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11
dez

Das coisas que acontecem na vida

A vida é dessas que surpreende. Num momento nos deixa sem força, noutro nos obriga a ser mais fortes do que nunca. Ela nos coloca em provações e nos faz questionar o seu sentido. E o engraçado é a resiliência com que nós, meros participantes, continuamos seguindo em frente, do jeito que dá. E é assim até que algo devastador acontece e perdemos o chão, perdemos o ar, enjoyperdemos nós mesmos. E então só basta esperar. Esperar que algo avance, que alguma coisa mude, que a dor passe, que alguém volte. “Tudo está bem, até que não está”, um dia disseram. A verdade é que, quando tudo está bem, falta sentir e não se importar. Capturar aquele momento e aproveitar. Sentir o prazer da respiração, da comida, de um abraço, de um beijo, de um amor. Tratar melhor quem a gente gosta, quem a gente não gosta e, principalmente, tratar melhor nós mesmos. Parar de falar dos outros, de achar que sabe mais, de julgar, de querer mostrar o que tem e o que não tem. Porque no fim, lá no fim, não importa. Por isso eu digo, solte rojões! Solte fogos de artifício! Não oprima a felicidade com medo que ela acabe. Abrace a raiva e a tristeza por um breve momento – elas te farão forte! E então as jogue fora… E acredite, o quanto você puder e o quanto você desejar poder, que vai melhorar. Que vai ficar bem. E lute por isso. Esteja presente. Sinta. Seja. E nada mais.

Para o querido Victor. Que esse tempo passe mais breve do que um piscar de olhos.

Amanda Pofahl

5
dez

And the Oscar goes to…

Pra encerrar os meus posts neste ano, resolvi compartilhar uma lista pessoal com quem, assim como eu e meu marido, adora filmes. Cinéfilos assumidos, nós assistimos a uma extensa lista de filmes neste ano, dos mais diversos tipos e gêneros. A lista começou a ser confeccionada em março, mês do nosso casamento, e vai crescendo a cada dia que passa.

Compartilho a nossa lista com vocês. Claro que, todos os filmes Marvel da lista foram assistidos devido ao gosto do meu marido. Embora eu deva admitir que (culpada!) acabei gostando de alguns. Capitão América e Homem de Ferro são os meus favoritos (e da torcida flamenguista feminina também), mas quase dormi em Guardiões da Galáxia e Interestelar. Este último não é Marvel mas, na minha opinião, é uma ficção científica de quase três horas, que explica demais coisas que não precisam ser explicadas e peca completamente não explicando as que precisam.

Filmes 2014

Pra quem gosta bastante de romance e de chorar, com certeza absoluta A Culpa É Das Estrelas deve ser visto. Eu e todas as mulheres do cinema saímos com caras inchadas e maquiagem completamente borrada, soluçando. Por incrível que pareça eu também vi homens chorando no filme. Não é pra menos. A história é de um casal adolescente que têm câncer. Só aí já é complicado.

Não temos um melhor filme disparado, nós elegemos quatro como os melhores: 12 Anos De Escravidão, O Mordomo da Casa Branca, Blue Jasmine e O Lugar Onde Tudo Termina. São filmes inteligentes, daqueles que te fazem pensar a respeito de muita coisa, com histórias coesas e bem contadas,  sendo que os dois primeiros são baseados em fatos reais. Destes três, merece destaque O Lugar Onde Tudo Termina por ter nos surpreendido, já que não esperávamos muita coisa dele. O filme tem vários personagens principais, pulando de um foco para o outro e, mesmo assim, não perde o fio da meada. A história é envolvente e muito boa. Não vou dar detalhes para vocês tirarem suas próprias conclusões assistindo ao longa.

Na minha opinião, merecem destaque especial: Praia do Futuro, A Grande Beleza, Garota Exemplar, Ninfomaníaca (1 e 2) e Europa. Estes dois últimos são do Lars Von Trier, diretor que admiro demais. Claro que o meu marido não gostou muito de Praia do Futuro, mas vale a pena pela fotografia impecável. Praia do Futuro e Trash – A Esperança Vem do Lixo, também valem a pena pela atuação, como sempre sensacional, do brasileiro Wagner Moura.

Hora de falar dos piores: Teorema Zero, O Doador de Memórias e O Homem Duplicado nos decepcionaram bastante. Eles são diferentes de Godzilla, Tartarugas Ninja e Robocop, por exemplo, que você já vai assistir ao filme não esperando muita coisa além de efeitos especiais e pancadaria. Estes, os nossos piores do ano, foram eleitos pelo simples motivo que pareciam ser muito mais do que foram. Em Teorema Zero, usando as palavras do meu marido, os produtores deviam estar drogados quando produziram o filme, sem lógica, sem começo, sem meio e sem fim. Dá a impressão que ele quer ser absolutamente cult, mas sai errado e acabou ficando uma grande porcaria. Já O Doador de Memórias conseguiu ficar adolescente demais, tipo filmes da Saga Crepúsculo. O Homem Duplicado tinha tudo, inclusive diretor, pra ser muito bom, mas peca pela enrolação e pira.

