Dias desses li um artigo de uma mulher que contou uma história com a qual me identifiquei muito. Ela começa o texto assim:
“ ‘Adorei o seu sapato’, disse uma amiga para mim certa vez. ‘Legal, né? Eu comprei em uma feira de artesanato na Colômbia, achei superlegal também’, eu respondi, de fato empolgada porque eu também adorava o sapato. Foi o suficiente para causar reticências quase visíveis nela e no namorado e, se não fosse chato demais, eles teriam dado uma risadinha e rolariam os olhos um para o outro, como quem diz ‘que metida!. Incrível é que posso afirmar com toda convicção que, se tivesse comprado aquele sapato em um camelô da 25 de março, eu responderia com a mesma empolgação ‘Legal, né? Achei lá na 25!’. Só que, aí sim, eu teria uma reação positiva, porque comprar na 25 pode”.
Depois ela continua afirmando que experiências como essa fazem com que ela mantenha seus hábitos de vida restritamente ao círculo familiar e de amigos, aqueles poucos que contamos mesmo nos dedos. No meu caso, sim, gosto de estudar Inglês (por mais que já tenha terminado um curso, perdi a fluência e continuo querendo aprender), Francês e outras línguas. Gosto de gastar meu dinheiro com livros, cinemas e de escutar histórias de pessoas diferentes e de ler jornal. Mas prefiro mesmo não comentar nada disso com o risco de parecer metida (ler livros agora é correr o risco de ser intelectual demais). Isso sem mencionar que eu e meu marido somos cogitados como ricos, pois viajamos uma vez por ano. Mas isso ocorria desde que éramos estagiários e passávamos férias em Morretes, sem o menor problema.
Passamos o ano todo economizando, não gastando com a roupa da moda ou sei lá mais o que, para nos darmos de presente uma viagem nossa, para colecionarmos lembranças ao longo da vida. Não estou julgando ninguém. Acho que cada um deve fazer mesmo o que quer e como pode. Não somos ricos ou metidos, somos apaixonados pela ânsia do novo, do desconhecido, do poupar para celebrar, de conhecer novas culturas. Aliás, cultura não é sinônimo de dinheiro. Minha mãe possui um conhecimento enorme, sabe de coisas que eu nem faço ideia sem nunca ter saído do país.
Essa censura alheia pelo o que o outro faz da vida me entristece um pouco. Concordo com outra parte do texto que cita que a mediocridade faz com que muitos torçam o nariz para tudo aquilo que não conhecem, mas que socialmente é considerado algo de um nível de cultura e poder aquisitivo superior. E assim você vira um arrogante.
Hoje, tudo está ao alcance de todos. Basta julgar menos e fazer mais. Para quem se interessou, segue o artigo da outra moça: http://ansiamente.wordpress.com/2012/05/10/a-arrogancia-segundo-os-mediocres/
Thalita Guimarães