, pois o comitê da premiação não soube categorizar se Maus era uma obra biográfica ou de ficção. Isso por que esse romance gráfico narra a história real do pai de Spiegelman, Vladek Spiegelman, um judeu polonês sobrevivente do Holocausto.

O curioso dessa HQ é que o autor retrata todos os personagens de diferentes grupos étnicos por meio de animais, como: judeus são os ratos (“maus”, em alemão); os alemães são os gatos; os americanos, os cachorros; os franceses, os sapos; os poloneses, porcos, os ingleses, peixes; os suecos, renas e os ciganos, traças. Ironia, principalmente, pela publicidade nazista da época que associava os judeus aos ratos, uma “praga que deveria ser exterminada”.

Deixo para vocês apreciarem mais detalhes da história de Maus. Mas, adianto: a obra é triste (tem algumas pitadas cômicas em certas tirinhas sobre o curioso humor de Vladek). Mas, têm mortes, dor, perseguição: coisas que o holocausto representa, afinal o livro retrata o antissemitismo. Algumas páginas me emocionaram ao ponto de adiar a leitura por um ou dois dias para dar aquela respirada.

Maus faz parte do que se chama movimento “underground comix”, muito comum em meados dos anos 1960, no qual a transgressão é um dos signos. Obras undergrounds girava em torno de questionamentos da contracultura, como: direitos humanos, anarquismo, socialismo, feminismo, movimento hippie, guerras, entre outros. Apesar de bastante didático, Maus tem um apelo bem adulto, com alguns desenhos fortes e comoventes.