Não sou nenhuma crítica cinematográfica, mas apenas compartilho as minhas opiniões aqui. Para quem quiser ver alguns filmes a que assistimos, segue nossa lista:

 Cinema

– Noé
– Capitão América
– X-Men
– Praia do Futuro
– A Culpa é das Estrelas
– Tartarugas Ninjas
– Godzilla
– Lucy
– 13º Distrito
– No Olho do Tornado
– Teorema Zero
– No Limite do Amanhã
– Transcendence – A Revolução
– Maze Runner
– Garota Exemplar
– Planeta dos Macacos: o Confronto
– Guardiões da Galáxia
– O Doador de Memórias
– Getúlio
– Trash – A Esperança vem do Lixo
– O Juiz
– Annabelle
– Drácula
– Interestelar

Em casa

– Ninfomaníaca 1 e 2
– 12 Anos de Escravidão
– A Menina que Roubava Livros
– Rush – No Limite da Emoção
– Robocop
– O Lobo de Wall Street
– Amante à Domicílio
– 42
– O Grande Hotel Budapeste
– Dose Dupla
– Gravidade
– Até o Fim
– Os Suspeitos
– O Mordomo da Casa Branca
– O Lugar Onde Tudo termina
– Capitão Philippis
– Mundos Opostos
– Invocação do Mal
– A Grande Beleza
– Elisyum
– Truque de Mestre
– Se Beber Não Case 3
– Círculo de Fogo
– Thor 2
– Blue Jasmine
– Django Livre
– O Grande Gatsby
– Trapaça
– Divergente
– O Cavaleiro Solitário
– Capitão América 1
– Vingadores
– X-Men
– Looper – Assassinos do Futuro
– A Queda
– Caçadores de Obras Primas
– Turistas
– Diamante de Sangue
– Batman – Cavaleiro das Trevas Ressurge
– Argo
– A Origem
– Encontro Fatal – September Tapes
– Terra Prometida
– A Vida Secreta de Walter Mitty
– O Homem Duplicado
– Invasão à Casa Branca
– Dose Dupla
– Malévola
– Europa
– Conselheiro do Crime
– Millenium: Os homens que não amavam as mulheres
– Mulheres ao Ataque
– A Hora Mais Escura
– Super Homem – O Homem de Aço

 Fabíola Cottet

27
nov

Nunca diga nunca

*Sugiro que leia esse texto ouvindo a música “Podres Poderes”, do Caetano Veloso.

Esse texto não é (apenas) sobre as minhas férias. Esse texto não é (apenas) sobre os lugares nunca3que visitei, as comidas que provei, as pessoas que conheci. Esse texto é (também) sobre civilidade, cidadania e memória.

Caminhei muitos quilômetros por Buenos Aires. Preferi fazer os trajetos a pé, para perceber a cidade, as pessoas e entender um pouco melhor a vida dos nossos vizinhos.

Em 15 dias encarei duas greves de banco, três manifestações distintas contra a Cristina Kirchner, a economia e sabe mais Deus o que. Também pude presenciar uma “virada cultural”, que reuniu mais de um milhão de pessoas nas ruas na chamada “noite dos museus”.

Um dos meus programas preferidos quando viajo é observar os muros das cidades. Realmente acredito que as paredes falam, ou que a sociedade fala por meio dos muros. Pelas inscrições conseguimos ter uma ideia bem clara do que pensa/vive a juventude, como vai a economia, em que pé estão as eleições, quais são os quereres do povo. Os muros são excelentes periódicos.

Muito comuns, as pichações e grafites que fazem referência aos anos da ditadura militar me chamavam a atenção, e sei como a memória dos argentinos com relação ao passado assombroso dessa época é muito mais viva que a nossa. Aliás, é viva.

Em um passeio pelo centro, no entanto, me deparei com um stêncil que dizia: “nunca digas nunca, um documentário sobre desaparecidos na democracia”. Foi como um soco na boca do estômago ao meio dia de terça-feira.

Não que eu seja ingênua de não saber que as pessoas desaparecem de maneiras mais escusas e estranhas pelas mãos de milícias, polícias e vai saber mais quem. Mas a questão é como tratamos disso no Brasil. Ou melhor, como não tratamos.

