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Saiba por que seu artista favorito não é genial

A veneração às pessoas famosas não é novidade. Geralmente, os atos das celebridades “em alta” são tema de debate, mesmo quando não têm muita importância. Algumas celebridades usam essa atenção concedida a elas para se engajarem em causas e – pelo menos tentar – mudar alguma coisa no mundo.

Porém, ao mesmo tempo em que esta é uma atitude extremamente benéfica, muitas vezes as pessoas não sabem separar o que é a imagem construída do artista e as atitudes que partem deles próprios.

Um dos casos mais atuais que me vem à cabeça é a recente nomeação da cantora Beyoncé na lista das pessoas mais influentes das revistas Time e People. No fim de abril, Beyoncé lançou um single que a fez virar notícia. Dessa vez não foi apenwhatsas pela sua voz – magnífica, diga-se de passagem – ou por suas curvas, mas sim pela mensagem que passava. Pretty Hurts, o nome do single, fala sobre a pressão sobre as mulheres em estarem sempre bonitas e impecáveis. Mais interessante do que a letra, entretanto, foi a campanha nas redes sociais lançada junto com o single. O videoclipe demorou a sair, e quando estourou, Beyoncé lançou uma nova hashtag nas redes sociais, através de um hotsite que, logo quando aberto, exibia: #whatispretty.

Foi uma jogada extraordinária e, admito, com uma motivação muito válida, pois, as discussões sobre feminismo são cada vez mais frequentes, e as mulheres, mais do que nunca, querem ser entendidas e valorizadas, em todos os aspectos. O ideal de beleza passado pela mídia mainstream geralmente é fora da realidade, e leva milhares de meninas e mulheres ao redor do mundo a se sentirem obrigadas a estar sempre se preocupando com sua aparência. É um círculo vicioso, em que ninguém quer tomar responsabilidade, muito menos a mídia. Logo, ouvir uma música que fala disso e vai contra estes princípios, é fator motivante para muitas pessoas. Com Pretty Hurts, ela passa a mensagem de que as pessoas precisam “achar aquilo no mundo que te faz realmente feliz”. Gente do mundo todo postou fotos do que achavam que era bonito, no Instagram, no Facebook e no Twitter.
Mas aonde quero chegar com este texto é à discussão de que, mesmo se Beyoncé tiver todos os ideais representados pela música e pela campanha nas redes sociais, a ideia certamente não partiu inteiramente dela. A música foi escrita pela compositora Sia, autora de outros hits, como Diamonds da Rihanna, e não foi direcionada à Beyoncé em primeira mão – Sia ofereceu Pretty Hurts primeiramente a Katy Perry e, posteriormente, para Rihanna.

Beyoncé deve ter tido um bom auxílio de profissionais da comunicação para construir a campanha e, mais ainda, para fazer a ação atingir as proporções que atingiu. Não tiro o mérito da cantora, até por conhecer seus trabalhos mais recentes e o ideal que ela procura passar, e todo o carisma e cuidado que tem com os fãs que lhe renderam o apelido de “Queen B”. Entretanto, dar todos os créditos ela, como se fosse uma heroína, também não acredito que seja condizente com a realidade. Com certeza houve uma pitada de assessoria de comunicação ou RP ali.

Um bom trabalho de assessoria de imprensa direcionado, junto com a publicidade, pode fazer com que as celebridades passem a imagem de que são heróis. avrilPor isso, cresce cada vez mais o papel da comunicação, já que as redes sociais têm o potencial de expor as atitudes dos artistas para o mundo.  Um exemplo de mal uso da imprensa  ocorreu há duas semanas, com a cantora Avril Lavigne. Ela cobrou dos fãs brasileiros 800 reais para um “Meet &Greet”, e não deixou nem que seus seguidores encostassem nela para as fotos. O resultado foi catastrófico nas redes sociais e nas imprensas brasileira e internacional, e virou até meme. Outro exemplo de impacto negativo na mídia, relacionado aos artistas brasileiros, foi a campanha “Somos todos macacos”, que se expandiu de maneira rápida e começou a ser criticada mais rápido ainda.

Com isso, acredito que o cuidado com a relação que se possui com a imprensa e com os conteúdos liberados é fundamental, tanto para personas quanto para empresas. Beyoncé é um grande exemplo de boa construção de imagem, e nos mostra que, quanto mais se dedica a passar uma imagem sólida e significativamente positiva para a mídia, maior é a chance de um empreendimento, de qualquer tipo, deslanchar.

Amanda Pofahl

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