27
abr

Informação que abala

Que a informação é uma arma, todos sabemos. Que o conhecimento é muito importante, mais ainda. O que não se sabe é o que vamos encontrar em informações e histórias quando se trata de grandes tragédias.

Há quatro meses atendemos a Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907. É com garra e determinação que abraçamos essa causa, pois estamos lutando por justiça e para que os dois pilotos norte-americanos, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, sejam punidos e suas licenças para pilotar sejam cassadas.

Nesta semana fiquei encarregada de levantar a história das vítimas do Voo 1907 (que totalizam 154), confesso que chorei por diversas vezes. Jornalista sempre tem aquela conversa que não devemos nos envolver com o tema, que temos que ser imparciais e tudo mais, mas isso é impossível quando se trata de uma coisa tão próxima e real.

É impossível reagir friamente com alguém dizendo que hoje consegue sentir saudade sem dor, mas que levou muito tempo pra isso. É difícil ser imparcial com histórias de quem perdeu o pai uma semana antes do acidente e o marido morreu na tragédia. Mais complicado ainda é não se emocionar ouvindo os planos que todas essas famílias tinham para o futuro. Sabe aqueles planos que você faz com a sua família? Pois é, os sonhos dessas pessoas foram interrompidos por um acidente sobre o qual eles não tiveram nenhuma responsabilidade. Sonhos de ter um pai presente, sonhos de casar, de dar a volta ao mundo de bicicleta, de aproveitar a vida… Volto a dizer, é impossível não abraçar a causa diante de informações como essas, que chocam e abalam.

Fabíola Cottet

 

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3 ideias sobre “Informação que abala

  1. Gleydson Alves

    Mesmo com os sentimentos banalizados de hoje em dia, não tem como ser indiferente à dor. As pessoas precisam se colocar no lugar do outro para darem importância ao que elas mesmas têm. É importante isto!!
    É preciso lembrar que todos estamos sujeitos a estas fatalidades. Parabéns à vocês pelo trabalho. E por nção serem indiferentes, mas sim, capazes de se emocionarem com a dor alheia.

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  2. Fábio Torres

    Realmente, Fabi, em casos como este, é difícil não se envolver. São casos que mexeram com a gente como pessoas e não é por sermos jornalistas que deixamos de ter sentimentos. Muito bom o texto! Parabéns!

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  3. Amanda

    Muito bem lembrado, deve-se pensar que jornalista antes de ser um profissional aficcionado pela busca da verdade e racionalização dos fatos é um ser humano, portanto fica impossível não se envolver em um caso que acerca centenas de vítimas. Parabéns pelo trabalho e boa sorte nessa luta!

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