Arquivo mensais:junho 2019

25
jun

Os livros do semestre

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Esse ano, infelizmente, não estou conseguindo ler tanto quanto li no ano passado. Já foram 14 livros até agora, mas ano passado eu já tinha lido uns 25 neste mesmo período! É triste, porque um dos meus objetivos de 2019 era ler ainda mais, mas parece que o tempo anda cada vez mais curto, credo!

Mas ainda assim dá para ler, porque sempre temos aquele tempinho do ônibus-trabalho-trabalho-casa, as filas, o esperar alguém ou aquela leitura rápida antes de adormecer à noite.

Para quem quer engatar na leitura neste segundo semestre ou está procurando novos livros, aqui vai uma pequena lista dos 5 melhores livros que ali até agora em 2019.

Beijos

Rodrigo

  1. Olhai os lírios do campo (Érico Veríssimo)

Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Sensível, “Olhai os Lírios do Campo” é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.

  1. Vozes de Tchernóbil (Svetlana Aleksiévitch)

Esse é para quem adorou a série da HBO. Em abril de 1986, uma explosão na usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia — então parte da finada União Soviética —, provocou uma catástrofe sem precedentes: uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera e a cidade de Pripyat teve que ser imediatamente evacuada. Tão grave quanto o acidente foi a postura dos governantes soviéticos, que expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os reparos na usina. Pessoas comuns, que mantinham a fé no grande império comunista, pereciam após poucos dias de serviço. Por meio das vozes dos envolvidos na tragédia, Svetlana Aleksiévitch constrói este livro arrebatador, que tem a força das melhores reportagens jornalísticas e a potência dos maiores romances literários.

  1. Éramos Seis (Maria José Dupré)

Lindo, lindo, lindo e lindo. Chorei largado. A história de Dona Lola e sua família, uma bondosa e batalhadora mulher que faz de tudo pela felicidade do marido, Júlio, e dos quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel. A vida de Dona Lola é narrada desde a infância das crianças, quando Júlio trabalha para pagar as prestações da casa onde moram, passando pela chegada dos filhos à fase adulta e de Dona Lola à velhice. Conforme os anos passam, vão se modificando as coisas na vida de Dona Lola: a morte de Júlio; o sumiço de Alfredo pelo mundo; a união de Isabel com Felício, um homem separado; a ascensão de Julinho, que se casa com uma moça de família rica. O título do livro vem da situação de Dona Lola ao fim da vida, sozinha num asilo: eram seis, agora só resta ela.

  1. Como as democracias morrem (Steven Levitsky e Daniel Ziblatt)

Assustador, absolutamente assustador analisar o que está ocorrendo no mundo todo, especialmente nos EUA, e fazer um paralelo com o Brasil. Se até nos EUA, que têm uma Constituição sólida, antiga e robusta, a democracia está em jogo, imagine no Brasil, com sua jovem democracia e um povo que ama o passado e flerta com a autocracia. Interessante a análise dos autores, também, ao refletir sobre o papel dos partidos políticos. Enfim, livro recomendadíssimo para entender o que está acontecendo, que só peca por causa das repetições e reiterações.

  1. A Gorda (Isabela Figueiredo)

É sobre uma mulher gorda e como esse fato influencia todos os acontecimentos de sua vida, mas não é só sobre isso. É sobre isso e muito mais. Isabela Figueiredo tem uma sensibilidade para falar sobre família, amizade, preconceito e amadurecimento que me emocionou demais. Algumas passagens me marcaram fortemente. A escrita é sincera, dolorida e fala a todos nós – gordos ou magros. A protagonista erra, tem opiniões contraditórias, age de forma preconceituosa e, por vezes, machuca o leitor. Ou seja, exatamente como nós. Livro para ler e se olhar no espelho depois. Recomendo demais.