 Gente como o Amarildo, que some do mapa sem deixar rastros. Gente como os 43 estudantes mexicanos que não se tem notícias há semanas. Gente que, geralmente, tem muito a dizer e pouca ou nenhuma influência, e que apenas somem. E que nós, não nos importamos.

 Esse papo do “gigante acordou” para mim sempre foi uma balela, porque pelo que eu saiba, eu não estava dormindo, não. Nem eu, nem todas as mulheres que sofrem abusos diários nas ruas, nem os homossexuais, nem os negros, nem os pobres, nem as famílias desses desaparecidos, nem muita gente que sequer conseguiu dormir um dia.

 Me defrontar na rua com um chamado como o “nunca digas nunca”, me fez entender que não só não “acordamos”, como estamos muito longe de nos entendermos como cidadãos. Fiquei incomodada comigo mesma, com algumas de minhas escolhas e com muitas pessoas ao meu redor. Minhas férias foram como uma cirurgia de catarata, onde agora é possível ver a mim, ao meu povo, ao mundo, de maneira mais clara. Ainda que não seja uma visão otimista.

 Vou e volto com meus pensamentos e só consigo pensar nas palavras do Caetano. “Será que nunca faremos senão confirmar a incompetência da América católica, que sempre precisará de ridículos tiranos”?

 Marina Oliveira. 

20
nov

Viva Lobão e Bolsonaro; impeachment e intervenção militar já!

Antes de iniciar de fato este texto algumas questões importantes precisam ser esclarecidas. A primeira delas é: o título do texto contém uma generosa dose de ironia! O segundo ponto é: essa não é uma questão partidária e não é um debate de ideologias políticas.

Duas manifestações recentes aqui em São Paulo chamaram muito a atenção nas últimas semanas. A primeira delas aconteceu no dia 1.º de novembro e reuniu cerca de 3000 pessoas, uma semana após a reeleição da Presidente Dilma; a segunda no último sábado, dia 14 de novembro e, segundo algumas informações da polícia militar e de alguns veículos de informação, reuniu entre 5 e 10 mil pessoas . Em comum nos dois protestos estavam os gritos contra o resultado das eleições presidenciais, o pedido de impeachment da Presidente Dilma e, pasmem: alguns desses manifestantes imploravam por uma intervenção militar já para afastar “a ameaça comunista” (já viram esse filme antes?).

blog talk

Há exatos 50 anos, em 1964, o Brasil passou por um golpe militar. A intervenção era, em tese, temporária, apenas para colocar ordem na casa e afastar uma tal ameaça comunista (cá entre nós, ameaça que nunca foi uma ameaça de fato). Mas a tal intervenção virou ditadura e durou sofríveis 21 anos!

O governo militar “salvador da pátria” calou, torturou e matou sem o menor constrangimento, centenas de brasileiros. Fora mais de 350 mortes confirmadas, mais de 25 mil presos e 10 mil exilados.

Pois bem… 50 anos depois lá estavam alguns brasileiros pedindo pra que a ameaça comunista seja expulsa do país. Entre eles os assustadores Eduardo Bolsonaro (filho do Jair Bolsonaro) e o cantor Lobão (que fez discursos de extrema direita, mas quando viu que a coisa estava ficando muito feia, passou a dizer que é contra qualquer tipo de intervenção militar).

As milhares de pessoas que foram gritar contra Dilma e pediram a tal intervenção militar só não entendem o quão incoerentes estão sendo.  O discurso é de que o governo atual é antidemocrático, que as eleições não foram justas e que um golpe de esquerda está sendo planejado. A partir disso então pedem uma ação ainda mais antidemocrática pra resolver a situação?

Nos dois protestos o deputado absurdamente recém-eleito, Eduardo Bolsonaro berrou aos microfones que os militares não batem em quem não faz besteira e puxou gritos de “Viva a PM”. Quer dizer que todas aquelas pessoas que na ditadura militar gritaram por liberdade e democracia e depois apanharam feito condenados estavam fazendo besteira? A liberdade para protestar que essas mesmas pessoas têm hoje só existe porque durante a ditadura outras pessoas “fizeram besteira” e deram a cara a tapa. Aliás, seu Bolsonaro foi à manifestação lá do dia 01º, fez seu discurso too irônico e radical, e foi flagrado com uma arma na cintura. Pra quê a arma na cintura, meu vilão???

Não acredito, sinceramente, que um golpe militar será imposto, mas o número de pessoas (desinformadas ou não) que clamam pela intervenção é muito grande e isso é lamentável. O discurso de hoje é muito parecido com o discurso apoiado por muitos em 1964. O resultado foi horroroso e o país inteiro deveria ter vergonha dessa página na história. E não me venham com aquela história dita por algumas pessoas mais velhas de que “no tempo dos militares as coisas funcionavam, havia menos violência e corrupção”. Isso é uma besteira enorme até porque com a censura que era imposta aos meios de comunicação, a população não ficava sabendo de nada ruim que acontecia no país.

