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Sou feia, mas sou feliz

beth-a-feia Há algum tempo, assisti a um programa de TV sobre dismorfismo corporal ou dismorfofobia, um transtorno mental em que a pessoa vê uma imagem distorcida de si mesma ou se preocupa de forma patológica com características físicas reais ou imaginárias. Uma moça que tinha esse problema se achava tão feia – e, ao menos no meu julgamento, não era – que tomava banho no escuro. Vendo-a falar, lembrei quando eu sentia coisas semelhantes, lá pelos 18 anos. Não ao ponto de tomar banho no escuro, até porque o risco de cair e ficar ainda mais feia seria algo a considerar, mas me achava horrorosa.

Neste fim de semana, assisti a outro programa em que a apresentadora, na faixa dos 30 anos, alta, magra, loira e linda, se apontava defeitos absolutamente inexistentes. Leu trechos de diários de quando era adolescente, enumerando defeitos, se comparando a outras garotas, sempre mais bonitas, interessantes e inteligentes que ela. Tirando a língua, eram exatamente iguais a trechos dos meus diários na mesma idade.

Hoje, vejo fotos minhas da época e não encontro nada de errado. Por que fazemos isso? Independentemente da cultura, localização geográfica, nível social e educacional, a maioria das mulheres odeia a própria aparência ou, no mínimo, a tolera. E não é “hoje em dia”. Basta um olhar aos instrumentos de tortura com que as damas se muniam nas roupas de baixo, em séculos passados, para saber disso.

Já em outro programa, uma mulher bem gorda dá de ombros quando falam mal do seu queixo triplo. Está muito contente com a vida que leva com o marido e as cinco filhas, todas gordinhas. Marido, não, porque ela não quer se casar no civil e se prender porque nunca se sabe. A paixão pode surgir. E quem é feliz? Louco é quem se acha feio.

Letícia Ferreira

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