Essa semana, bem no final do expediente, começou a chover daquele jeito que só chove quando você precisa pisar na rua e enfrentar o trânsito. Pingos grossos, vento destruindo seu guarda-chuva e carros nada simpáticos passando e te dando um banho de água fria e suja. Eu era o protagonista dessa cena. Foi um horror, claro, mas surpreendentemente eu não estava irritado ou amaldiçoando o mundo. Na verdade, estava pensando que logo chegaria em casa, tomaria um banho quente, receberia muitas lambidas do cachorro e poderia me esquentar, ser muito fofo, querido e assistir a mais um episódio de MasterChef.
E enquanto eu caminhava e pensava nessas previsões deliciosas que logo iam acontecer, percebi que estava feliz. Uma felicidade passageira, claro, mas muito calorosa. E foi aí que eu pensei sobre essa tal da felicidade. Os sábios realmente têm razão. É impossível alguém ser feliz 24 horas por dia e manter um sorriso na cara e passarinhos no ombro. Mas é possível ser feliz em diversas partes do dia. No fim, é isso que faz nossa vida valer a pena.
Quando estamos com muito frio e encontramos um raio de Sol no meio da rua, é como se estivéssemos sendo abraçados. Quando encontramos aquele amigo legal e damos risadas sobre coisas que somente fazem sentido para os dois, sentimos felicidade. Quando aquela pessoa pela qual somos apaixonadas nos pergunta como foi o dia, nos sentimos a pessoa mais importante desse mundo. Quando as coisas dão certo no trabalho, é como recebêssemos uma dose de autoconfiança. Quando ganhamos um abraço, é quase como se ali pudéssemos fazer nossa morada.
Acho que a vida é bela por causa desses e de outros momentos. Cada um sabe suas doses de felicidade diárias, mas poucos sabem reconhecê-las. Por isso, sejamos felizes não para sempre, mas várias vezes durante nossos dias.
Rodrigo de Lorenzi