Pode deitar sua cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. O país pode ficar bom ou ruim, mas certamente não vai virar Cuba ou Venezuela.  Tá na hora da galera parar de embarcar em qualquer coisa que vê na internet e, principalmente, parar de gritar por coisas que não têm a menor noção das consequências!

Lucas Reis

13
nov

Irlanda: simbologia e curiosidades

Há dez meses retornei ao Brasil após um período intenso e sabático em Dublin, na Irlanda. Não imaginei que ficaria com tanta saudade dessa ilha. Não imaginei que aquele país pudesse me mostrar tantas coisas novas, conhecer tantas pessoas incríveis, e me fazer perceber que, realmente, o mundo é uma esquina.

De tudo o que vivi por lá, o que mais me marcou foi o aspecto cultural daquele país, seus costumes, histórias e, até mesmo, um estilo de vida despojado, alegre e com muita, mas muita cerveja. Sem falar na sua literatura clássica, que vai de Oscar Wilde a Samuel Beckett, e sua magnífica dança, de encantar e encher os olhos de lágrimas.

Queria dividir com vocês um pouco das curiosidades e histórias da ‘ilha esmeralda’, assim, eu também mato um pouquinho a saudade…

O leprechaun – Sabe aquele duende que fica no fim do arco-íris guardando o pote de ouro? Mora lá na Irlanda! Ele faz parte da lenda irlandesa (algo como o nosso saci) e é conhecido como um homem leprechaumpequeno, com roupas verdes, bigode, olhar simpático e um cachimbo na boca. São conhecidos por serem os sapateiros das fadas e são bem pequenos, com 30 ou 50 cm. Os leprechauns são considerados guardiões ou conhecedores de vários tesouros escondidos. Para conquistar tais tesouros deve-se capturar um leprechaun e nunca perdê-lo de vista. Caso contrário, ele desaparece no ar. Costumam ser bons, porém, gostam de pregar peças. A crença é tanta que existe um museu inteiro dedicado a eles, o National Leprechaun Museum.

TrevoO ‘shamrock’ ou trevo de três folhas – É um dos símbolos da Irlanda. A que significa “pequeno trevo”. Esta plantinha, comum na ilha, foi usada por São Patrício, que converteu o povo irlandês ao catolicismo, palavra inglesa ‘shamrock’ é a derivação do termo irlandês ‘seamróg’, explicando através de suas folhas o conceito da Santíssima Trindade. O povo, que até então mantinha a religião celta, foi convertido ao cristianismo, que se tornou a religião oficial do país.

A harpa – Instrumento tradicional dos bardos e poetas da Irlanda, sempre esteve intimamente ligado ao passado celta, que sempre foi independente. A harpa foi banida durante a dominação britânica, num período em que era comum as harpas serem queimadas e harpistas serem executados. A primeira bandeira irlandesa era verde com a harpa dourada no centro, que simbolizava a luta dos irlandeses majoritariamente católicos contra os ingleses protestantes. Esta guerra durou décadas, sacrificou muitos irlandeses e, com o seu fim, foi adotada a atual bandeira tricolor, com o verde simbolizando a Irlanda, o laranja remetendo aos ingleses e, no meio, o branco representando a paz entre os povos.

O “Saint Patrick’s Day” – Todos os anos, no dia 17 de março, irlandaé  comemorado o dia do padroeiro da Irlanda. Além das comemorações eclesiásticas, ocorre uma grande parada na sua capital, Dublin. Imagine uma mistura de Dia 7 de setembro, Dia de Nossa Senhora Aparecida e Carnaval. É exatamente isso o que acontece: desfiles de grupos fantasiados, carros alegóricos, bandas, pessoas vestindo as cores da bandeira e, claro, regado a muita bebida. Afinal, este é o único dia em que é liberado tomar bebida alcoólica nas ruas.

D'ArcyOs pubs irlandeses – É uma abreviação de Public House. São tipicamente decorados e socialmente frequentados para reuniões familiares, encontro de amigos, pessoas que vão assistir aos tradicionais jogos de rugby ou futebol gaélico (um esporte que, em minha opinião, é uma bagunça só, mas eles amam), ou somente beber, e isso já é um bom motivo para se visitar um pub. A região mais famosa de Dublin, e a que concentra os mais famosos e frequentados pubs, é conhecida como “Temple Bar”, um local sempre muito movimentado e repleto de turistas de todo o mundo.

