Arquivo mensais:junho 2016

30
jun

Eu, Robô

robo

Um bafafá danado aquele vídeo sobre o DINO – Divulgar de Notícias. Pra quem não viu ou não é da área, um sujeito apresentou uma ferramenta como uma espécie de salvador da pátria pra quem não tem grana pra contratar uma Assessoria de Imprensa. Num lance tipo “faça você mesmo”, o cabra sugeriu que o próprio empresário produza o texto, poste no aplicativo e fique curtindo os sensacionais resultados depois. Levou tanta paulada que teve que se retratar junto à Abracom – Associação Brasileira de Comunicação Corporativa.

Esse auê me fez refletir sobre o futuro da nossa área. Será que um dia vai rolar uma automação das Assessorias de Imprensa? Imaginei alguém ligando aqui pra agência e uma voz mecânica falando:

Você ligou para a Talk Assessoria de Comunicação. Se quiser a divulgação de um release para a imprensa de todo o Brasil, disque 1. Se quiser a veiculação na imprensa de uma foto sua ao lado do juiz Sérgio Moro, disque 2. Se quiser se transformar em uma celebridade da mídia, disque 3. Se quiser falar com um de nossos jornalistas-robôs, disque 4.

Beijos,

Karin Villatore

 

23
jun

Pela rua

rua

Uma laranja voa no para-brisa do carro ao lado, parado no sinaleiro. O motorista, distraído pelo celular, leva um susto. Fico sem saber se rio ou se choro. O malabarista pra lá de improvisado faz uma cara de dar dó, enquanto tenta juntar as laranjas do chão, desculpar-se com o dono do carro e ainda recolher algum trocado, que a vida não tá fácil…

Na esquina seguinte, uma criatura sem camisa, inteirinha pintada de prateado, tiritava de frio numa dança esquisita que pretendia imitar os movimentos de um robô. Mais adiante, o casalzinho de namorados se revezava entre bandeirinhas e cones coloridos, passando o chapéu entre as janelas fechadas.

Minhas moedas se acabam enquanto penso na indigência do sujeito que tenta se estabelecer como artista de rua, seguindo o rastro dos argentinos e seus dreads, que há alguns anos trouxeram a moda para o Brasil.

Em que episódio do Faustão ele tentou aprender a se virar nos 30 segundos do sinal vermelho, em que boteco da Barão do Serro Azul ele jogou para cima as primeiras laranjas, em que mundo estamos para encontrar em cada esquina o retrato cada vez mais tenebroso do nosso empobrecimento…

O frio torna tudo pior. Até o meu humor.

Marisa Valério

16
jun

À espera de um milagre

NaniOnibus2Eu nunca me interessei muito por carros, não sei bem o motivo. Desconheço quais são os modelos, não sei nem mesmo a engenharia básica dos veículos. Uma vergonha, eu sei. Depois da invenção do Uber eu me sinto motorizado e livre para transitar pela cidade. Por isso, tirar a Carteira de Habilitação nunca foi um grande sonho, mas isso mudou.

Eu cansei.

Já chega.

Dias desses, acordei no meu horário habitual, me arrumei para o trabalho e fui esperar o ônibus amigo, lá perto de casa. O maravilhoso veículo coletivo e democrático deveria chegar em, no máximo, 10 minutos. Mas os 10 viraram 20. Os 20 viraram 30. Até que os 30 viraram 40. Eu estava enlouquecido!

Não é possível uma coisa dessas. Tenho certeza que algum cardíaco passaria mal. O cidadão começa a sentir coisas estranhas. Primeiro, a preocupação te invade porque você vai se atrasar para o trabalho. Segundo, suas pernas começam a doer por causa do tempo em que você está de pé. Terceiro, a irritação normal se junta com a irritação dos demais, que começam a reclamar do ônibus, da política, do ser humano, de todo o Universo. Quarto, o sentimento de impotência diante de uma situação como esta acaba imperando. Afinal, você não consegue se locomover de um local para o outro! Eu não aguento. É uma palhaçada!

