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Qual é a sua desculpa?

feb06a8d-e7ad-495d-8841-d859157ac54f_What-s-Your-Excuse Uma californiana de 32 anos está sofrendo ciberbullying porque publicou uma foto dela e dos três filhinhos de 4 e 3 anos e de oito meses no Facebook. A ira das pessoas, pelo teor dos comentários, foi provocada pelo duo aparência da mulher – corpo jovem, bonito e malhado – e a frase acima dela: “qual é a sua desculpa?”. Como se ela dissesse: “se eu posso malhar e ficar linda tendo três filhos pequenos, você também pode, não me venha com churumelas”.

Mais de 16 milhões de visualizações depois, muito dos 12 mil comentários foi positivo, mas uma boa parte foi bem agressiva, chamando-a desde “perniciosa” e “falsa” até uma péssima mãe e agressora. Ela disse em entrevista ao Yahoo Shine que fazer outras mulheres se sentirem mal era o oposto do que queria e que a frase “qual é a sua desculpa?” é usada comumente em campanhas de fitspiration, como se chamam as campanhas que devem inspirar as pessoas a malhar.

OK, a frase é provocativa, talvez demais para muita gente, porém, não menos que fotos de cosméticos antiaging com mulheres com menos de 30 anos ou todas as edições de revistas de moda em que as mulheres – e os homens – são figuras impossíveis porque simplesmente não existem. Mas nada disso provoca, que eu saiba, explosões como algumas que atingiram a bela mamãe.

O que tem me ocorrido, e esse caso me fez lembrar, é que muita gente não se conforma que a maior parte do mundo gosta mais das pessoas tidas como bonitas na cultura da nossa era. E muitas dessas pessoas bonitas – o que nem foi o caso dessa mulher durante um tempo – não malham até cair, não passam fome, não fazem plástica, não usam photoshop nas fotografias, etc. Elas ficam velhas e morrem como todos, mas, até lá, são naturalmente bonitas e os demais, que não são considerados bonitos pela cultura vigente, precisam se conformar.

Não adianta ficar com raiva, inventar que todo magro tem bulimia, anorexia ou não sabe aproveitar a vida ou inventar que todo mundo que se arruma é fútil e raso, que toda pessoa bonita fez plástica, que todo mundo que faz plástica é ignorante, que quem malha e cuida da alimentação é neurótico… Enfim, exageros à parte em todos os sentidos, não adianta inventar que o bonito é feio. Há quem goste disso e daquilo, há quem seja assim ou assado e pronto. Mudar a cultura de uma era à força, com xingamento ou humilhando as pessoas não é legal. E não é legal para quem magro ou gordo, moço ou velho, bonito ou feio, cuidado ou desleixado. Além do mais, cada um sabe onde lhe aperta o sapato.

Letícia Ferreira

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