Neste feriadão li Retrato de um viciado quando jovem, escrito por um agente literário norte-americano ex-usuário pesado de crack – se é que existe no mundo alguém que só “dê uns tapas” eventuais neste tipo de droga. Pelo que o cabra relata nesta autobiografia, parece que o crack tem uma realidade bem diferente nas terras do Tio Sam.
Pra começo de conversa, o ex-junkie gastou uma bolada de 70 mil dólares em pedras durante sua carreira vertiginosa. Só numa encomenda suicida ao traficante, foram mil dólares. Grana que, no Brasil, imagino que mataria uma penca de viciados.
O protagonista é um bacana, mora na Quinta Avenida, perde viagens internacionais, hospeda-se em hotéis de luxo, frequenta os points VIP de Manhattan, dá um Zé Migué em trocentas reuniões importantes de negócios. E o livro cita o 11 de setembro como uma data em que ele já estava pra lá de doidão. Enquanto no Brasil, pelo que sei, em 2001 o crack ainda era droga de maloqueiro.
O texto direto e reto também retrata o submundo do crack nova iorquino, mas nem de perto lembra as imagens da polícia brasileira dando geral nas cracolândias de São Paulo e do Rio. Na carioca, aliás, inesquecível a cena recente dos viciados andando feito zumbis no meio de uma Avenida Brasil com o tráfego intenso.
Melhor ou pior? Tipo de comparação que, ao meu ver, não se faz. Concorda comigo?
Beijos,
Karin Villatore