O café da manhã – Este cardápio é só para os fortes ou aqueles irlanda 3 que não têm problemas com a balança. Um prato composto de linguiça tipo chouriço, bacon, ovos, feijão, tomates e torradas, acompanhados por café, chá ou suco de maçã. Com essa refeição toda, quase não sobra estômago para o almoço que, normalmente, é substituído por um sanduíche. Minha consciência não me deixou comer bacon e linguiça pela manhã em toda a minha temporada por lá.

A música e a dança irlandesa – A batida é inconfundível e a vontade de sair dançando é imensa, mas só os realmente bons conseguem. A mistura de violão, flauta celta, violino, harpa e um instrumento de percussão típico do país chamado bodhrán criam uma harmonia acústica perfeita, uma batida característica que te remete às velhas tabernas de filmes históricos, e te faz dançar mesmo que involuntariamente. Quase todos os pubs têm grupos tocando ao vivo e, ocasionalmente, com dançarinos. Já a dança irlandesa, para quem não sabe, é a origem do nosso conhecido sapateado. Foi criada no século dança irishXV, quando os camponeses usavam sapatos de solados de madeira que ajudavam a aquecer os pés e tinham como distração “brincar com os ritmos” que os solados faziam no chão. O sapateado irlandês sofreu diversas influências dos celtas, nômades e ingleses.  O gingado irlandês exige de seus bailarinos um rápido e complexo trabalho dos pés, com os braços próximos ao tronco, e a parte superior do tronco quase que imóvel. O grupo mais famoso de dança irlandesa é o “Riverdance”, que apresenta seus espetáculos por diversos países. Quem tiver a oportunidade de assistir, vá! É incrível.

Sinceramente, eu ainda volto para visitar esse lugar…

Aldy Coelho

6
nov

Dicas de Jeri

Pretendo me aposentar em Jericoacoara, uma praia paradisíaca do Ceará. Fui pra lá duas vezes e, logo na primeira, eu me apaixonei pelo lugar. Volta e meia amigos me pedem dicas de onde ficar, como chegar, o que comer e coisa e tal. Pra facilitar a vida de todo mundo, seguem abaixo algumas sugestões.

O

Eu e minha amiga Léli, no caminho lindo entre Jeri e as lagoas.

Adorei a Pousada Isabel, que fica em frente ao mar. O quarto, que dá pra 3 pessoas, é bem limpo, tem banheiro próprio e ar-condicionado. Custa R$ 50 por cabeça. Mais informações em www.pousadaisabel.com (sem br no final).

Pra ir de Fortaleza a Jericoacoara, recomendo o ônibus (que é mais barato e mais prático que os carros 4X4). Dependendo do horário, eles saem do aeroporto ou da rodoviária. Custa R$ 80 por pessoa, ida e volta. Com a Fretcar (85) 3402-2244/22 ou www.fretcar.com.br

Lá em Jericoacoara, não peguem buggy pra ir pras lagoas. Andem de jardineira, que é bem mais barata e divertida (a diferença é de R$ 150 por passeio pra R$ 10!!!!). As jardineiras saem da praça principal. Os “locais” não comentam sobre isso pra não sacanear com os bugueiros.

Restaurante bom e barato é o Estrela do Mar. O casal de donos, Luzia e Raimundin, é ótimo! Tem prato feito, com peixe fresco, arroz, feijão e salada. Aliás, os restaurantes caros ficam na rua principal. Os bons e baratos, nas ruas paralelas – tipo este Estrela do Mar.

Lagoa do Paraíso é a minha preferida. Eu costumo ficar na parte atrás da Pousada Chez Loran. Os caras da jardineira sabem e te deixam na porta. Você fica na lagoa o dia todo, tem redes simplesmente dentro da lagoa pra deitar, cadeiras confortáveis na beira da lagoa e o pessoal do restaurante da pousada fica te oferecendo suco de fruta natural, camarão, cerveja gelada….. O uó de bão!

Só pra fechar, lembro que Jeri é point mundial de wind e kitesurf. Então, é sol o ano todo com bastante vento. Ou seja, calor sem suor.

 Beijos,

 Karin Villatore

29
out

Um desabafo

Vou estar falando uma coisa para vocês: não vai estar sendo fácil ser cidadã do mundo nos próximos anos. Sim, o gerundismo é proposital. Dizem por aí que política, religião e futebol não se discutem, mas o que mais estão fazendo por aí é isso, discutir política, religião e futebol. Se fosse só discutir, estaria valendo, mas o pessoal não se contenta com isso e parte pra briga, pra luta, pra falta de respeito e beira à loucura querendo expor e ditar sua opinião a todo custo. Gente, peraí, não vivemos em uma democracia não?

