18
jun

Rebeldes com causa

Postei o texto abaixo aqui neste blog no dia 09 de março de 2012, ou seja, há mais de um ano. E hoje ele se mostra mais atual do que nunca.
Beijos,
Karin

Rebeldes com causa
Desde os tempos da faculdade sinto uma espécie de inveja branca daqueles que enfrentaram a Ditadura Militar no Brasil. Fiz minha monografia de graduação sobre este tema, cheguei a estudar 1,5 ano do curso de História buscando informações, li tudo que apareceu na frente sobre esta época, conheci algumas pessoas que fizeram parte dos movimentos contra o governo militar. Hoje entendo que, no fundo, queria saber o motivo de a minha geração ser, se comparada com a turma dos anos rebeldes, tão apagada, tão politicamente desinteressada. Queria encontrar a minha causa.

Pelo que acompanho, os ex-guerrilheiros que não continuam atuantes na política são hoje mais do que engajados em questões ambientais ou do terceiro setor. Parecem ser pessoas que não conseguem acordar sem uma meta bem definida, sem ter pelo que lutar. Acho digno. Mas, e a minha geração sem causa?

Passados quase 27 anos do final do regime militar, começo a ver um fio de luz no fim do túnel. Tarifa de ônibus aumenta em Porto Alegre ou em Vitória e estudantes fazem barricada nas ruas. Economistas fazem previsão de que 2012 vai ser o ano das greves no Brasil. Políticos perdem cargo porque são flagrados em variados tipos de cambalachos. Mobilizações de todos os tipos pipocam de tudo que é lado. Há quem critique e alegue que isso é um atraso de vida. Algumas ações até podem ser.

Mas não podemos esquecer de que estamos começando a expressar nosso reconhecimento à nossa jovem democracia de 27 anos, começando a perceber que temos um certo poder, que até podemos deixar apreensivo um governante na hora de ele tomar uma decisão que impacte diretamente na população. E aí, vai que a causa dessa minha geração é a da nova democracia de fato, sem governo de farda, mas com um sentido igualmente amplo de coletividade. E vai que daqui a pouco eu vou pra rua num estilo europeu de protestar sem medo, com discurso bom e meu filho do lado compartilhando dessas minhas idéias. Vai que.
Beijos,
Karin Villatore

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