Tenho uma relação conflituosa com o calor. Se antes eu dizia categoricamente que detestava o brilho intenso do Sol, com o tempo fui ficando uma pessoa mais calorosa. Hoje em dia, no alto da minha maturidade de 27 anos, já penso que o calor deixa as pessoas mais livres, leves e simpáticas – coisa rara em Curitiba. Também penso nos moradores de rua, que sofrem o diabo em tempos mais frios.
Mas aí começam alguns problemas. Curitiba anda castigando quem está acostumado com temperaturas na casa dos 20 graus. Quando chegamos nos 30 graus – numa cidade sem praia e nem tão verde assim – eu já começo a sentir um sufoco. A camiseta gruda, o ventilador não vence, as chuvas são tenebrosas. E aí percebo que tenho mais roupas de frio do que de calor, os sapatos são mais fechados e usar shorts não é para todo dia. Dormir se torna uma luta. Para não usar o ventilador, eu deixo a janela aberta. Com isso, besouros, baratadas voadoras monstruosas e mosquitos me dão beijos de boa noite. Não é nada gostoso.
O cheiro da cidade também fica um pouco estranho, as pessoas parecem ter quedas de pressão surpreendentes e os ônibus se tornam câmaras de tortura – nem vamos falar dos tubos aqui da cidade.
Mas o frio também traz problemas respiratórios, uma preguiça imensa de sair da cama, uma dorzinha nas costelas, gripes, resfriados, comidas gordas e deliciosas que nos fazem ficar gordos e deliciosos (mas aí chega o verão e dá aquele arrependimento).
Ideal, ideal mesmo, seria que as estações do ano fossem bem definidas: no outono ficaríamos mais quentes durante o dia e frios durante a noite, no inverno aproveitaríamos os muitos cafés espalhados pela cidade, na primavera sentiríamos o prazer de um clima ameno e no verão já estaríamos preparados para os meses calorosos.
Mas aí moramos em Curitiba, a cidade bipolar, e temos todas as estações em menos de 30 minutos. É difícil. E eu continuo nesse dilema.
Um beijo
Rodrigo