Dilma-x-Aécio

Sou adepta da frase que posso não concordar com o que uma pessoa diz, mas defenderei sempre o direito que essa mesma pessoa tem em dizer o que pensa, com o devido respeito, obviamente.

Todo o processo eleitoral este ano mostrou uma coisa: o povo brasileiro não respeita e não sabe conviver com opiniões que são diferentes. E digo mais, não somente opiniões, tudo que difere do nosso próprio umbigo está errado: não gostamos de gays, somos contra o casamento de pessoas do mesmo sexo, não gostamos de nordestinos, criticamos os pobres, detestamos lésbicas, temos pavor de negros, haitianos e angolanos, não gostamos de gente que trabalha em obras, não curtimos muito o movimento feminista. A gente também não gosta muito de crentes e nem de ateus, aliás, ter religião tá meio ultrapassado.

Em contrapartida, a gente também não gosta de gente que se dá bem na vida, é um crime nesse país ganhar um pouco de dinheiro e ter uma vida confortável de maneira honesta. É um absurdo ser empresário e achar os impostos caros, é péssimo ter condições de comprar um carro do ano, ser inteligente e ter opinião própria vai contra os princípios culturais, ser loira é muito démodé, ser morena tá fora de moda, ser gorda é ruim, ser magra é sinal que você é anoréxica. Gente, parem, pelo amor de Deus, simplesmente parem.

Após a vitória da Dilma, vi os mais absurdos comentários preconceituosos de ambos os lados, tanto do pessoal do PT dizendo que quem votou no Aécio era “playboy, rico, coxinha e não gostava de pobres” (não vou escrever aqui as palavras de baixo calão pois tento ser educada), como dos peessedebistas de plantão, falando que “os nordestinos estragam o país e somos a favor do movimento separatista”. Nada a comentar, absolutamente nada. Todas as palavras e argumentos seriam inválidos diante de tamanha falta de respeito.

Reproduzo aqui, com todo o respeito do mundo, a minha humilde opinião. Minha posição política eu deixo clara para algumas (poucas) pessoas. O que desejo é muita sorte para os brasileiros. E que a presidente reeleita faça uma boa gestão, todos os brasileiros vão precisar disso. Abaixo um dos decálogos mais famosos que conheço, que acredito trazer boas lições de governo.

O decálogo de Abraham Lincoln

Você não pode criar prosperidade desalentando a Iniciativa Própria.
Você não pode fortalecer ao débil, enfraquecendo o forte.
Você não pode ajudar os pequenos, esmagando os grandes.
Você não pode ajudar o pobre, destruindo o rico.
Você não pode elevar o salário, pressionando a quem paga o salário.
Você não pode resolver seus problemas enquanto gasta mais do que ganha.
Você não pode promover a fraternidade da humanidade, admitindo e incitando o ódio de classes.
Você não pode garantir uma adequada segurança com dinheiro emprestado.
Você não pode formar o caráter e o valor do homem lhe tirando sua independência (liberdade) e iniciativa.
Você não pode ajudar aos homens permanentemente, realizando por eles o que eles podem e devem fazer por si mesmos.

Fabíola Cottet

23
out

A Casa dos Hippies

Não há pessoa que passe pela Rua Rosa Saporski em Curitiba que consiga ignorar a casa mais fora do tradicional o possível, que eu e amigas da época de escola apelidamos carinhosamente de Casa dos Hippies. Situada nas Mercês, bairro tradicional da cidade, e em meio a vários sobradinhos sóbrios e austeros que lembram um condomínio europeu, a casa amarela se destaca. Seja pelas árvores nunca podadas, pelos símbolos esotéricos espalhados pela calçada ou pela bunda – sim, uma bunda – pintada num tronco em frente a casa, a construção é digna de olhares curiosos. E não só dos moradores do bairro – segundo a dona, ônibus cheios de turistas já pararam por ali para fotografar.

casa

Pregada no muro, uma placa avisa “Cuidado, cão bravo”, mas quem vem latindo quando se toca a campainha é uma cadela linguicinha. Quando se passa pelo portão da casa, logo se nota a calçada, que parece feita dos ladrilhos de brilhante daquela canção antiga, mas que, na verdade, é de granito reciclado. Um carro branco tão excêntrico quanto tudo ali fica estacionado no fundo da garagem cheia de cacarecos. Parece uma mistura de Kombi com um daqueles carros-fortes que carregam dinheiro. Onde deveria ser o jardim, há quase que uma pequena floresta, com várias árvores plantadas, dentre elas uma macieira e uma pereira. Na frente da casa, além do muro, um misto de mudas encobre um banquinho, disponível para qualquer um, corajoso, diga-se de passagem, sentar-se lá.