Enquanto você está lá, esperando um milagre acontecer, já começa a bolar muitos planos pra sair dessa situação. Eu vou comprar um carro, eu não aguento mais, isso não é meu mundo, meu pai do céu, como isso pode acontecer? Será que o ônibus estragou? E aí começam a aparecer vários ônibus, um atrás do outro, mas no sentido contrário!! Você tem vontade de sentar, chorar e desistir de tudo.

Tudo isso eu senti. Até que de repente surgiu aquela figura maravilhosa, imponente, grandiosa, linda. O ônibus chegou. Todos olharam com cara feia para o motorista, que não deu nenhuma satisfação, mas a felicidade pelo transporte público ter chegado imperou e todos se sentiram aliviados, embora atrasados.

Já passei por isso algumas vezes e nunca é prazeroso. Por isso, estou arquitetando um plano para adquirir um automóvel. Os biólogos que me perdoem (mais um carro poluente e tal), mas pra mim já chega.

E vamos seguir acordando cedo!

Beijos

Rodrigo

 

 

9
jun

O amor está no ar

dia-namorados

Nunca me apeguei tanto a datas. Sou capaz de esquecer importantes aniversários. Levei uns quatro anos para memorizar que meu marido aniversaria no dia 18 de dezembro, e não no dia 16. Quando o Facebook passou a me lembrar dos aniversários do dia, passei a amá-lo um pouco mais.

Sobre as datas tradicionais, Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, etc., o comércio se encarrega de nos bombardear com lembretes semanas antes. Assim têm sido os últimos dias. Cada página da internet que acesso tem alguma notícia ou propaganda do Dia dos Namorados. Também não se esquecem dos solteiros nesta data. São opções de presente e de lazer para namorados, casados, solteiros e encalhados.

Não tenho nada contra presentear quem você ama nesta data tão simbólica e especial. O que não acho justo mesmo é ficar horas na fila do restaurante esperando uma mesa para jantar. O fato é que quando convivemos com a pessoa amada, acabamos presenteando o ano todo. Para mim, essas formalidades perdem um pouco a importância. Sei que isso é muito pessoal mesmo, pois vejo casais que fazem questão de celebrar a data com tudo que têm direito. Acho bonito, mas não combina comigo.

Neste Dia dos Namorados quero aproveitar o frio para comer pipoca com o maridão e as crianças no sofá. Tomar chocolate quente. Assistir a um bom filme. Ligar o aquecedor. Deixar o gato subir no meu colo e ficar afofando a coberta com as unhas. Enfim, será mais um domingo em família. Com muito amor e calor humano.

E viva o amor! Um feliz Dia dos Namorados!!!

Bjs,

Aline Cambuy

 

2
jun

Do cinza do céu

Beco-Umbrellas

Fiquei pensando no comentário feito assim, meio solto no meio da tarde, pela Marisa (a Marise ou Valéria, cá nas internas) sobre como essa garoa com frio deixa a gente com astral esquisito.

A primeira lembrança que pintou foi da época da Rede OM, no comecinho dos anos 90. Junto com o Galvão Bueno veio uma turma de jornalistas de esporte do Rio. E, com eles, as esposas. Uma delas, visivelmente deprê, perambulava algumas tardes pela redação. Aos prantos, falava ao telefone: Roberto (com todos os erres), aqui o céu nunca é azul!

E se as pesquisas provam que Curitiba tem menos dias de sol do que Praga, Londres e Berlim, aprendi trabalhando em uma multinacional sueca que deveríamos parar com esse mimimi. Na hora do almoço, os executivos da matriz praticamente engoliam a comida e corriam para os bancos em frente ao refeitório para fazer verdadeiros tributos ao sol. Abriam a camisa até onde o senso comum permitia, erguiam o rosto e ficavam assim, em silêncio sepulcral, até a volta à labuta. Bonito de ver.

Aliás, minha antiga chefe sueca um dia me contou que o governo de lá aconselha as pessoas que moram sozinhas a acampar na casa de algum conhecido igualmente solitário durante o inverno. Sabedoria que só quem vive sem luz e sem sol durante meses tem. Sinceramente, dispenso este tipo de conhecimento.

No começo do ano que vem eu me mudo para o Nordeste. Será que vou sentir falta do cinza do céu de Curitiba?

 Beijos,

Karin Villatore