Li em algum lugar que uma das maiores dores da velhice é a falta do toque físico. Desde então me derramo em abraços demorados nos velhos que encontro pelo caminho.
Às vezes, eles resistem, reagem ao carinho inesperado empertigando o corpo, sorriem amarelo como quem diz “aconteceu alguma coisa?”.
Confesso que tenho medo dessa escassez que chega sem a gente perceber. A cada ano somado devemos perder toneladas de hormônios, e com eles o impulso da aproximação física, o prazer do aconchego.
A solidão também se expressa nesse espaço vazio entre nossos peitos que já não se tocam.
Também não há crianças pulando no colo da gente e mãozinhas que procuram as nossas apenas para permanecer, só pela segurança do contato.