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19
out

“Casa, mata ou trepa”

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Na página 25, me deparo com esse texto: “Casa, mata ou trepa é um quadro muito divertido no qual três nomes são escolhidos e os jogadores devem definir, entre as opções existentes, com quem praticaria tal ação. Que tal jogar com o Felipe Neto?”

Já tem um tempo que o “fenômeno” saiu do Youtube e chegou às livrarias. Sim, os irmãos Neto são um fenômeno e colecionam milhões de seguidores, especialmente entre o público infantil.

Minha primeira aquisição foi o livro do Lucas, completamente bobo, mas com algumas atividades para crianças.

Não dá pra ler, o conteúdo não é nada interessante, mas as crianças querem mesmo é fazer as atividades propostas.

Na semana da criança não consegui escapar do livro do Felipe. Fomos a uma feira de livros e lá estava ele em destaque e em promoção por R$ 10. – “Mãe, o livrão do Felipe!!!”.

Comprei o livro autobiográfico de Felipe Neto, lançado pela Editora Coquetel e intitulado “Felipe Neto: A trajetória de um dos maiores youtubers do Brasil”. Parecia mais um livro bobo e inocente, com uma série de brincadeiras para o público infantil, como pinturas, ligue os pontos e caça-palavras.

Mas lá pelas tantas, uma atividade me deixa espantada: “casa, mata ou trepa”. Nela o participante tem que escolher em quais das três categorias coloca cada celebridade. O livro traz personalidades como Neymar, Mc Kevinho, Bruna Marquezine e até o ator pornô Kid Bengala.

Arranquei a folha na mesma hora. Pena, pois perdemos o verso, em que há uma das melhores atividades do livro: desenhar uma coruja usando um espaço quadriculado como guia (abaixo). Mas como permitir que meu filho tenha acesso a um vocabulário desses?

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Meu filho de apenas 4 anos me contou que sonha em ser youtuber. Até pouco tempo queria ser veterinário. As crianças mudam de ideia o tempo todo e são facilmente influenciadas. Ele, seus primos e colegas da escola, em algum momento foram impactados pelo “carisma” e por um monte de baboseiras que os irmãos Neto, Felipe e Lucas, disseminam na internet.

Tanto o Felipe quanto o Lucas tem um canal no Youtube, além de um terceiro canal juntos com quase 11 milhões de seguidores. Esses dias vi um vídeo do Felipe que pedia para as pessoas se cadastrarem para que ele atingisse os 30 milhões de inscritos. É muita audiência! Em um ano e meio no ar, eles se tornaram os maiores ídolos das crianças na internet. Ah, que saudades da Peppa Pig e da Galinha Pintadinha.

Mas ainda temos alguns clássicos que as crianças adoram e podem nos salvar desse tipo de conteúdo. Consegui nessa semana, sem esforço, substituir o foco dos irmãos Neto pelos quadrinhos de Maurício de Souza, de quem gostamos muito por aqui.

De quebra, descobrimos o site www.dentrodahistoria.com.br, no qual eu e o filhote nos distraímos um tempão criando um personagem com as características dele para entrar na história. Feito isso, o livro vai para a produção e chega pelos correios todo personalizado, com o nome da criança na capa, uma história adequada à idade dela e escrita como se ela fizesse parte do início ao fim. Simplesmente encantador.

Tem muita coisa boa na internet sim. Precisamos encontrar esse equilíbrio entre o mundo virtual e o real, que desperta o interesse das crianças sem aliená-las e sem agredí-las.

Beijos,

Aline

15
dez

Lei da Palmada

O mais novo projeto aprovado pela Câmara dos Deputados, a Lei da Palmada, proíbe castigos físicos contra crianças e adolescentes. A proposta ainda precisa da aprovação do Senado e pretende punir os pais que baterem nos filhos.

Quem desrespeitar a lei vai ser encaminhado para tratamento psicológico e cursos de orientação, além de responder na justiça, como já ocorre com pais que são denunciados por agredirem seus filhos. Os profissionais de saúde, professores e assistentes sociais que souberem de castigos físicos e não denunciarem vão ter que pagar multa de três a 20 salários mínimos.

Obviamente, certas “palmadas” nos filhos acabam passando dos limites. Já vi alguns casos de agressão que realmente devem ser punidos. Mas convenhamos: quem hoje bem sucedido, inteligente e que deu certo na vida não levou umas palmadinhas dos pais? Sinceramente, agradeço muito meu pai e minha mãe por terem me dado uns tapas quando eu precisei. Confesso que me ensinaram muito e fizeram de mim o que eu sou hoje.

O assunto é bastante polêmico e gera debate entre grupos de psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, médicos e afins. Mas vale lembrar que uma coisa é agressão contra crianças e adolescentes. Outra, bem diferente, é levar umas palmadas para aprender. E, cá pra nós, os políticos poderiam se preocupar com coisas um pouco mais relevantes, não acham?

Fabíola Cottet