Nós jornalistas já estamos, ou deveríamos estar, mais adaptados ao home office. Mesmo quem precisa sair para trabalhar, costuma ter um notebook e uma boa internet em casa. Faz parte da nossa profissão. Estamos conectados o tempo todo. Com o início da pandemia e a necessidade de isolamento social, fomos obrigados a levar o trabalho pra casa, assim como outros tantos
profissionais de diferentes áreas. Sorte a nossa que a profissão nos permite essa flexibilidade do trabalho remoto.
O problema é que toda a família se viu em quarentena ao mesmo tempo. As escolas fecharam, muitos estabelecimentos comerciais também. Na minha casa são dois estudantes, um no ensino fundamental e outro na universidade. Pois bem, tanto a escola do pequeno quanto a faculdade do mais velho iniciaram rapidamente as aulas online. Foi então que começou uma nova rotina, nunca antes imaginada por nós, e que testa todos os nossos limites.
Para o universitário foi mais fácil, pois ele não depende do meu auxílio para seguir com as aulas e compromissos da faculdade. Mas com o pequeno a história é bem diferente. Parece fácil. Basta ligar o computador e acessar o link da aula. Aí coloca um fone de ouvido na criança e deixa ela interagindo ao vivo com os professores e colegas.
Mas na prática não é assim. O link cai, a criança clica no botão errado e não consegue mais ver a tela compartilhada da professora e os alunos falam todos ao mesmo tempo, desafiando a paciência da professora que usa todas as suas habilidades para manter o foco das crianças.
Sem falar nas interferências de se estar em casa. Cada um quer mostrar o seu quarto. Cada um tem um animal de estimação para apresentar e brinquedos que querem exibir.
E ainda tem o home office. Como já está bem claro que essa pandemia vai longe, fomos obrigados a nos adaptar. Busco conciliar as agendas. Não marco nenhuma call no horário das aulas ao vivo. Enquanto ele participa das aulas eu trabalho, no mesmo cômodo, assim posso auxiliá-lo se precisar. Quando tenho as minhas reuniões e preciso de silêncio, explico para ele e oriento que vá brincar no quarto ou veja televisão.
Escrevendo assim, até parece fácil. Mas não é. Esses dias briguei com ele no meio de uma aula ao vivo e nosso microfone estava ligado. Depois outra mãe me chamou no whats e disse que ouviu a bronca. Fiquei um tanto envergonhada.
Tem ainda os trabalhos e atividades para fazer em casa, que parece que não daremos conta de concluir nunca. Nos finais de semana tentamos colocar essas tarefas em dia para enviar na segunda-feira pelo grupo de whats da escola. Quando penso que zeramos, vejo uma mãe mandando um trabalho que nem estava na nossa lista.
O fato é que essa pandemia tem nos ensinado muito. Aprendemos a fazer melhor a gestão do tempo em casa, conciliando trabalho, filhos e afazeres domésticos, na medida do possível. Exercitamos a paciência e tentamos controlar a ansiedade. Tenho feito um esforço danado para brigar menos e compreender que todos estamos angustiados e precisamos manter a calma.
Com amor, respeito e uma dose extra de paciência, seguimos em frente. Torcendo para que nossas vidas voltem logo ao normal e que essa experiência contribua para a nossa evolução.
Vai passar!
Beijos,
Aline Cambuy