Qualquer um que entra na casa se vê num relicário de histórias perdidas. Violões pendurados, relógios antigos, cassetes doados por uma locadora quando esta modernizou o sistema para o DVD, uma coleção completa de anõezinhos que vinham no Kinder-Ovo nos anos 90 e uma quantidade absurda de televisões e cabos eletrônicos espalhados pelo chão, pelo teto, pelas paredes.  Cada objeto da casa tem seu valor, não financeiro, mas emocional. A casa tem ao todo quatro estreitos andares, e no terceiro existe um tesouro inestimável. Uma maquete de uma cidadezinha imaginária construída pelo filho engenheiro do casal toma conta do aposento. Confeccionada com perfeição, tem cada detalhe muito bem pensado.

O andar acima é um desafio, até para conseguir alcançá-lo. Para até lá, há uma escada na parede nem um pouco indicada para quem tem medo de altura. Mas o risco de subi-la vale, e muito, a pena. Um quartinho minúsculo cujo teto é todo decorado de painéis eletrônicos, chips de computador e tudo mais, faz com que o ambiente pareça uma nave especial. Uma luneta gigante cor de cobre fica guardada ali, e quando dá, o casal vai ao terraço para observar o céu à noite.

A maior parte das coisas foi reformada pelo dono da casa, o verdadeiro colecionador das traquitanas e tralhas, visto que pela esposa a bagunça não seria tanta – “a gente não dá conta de arrumar tudo”, diz ela. Quem os vê na rua não imagina que morem numa casa assim. Ele, um homem já grisalho e um pouco fora de forma, de diferente tem no máximo as mãos, que tem alguns dedos faltando. Já ela é uma senhora fofa, com bochechas rosadas e cabelos pretos cortados bem curtinhos, que carrega sempre uma corrente com pingente em forma de cruz. Casados desde o antigo colegial, os dois vivem ali há 38 anos e não levam uma vida muito fora dos padrões: têm dois filhos, que já moram em outros lugares, a cadelinha e alguns gatos espalhados pela casa. E, ao contrário do que muitos pensam, a casa também não tem mistério. “O que você tem que saber, é que nós não gostamos de ter nada igual ao dos outros, por isso a casa é assim”, declara o dono, com um orgulho que se vê nos olhos.

Hoje, a casa já faz parte do coração daquela parte das Mercês. Se um dia algum vizinho acordasse e não a visse mais lá, certamente perderia a fome de tomar café. A rua perderia o brilho e o colorido. A Casa dos Hippies faz algo mágico: desperta a curiosidade e o espírito de aventura presente em cada um que passa por lá. É impossível não sentir vontade de pular o muro e explorar. Quando alguém passa, certamente se pergunta “Quem é que mora nessa casa tão bizarra? Um louco, uma bruxa, um hippie?” Mas acontece que não é nada disso, mora lá o homem grisalho e a senhora fofa, num mundo que, para eles, não passa de normal.

15
out

Brasileiro gosta mesmo é de rivalidade, né?!

O brasileiro é um povo esquisito, chato (desculpem por generalizar tanto). Quando o assunto é futebol, religião e, a cada dois anos, política, prepare-se pois, como diriam na minha cidade, a pequena Tuneiras do Oeste, no interior do Paraná, “o coro vai cume na casa do Noca”. Nas redes sociais é praticamente impossível se manifestar ou debater esses temas (e especialmente a política nesse período) em um bom nível e sem encontrar inúmeros exemplos de intolerância, ignorância e porque não, burrice!

O meu time e a história dele são superiores a qualquer um, ninguém chega aos pés do meu ídolo, minha torcida é a melhor e fazer piada com o nosso mascote é desrespeito. O rival? Só uma palavra pra ele: “#$%&_)@”!

Os ideais pregados pela minha religião são soberanos, são bons para o mundo, deveriam ser seguidos por todos. Já o que prega aquela outra religião ali, credo, Deus me livre, é melhor ser ateu. Minha religião é a melhor. E quanto àquela outra: “#$%&_)@”!

rivalidade

Contra aquele candidato que não me agrada e eu nem sei o motivo, vale tudo, até mentiras e boatos sem fundamento. Contra o meu candidato, ahhhhh, não. Aí não pode ser leviano, não é permitido falar algo que não se prova. Meu candidato é o melhor, é mais bem preparado para o país, mais inteligente e mais bonitinho. Sabe o que eu falo para aquele outro, o adversário? “#$%&_)@”!

