Sabe aquelas histórias fofas que ouvimos desde pequenos com personagens que passam pela hoje tão falada “jornada do herói” – velha conhecida dos que trabalham com o conceito de storytelling? Originalmente, elas eram muito mais sombrias do que as conhecemos hoje. Contos dos irmãos Grimm e de outros escritores famosos do gênero eram cheios de assassinatos, sangue e violência. Com o tempo eles foram adaptados para crianças, mas continuaram com uma pegada essencial: dar uma lição de moral no fim da história – com o intuito de preparar os pequenos para o mundo adulto, que, convenhamos, não é sempre cheio de alegria e feito somente de pessoas com boas intenções.
Percebi que hoje não é diferente, mudou o meio de propagação. Claro, as histórias infantis perderam a pegada violenta para proteger as crianças da maldade – mas percebo um movimento interessante nas mídias sociais: a proliferação de histórias muitos próximas aos contos de antigamente, também com o intuito de educar os jovens. Primeiro, antes mesmo da internet, vieram as lendas urbanas – quem nunca teve medo de acordar em uma banheira cheia de gelo sem um rim? Mas hoje, com tantas maneiras de comunicar e espalhar histórias e estórias (quem é dos anos 80 ou antes conhece essa palavra, que caiu em desuso), contos da vida real do século XXI pipocam no mundo virtual.
Semana passada, na farmácia, ouvi as moças do caixa conversando. Uma dizia: “Você viu? A menina saiu com um cara que conheceu na internet, foi abusada e encontrada morta”. A colega: “Eu vi! Também recebi um recado num grupo do WhatsApp que disse pra tomar cuidado com o nosso copo de bebida na balada, porque uma menina foi drogada e roubada”. E as histórias são muitas. Você mesmo já deve ter recebido alguma, principalmente se for mulher. Bem, quem sou eu para julgar? É bom estar atento, saber com quem anda e cuidar da saúde. Mas cuidado para não ficar espalhando boato por aí…
Luciana Penante