Para quem não entende como é a vida de um assessor de imprensa vou fazer um breve relato sobre esta rotina de trabalho que, muitas vezes, não é fácil. Logo pela manhã o assessor chega à agência com toda aquela expectativa de ver publicada no jornal a matéria que estava negociando há dias com um jornalista. Mas nesse momento já bate aquele desespero, pois a matéria não saiu. O que fazer nessa hora de aflição?
Primeiro você espera passar o ataque cardíaco que está tendo e respira profundamente para manter a calma. Como todo bom assessor, pensa em diversas maneiras de falar com o jornalista. Afinal, ele é uma pessoa bacana e você não quer ser aquele sujeito inconveniente que fica ligando todo dia. Por fim, decide esperar mais alguns dias, pois pode ser que o editor segurou a matéria para publicar. Então, passam os dias e nada. Enquanto isso, o cliente já está perguntando sobre a matéria. Não tem jeito: você tem que ligar e ouve que a pauta foi derrubada sabe-se lá por que. Essa é pior resposta que poderia receber. Você tinha apostado tudo nessa matéria e não vai sair e, ainda, vai ter que explicar ao cliente que, com certeza, não vai entender os motivos – no fundo nós também não entendemos, mas vale a política da boa vizinhança.
E não para por aí. Às vezes, tem que aquela pauta sensacional que você tem certeza de que todos os veículos vão querer usar e, no dia em que divulga para a imprensa, acontece um fato bombástico, daqueles que na redação só fica a recepcionista atendendo telefone e o estagiário anotando recado. Tipo coisa de outro mundo mesmo, e você acaba de perceber que já era a sua pauta, pois aquela semana todos os jornais só vão falar daquele assunto. Resumindo, você vai ter que pensar em outro tema mais sensacional ainda para conseguir emplacar alguma coisa.
Também tem aquelas situações em que você consegue a entrevista do ano, o jornalista adorou sua sugestão e vai fazer a matéria para o Jornal Nacional. Imagina um assessor que não se contenta de tanta alegria, o mês está ganho. Mas surge a informação de que a produção do jornal vai querer gravar a matéria no domingo de manhã (é trágico, mas acontece) e de maneira alguma consegue convencer o cliente a participar. Pense numa situação totalmente frustrante, pois é essa. Depois você assiste à matéria que ficou enorme, teve chamada no início do principal jornal do país e a pauta era você que tinha sugerido, mas foi feita com outro entrevistado.
Mas nem só de tristeza vive o assessor. Às vezes, acontece de a gente receber uma ligação inesperada da Folha de S. Paulo, por exemplo, querendo fazer uma pauta que você nem esperava mais ter retorno. A matéria sai perfeita com o nome do cliente e da empresa dele. E são nesses momentos que você percebe como tudo isso vale a pena.
Luanda Fernandes