Em 22 de novembro de 2012 criei no facebook o grupo Natal da Vó Dinah. Por vários anos, foi trocando mensagens e trolagens que a família combinou a ceia de Natal na casa da minha sogra, historicamente o endereço do encontro de várias gerações.
Pelo apartamento da rua Luis Loréa, em Rio Grande, durante décadas passaram filhos, netos, bisnetos, sobrinhos, tios, primos, amigos e agregados de todo tipo, como eu e minha família.
Na sua formação mais completa, o grupo reuniu 27 pessoas, as mais assíduas nas noites de fim de ano em que nos reuníamos para matar a saudade, sempre com a mesa cheia e o coração feliz. Na descrição do grupo, escrevi: “Fãs incondicionais da vó Dinah, mulher, mãe, avó, bisavó, que passou a vida cuidando de todos com carinho e energia”.
Em 7 de novembro de 2017, um post com o cardápio da ceia natalina trazia 18 itens, entre comida e bebida, e rendeu 38 comentários com palpites e zoeiras entre a parentada. Depois desse ano, passamos a usar mais o grupo de whatsapp.
Mas fosse qual fosse o canal de comunicação, nessa época também começávamos a parte mais divertida do planejamento, que era sortear os nomes do amigo secreto. Nunca deu muito certo, fosse o sorteio na sacolinha ou nos aplicativos on line.
Sempre houve quem ganhasse dois presentes e quem só não ficasse de mãos abanando por que a gente providenciava uns pacotes coringas.
E essa confusão era sempre a parte mais engraçada. Até torcíamos pra dar errado e começar tudo de novo.
O Natal da Vó Dinah nasceu quando nossas velhinhas começaram a mostrar que já não podiam ir até os seus. Era preciso que nós fôssemos até elas. E que houvesse pelo menos um momento no ano em que faríamos de tudo para estar juntos.
Minha sogra era o ponto central de um trio incrível e inesquecível, formado ainda por minha cunhada Florinha e minha mãe Noeci.
Nesses anos todos, muitos se empenharam para vê-las e abraçá-las. Driblamos agendas de trabalho, longas distâncias e compromissos de todo tipo para estar lá.
Aos poucos, como previsto e inevitável, o time foi ficando desfalcado. Florinha nos deixou em 2017 e minha mãe em 2018. No mesmo ano, perdemos também meu cunhado Renato e dona Dinah passou a viver acamada. Mas ainda nos deu a graça de tê-la em mais dois Natais. Despediu-se em junho passado, aos 91 anos.
2020, finalmente, é o ano em que o Natal da Vó Dinah passa a morar nas nossas lembranças. Quando as matriarcas se vão, as famílias se fragmentam, seguem novos rumos. Mas sempre podemos nos esforçar para manter a chama de amor que tanto nos iluminou, nesse que será o primeiro do resto dos nossos Natais!
Marisa