“Porque o jornalismo é uma paixão insaciável que só se pode digerir e humanizar mediante a confrontação descarnada com a realidade. Quem não sofreu essa servidão que se alimenta dos imprevistos da vida, não pode imaginá-la. Quem não viveu a palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo do furo, a demolição moral do fracasso, não pode sequer conceber o que são. Ninguém que não tenha nascido para isso e esteja disposto a viver só para isso poderia persistir numa profissão tão incompreensível e voraz, cuja obra termina depois de cada notícia, como se fora para sempre, mas que não concede um instante de paz enquanto não torna a começar com mais ardor do que nunca no minuto seguinte.”
Gabriel Garcia Márquez
Comecei esse texto com um dizer bem conhecido no meio jornalístico, do famoso Gabriel Garcia Márquez, como homenagem a um colega de profissão, Gelson Domingos da Silva, que foi baleado durante uma operação do batalhão de Operações Especiais (BOPE), na manhã de domingo, na cidade do Rio de Janeiro.
Gelson era cinegrafista da TV Bandeirantes e chegou ao hospital já morto por perfuração de bala na região do tórax, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Ele faleceu exercendo a sua profissão, era repórter cinematográfico e tinha 46 anos. O Grupo Bandeirantes divulgou uma nota lamentando a morte de seu funcionário, dizendo que toma todas as providências para garantir a segurança de seus jornalistas nas coberturas diárias no Rio.
Assim como a Band, nós, jornalistas, lamentamos a morte do colega. Que ele descanse em paz.
Fabíola Cottet