“Eles riem enquanto caminho, eles falam sozinhos, ‘ó orca, grande fúria dos mares, já comeste hoje alguém?!’. Riem. Divertem-se, pueris e crus. Mas a baleia ouve. Não querendo, as frases ficam inscritas no mesmo cérebro que as rejeita. A baleia. A orca. O monstro. Eu era uma miséria de mulher, um torpor, uma dor que já nem dói. Um farrapo de lã que já não aquece. Já não pretendia esconder-me do que tinha sido e fingir uma perfeição que não me assentava. Quebrara-me de novo em fragmentos, como se quebra o vidro e as pessoas. E de cada vez que me quebrava não era possível voltar ao que era antes.”

12
jun

Virei influencer

influencer

Há um movimento bem interessante de migração dos locais em que as pessoas costumam buscar informação. As redes sociais cada vez mais ocupam o espaço das tradicionais agendas culturais que saíam nos jornais uma vez por semana: tá tudo ali, em tempo real, para quem quiser se programar. Eu, que amo jornalismo cultural e gastronomia, vi no Instagram um prato cheio e resolvi me aventurar. Sou influencer fresca. Há quase dois meses criei o @BoraCuritiba, perfil do Instagram que reúne dicas do que fazer em nossa província dos pinheirais. É um universo superbacana, cheio de novidades pra mim. E cada pessoa que vive em Curitiba engajada organicamente é uma vitória pessoal. “Meu conteúdo é relevante”, penso.

Informar bem não é uma tarefa fácil. É preciso escolher o que é de interesse do público, não seu. O bom é que a gente aprende bem isso na faculdade de jornalismo – o que é uma vantagem em um mundo não especializado em apuração. E informar sobre cultura e gastronomia é algo apaixonante, mas que exige responsabilidade. Se você fala de algum lugar porque ganhou algo em troca, vira publicidade. Claro que eu não vou deixar de atender a convites que eventualmente venha a receber, mas vou informar o meu seguidor de que estive naquele lugar a convite de uma assessoria. Podem me chamar, hehe.

Quer conhecer a minha pequena agenda cultural virtual? Estamos no Instagram e no Face, por enquanto. Segue lá: instagram.com/boracuritiba.

Luciana Penante

6
jun

O Brasil na Netflix

Mecanismo-Samantha

Depois que a série 3% “deu a largada”, a Netflix tem investido cada vez mais em produções brasileiras. E que agradam o público internacional. Além da pioneira, que está prestes a ter sua terceira temporada lançada pelo canal de streaming, outras duas séries estrearam suas segundas temporadas recentemente: O Mecanismo e Samantha!

Consegui conferir, a passos de tartaruga, as duas produções (de oito e sete episódios cada, respectivamente). A maratona lenta se deve mais ao meu perfil de espectador do que ao ritmo das séries: sou daqueles que deixa para assistir no fim da noite, e não raro acabo pegando no sono no meio do episódio.

Dito isso, fico feliz em constatar que o Brasil está bem representado na Netflix!

O Mecanismo evoluiu as nuances e motivações dos personagens ao desenrolar a história baseada na Operação Lava Jato, nos entregando boas sequências de ação – principalmente as ambientadas na Tríplice Fronteira. A série de José Padilha (Tropa de Elite, Narcos) estrelada por Selton Mello ainda peca nos diálogos expositivos e “canastrões”, mas tem uma 2ª temporada mais regular que o ano inicial.

Se for renovada, deverá abordar em seu terceiro ano o governo Thames/Temer, além da prisão de Gino/Lula e, talvez, a eleição do “deputado de direita” à presidência, já que ele aparece na emblemática votação impeachment de Janete/Dilma. Pois é, os nomes trocados são parte da “diversão” de O Mecanismo…

Já Samantha!, com exclamação, continua a “saga” da estrela televisiva infantil dos anos 1980 na fase madura, vivida brilhantemente por Emanuelle Araújo, tendo que enfrentar os desafios do showbiz, o marido Dodói (Douglas Silva), ex-jogador recém-saído da prisão e o casal de filhos peculiares. Qualquer semelhança com a vida de Simony talvez não seja mera coincidência. A série é divertida, leve e mescla de forma eficiente as cenas de flashback oitentistas com a atualidade problemática da “ex-estrela mirim”.

PS: Se você gosta de produções nacionais e assina Netflix, confira também Coisa Mais Linda, série ambientada nos anos 1950 que já foi renovada! É linda mesmo…

Por André Nunes