Arquivo mensais:agosto 2017

29
ago

Gratidão

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Observando as pessoas em restaurantes, nas estações tubos, durante os trajetos de ônibus, conversas no Uber e Cabify, roda de conhecidos e amigos, família e a mim cheguei a conclusão da dificuldade que temos para exercitar a gratidão.

Ser grato não significa aceitar tudo da maneira como é posto. Gratidão é saber olhar para o que temos e ao nosso redor. Ser grato é saber valorizar e enxergar a realidade do próximo. Gratidão não significa abdicar da ambição. Ambas podem – e devem – caminhar juntas.

É possível sermos gratos pela nossa profissão, por termos um teto, condições de nos alimentarmos, um armário com roupas que às vezes ficamos mais de um ano sem usar, por termos acesso a saúde, um transporte público que funcione ou condições de usar uma alternativa como Uber e Cabify. Enfim, valorizarmos o fato de integrarmos o seleto grupo de 1% da população mais rica do planeta. Acredite, se você está lendo esse texto, você faz parte desse grupo. Às vezes vivemos com muito mais do que precisamos e desejamos muito mais do que merecemos.

E é aí que entra a ambição. Mas aquela positiva…

Uma das coisas que move o ser humano é a ambição. Mas ela pode ser a vontade de ser alguém melhor, de ajudar a mudar o mundo a nossa volta, de contribuir para tornar a vida de quem está ao nosso lado mais digna, de sermos capazes de valorizarmos mais as nossas conquistas e as vitórias de cada um, de superarmos os nossos desafios.

A ideia aqui não é repetir um livro de autoajuda ou parecer hipócrita. Espero que não seja levada para esse lado. A minha reflexão se aprofundou quando ouvi a seguinte frase:

“O humilde é grato por ter menos que merece e mais do que quer. O soberbo tem mais do que precisa e almeja mais do que merece”.

E fez a ficha cair com esta matéria da Revista Galileu que fala sobre consumismo. Vou separar três trechos que conectaram tudo o que venho refletindo há algum tempo.

“De acordo com o Banco Mundial, os mais ricos, 20% da população global, abocanham 76,6% dos produtos. Já a classe média, 60%, consome 20% de tudo o que é produzido. O resto fica na (ínfima) conta dos mais pobres”

“A cada ano, a humanidade precisa de 1,7 planeta para se recuperar do uso excessivo de seus recursos naturais e da poluição causada por ela mesma, como revelam os cálculos da Global Footprint Network, responsável por avaliar os impactos ambientais gerados por alguns países”

“795 milhões de pessoas no planeta que ainda passam fome não sabem o que é viver com abundância de recursos e, claro, não têm a menor chance de acumular nada, nem comida. Enquanto isso, a parcela endinheirada da população continua a reproduzir nosso instinto primitivo e consome quase todas as coisas produzidas no mundo”

O caminho para aprendermos a sermos gratos, humildes e ambiciosos na medida certa exige paciência, persistência, prática do autoconhecimento e reflexão. Tive a sorte de encontrar alguém que me ajuda muito nessa trajetória que é a minha esposa. Espero poder passar isso adiante e plantar essa semente para um futuro mais humano.

Eu já comecei a minha caminhada e você?

Beijos,

Wellington

14
ago

Eu e Rita

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Eu e Rita Lee temos um caso sério, ao som de um bolero, dose dupla. Não lembro quando Rita Lee apareceu na minha vida, mas lembro que foi minha tia quem me apresentou (sempre ela, que também me apresentou aos livros). Só sei que desde quando ouvi os versos de “Lança Perfume”, fique inebriado pelo som da Ritinha.

Fui crescendo e conhecendo mais o repertório, entendendo a importância histórica de Rita na música brasileira e todo seu pioneirismo desde a época d’Os Mutantes. Desde então eu ouço Rita Lee periodicamente, mas nestes últimos dias estou lendo sua autobiografia, que é deliciosa e um prato cheio para os fãs. Voltei a ouvir Ritinha todos os dias.

Fui em apenas dois shows da Rita aqui em Curitiba, além do musical estrelado pela Mel Lisboa, mas há uma historinha bacana sobre quando fui ao segundo show. Ela estava em turnê pelo Brasil e passaria por Curitiba em um sábado de agosto. No Twitter, o marido da Rita e companheiro musical eterno, Roberto de Carvalho, postou que estava chegando à cidade para o tal show. Eu, com zero segundas intenções (é sério!) desejei um bom show e disse que infelizmente não poderia ir. Ele me perguntou o motivo e eu respondi que a grana estava curta e que eu precisava pagar minha matrícula da faculdade (e era verdade, eu sou honesto). Foi aí que ele me mandou uma mensagem privada dizendo que deixaria um ingresso para mim na bilheteria do Teatro Guaíra. Oi?

Primeiro eu ri, depois me senti trouxa, depois me deu raiva. Obviamente eu estava sendo enganado por um fake mal-amado e sem ocupação a não ser enganar pobres fãs na Internet. De qualquer forma, resolvi ligar na bilheteria só para dormir tranquilo. Imaginem a minha surpresa quando o atendente disse que, sim, havia um convite VIP em meu nome na bilheteria. Roberto de Carvalho é um cara muito gente fina!

Pois bem, o ingresso era válido mesmo, fui ao show, cantei todas, gritei que ela era maravilhosa, ela respondeu “euzinha?”, me diverti como somente um show de Rita Lee é capaz de fazer. Fica aqui minha declaração de amor à rainha do rock brasileiro e do meu coração, que continua cheia de graça e fazendo muita gente feliz. Vida longa!

Beijos,

Rodrigo

4
ago

PSG ou Barça, tanto faz

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Não entendo de futebol. Também não gosto do tema. Não acompanho os jogos e muito menos as notícias desse universo. Abro exceção apenas para a Copa do Mundo, quando todos torcemos pelo mesmo time. Mas seria impossível passar despercebida a mudança do Neymar para o PSG (Paris Saint-Germain). Deve ser a notícia mais comentada da semana.

Sinceramente, não me importo se ele sai do Barcelona para jogar no PSG. O que me assusta de verdade são as cifras bilionárias dessa transação. O PSG assumiu a multa rescisória de 222 milhões de euros (R$ 824 milhões) para o Barcelona. O número é o maior registrado na história do futebol mundial.

O salário no novo time também é astronômico, mais de R$ 100 milhões por ano. É quase como se ele ganhasse na mega sena todos os anos. Em uma das reportagens que li fizeram o seguinte cálculo: Neymar demora apenas 4 minutos e 23 segundos para ganhar R$ 937, o valor do salário mínimo brasileiro. Por dia, ele receberá R$ 308.333, o valor de um ótimo apartamento em algumas capitais brasileiras.

Tudo isso me parece um disparate imenso. Chega a ser indecente. Existe mesmo um abismo entre a realidade e uma situação como essa.

Beijos,
Aline Cambuy