Neste semestre vou novamente dar aulas de Comportamento do Consumidor, uma matéria que gera debates bem interessantes. Uma das discussões que costuma aparecer é sobre a confusão que costumamos fazer entre o desejo e a necessidade. Um professor da FGV até criou um termo para isso: necejo.
A ideia é bem óbvia. Aliás, as ideias óbvias costumam ser as melhores, né? Somos tão bombardeados por campanhas que incitam ao consumo, valores sociais que colocam o ter acima do ser e produtos que dizem agregar status às pessoas, que acabamos nos rendendo às compras exageradas ou por impulso. E acreditamos que realmente precisamos daquilo que estamos comprando quando, na verdade, apenas desejamos aquilo que estamos adquirindo.
Dê uma olhada no seu guarda-roupa. Quantas calças jeans você tem? Quantos sapatos, botas, camistas e casacos? E de quantas roupas você realmente necessita?
Se nós, brasileiros, compararmos nosso comportamento com o dos europeus, veremos que somos grandes consumistas. E que, sim, confundimos desejo com necessidade. Quem sabe é porque não passamos por grandes guerras e apertos maiores (temos problemas econômicos, mas nada se compara a uma guerra).
Nesta fase do “tudo sustentável”, quem sabe a gente comece a pensar duas vezes antes de comprar a quinta bota preta ou a oitava sandália marrom. E, como os europeus, a gente comece a usar o mesmo casaco até ele ficar velho e, aí sim, tenha a efetiva necessidade de comprar um novo.
Karin Villatore