No momento que vivemos impressiona a cabeça fechada e a intolerância das pessoas nas redes sociais. Falando especialmente de política, impressiona a forma como as pessoas lidam com posições diferentes. A impressão que dá é que se um grupo de pessoas com posições contrárias se encontrassem nas ruas, haveria uma briga épica que duraria 5 dias e 5 noites. Impressiona a forma como as pessoas embarcam em qualquer boato e compartilham qualquer bobagem (desde que seja contra o candidato rival).

Parece que o certo é definir um lado e a partir disso ignorar ou ofender ao máximo o lado oposto. Não importa se há propostas interessantes do outro lado, não interessa se há algo positivo no “rival”. Afinal, ele é um “rival”, como aquele do futebol, não é?!

E você aí, me respeite; isso é uma democracia; abra o olho… e não ouse discordar de mim!

Lucas Reis

8
out

Sobre eleições e puerilismos

 

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Lembro da primeira eleição em que participei ativamente. O ano era 1996 e eu tinha pouco mais que meia dúzia de anos. Isso porque a novidade da urna eletrônica fez com que minha avó Zilá me pegasse no colo e me deixasse digitar os números e apertar o botão verde.

Foi sensacional. Me senti super importante, no entanto, morri de medo que minha avó fosse presa já que todos diziam que o voto era secreto. Na minha cabeça, ser secreto era sinônimo de não poder falar de jeito nenhum em quem votou, sob pena de passar umas noites no xadrez. Ela abriu o jogo do voto justo comigo, que corajosa, pensava.

Não foi o caso. Voltamos para casa lépidas e faceiras e com o dever cumprido. Eu não sabia qual estrago minha avó tinha me permitido fazer, só descobri depois de adulta que aqueles candidatos eleitos pelos meus dedinhos eram os piores possíveis. Só então entendi o sentido de “secreto”. Boa vó, obrigada por mais essa!

Nessas descobertas todas, entendi que eu podia pensar diferente da minha avó e continuar amando-a sem que houvesse brigas de foice, ameaças de morte, injúrias, difamações e frases preconceituosas envolvendo os candidatos que ela escolheu, sua idade, peso e local de nascimento.

Nessas eleições, lá se vão 15 anos sem a vó Zilá e quase 20 do dia em que apertei os botões por ela. E o que mais me surpreende é que, atualmente, parece que todos nós ainda temos aquela mesma meia dúzia de anos que eu tinha ao discutir sobre política.

Agressões, argumentos sem fundamento, papo furado, sociologia a partir do seu próprio umbigo, achismos, Facebook como muro de lamentações/diário/ai meu Deus quero sair daqui/você não presta/vou te deletar. Além, é claro, do “bom e velho” preconceito racial, social, de gênero e regional. Pérolas da tecnologia que te permite ofender sem ter que mostrar sua cara e criar um discurso plausível com mais de 140 caracteres. Acho que você não entenderia, vó.

Dia desses um primo meu me disse que “havia feito a sua parte” na eleição. Entendi completamente o que ele dizia, no sentido de querer o bem para todos, garantir direito de minorias e um estado laico de fato. Mas foi aí que me veio o clique: a grande questão é que todos nós, do alto do nosso puerilismo político cremos piamente que fizemos “a nossa parte”.

O que será que é fazer a nossa parte quando somos mais de 200 milhões? Estou longe de ser Pollyanna, mas acredito em uma sociedade de fato laica. Acredito no próximo, ainda que não tenha nascido no mesmo local que eu. Acredito mais em pobres que em ricos, é verdade, mas acredito.

Acredito que minha religião ou não-religião deve ser respeitada. Creio que meus irmãos, que infelizmente não puderam desfrutar da presença da dona Zilá, possam viver em um país igualitário. Assim como meus filhos e até mesmo eu quando tiver a idade da minha avó.

Se eu tivesse o mesmo tempo de TV e rádio que os candidatos têm, aproveitaria para pedir que a gente seja menos massa e mais críticos. Que haja mais proposta e menos falação. Menos partidários e mais pensantes. Mais tolerância, capacidade de colocar a cabeça no lugar para analisar o que vem por aí.

Não queria que vibrassem com um debate que vai e vem e acaba caindo em ofensas pueris. Quando vejo esses memes nas redes sociais penso logo em: a bola é minha e você não brinca mais.

Somos tão jovens, com apenas 514 anos temos muito o que aprender sobre respeito, cidadania e tolerância. Precisamos fazer terapia coletiva para entendermos a nós mesmos. Compreender sobre democracia, esse direito que nos foi dado há tão pouco tempo e que ainda não sabemos usá-lo. Sigamos, brasileiros.

Será que continuo sendo aquela mesma criança que apertou os botões em 1996? Tomara que sim. Beijo, vó!

Marina Oliveira