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jul

Voto sem saída

Este será o primeiro ano em que votarei para uma eleição presidencial. Deveria ser libertador saber que posso ajudar a escolher o governo do meu país, porém, quando paro para pensar nas opções, encontro-me em um beco sem saída. Nunca me atraí pela política até entrar na faculdade, onde uma professora mostrou que simplesmente tudo é política, até mesmo optar por não gostar do tema. Uma vida com seres apolíticos nunca iria para frente.

O que acontece é que a política exdownload (1)ercida na luta pelo governo é apelativa, chegando, muitas vezes, a causar asco. E acho que este sentimento não existe só em mim.  Já é normal associar a imagem de um político ao personagem falastrão e vigarista. Muita gente afirma que alguém pode até ter boa intenção, mas que, se entrar no mundo da política, certamente irá se perder. Seja pelo clima de impunidade que permeia os ares de Brasília ou pela simples predisposição que habita o ser humano de querer mais poder e benefícios para si mesmo.

Observo que o Brasil vive uma época em que não há mais confiança nos governantes. Afora militantes, a população parece não ver grandes diferenças entre os partidos. Se há uma visão de distinção, fica no já manjado “direita x esquerda”, conceito este que está cada vez mais confuso.

Talvez isso seja resultado de uma falta de orientação política, principalmente nas escolas. Lembro-me de todos os meus professores dando suas matérias na escola de forma engessada: matemática é matemática, português é português. Poucos se importavam em ir além, em transformar os alunos em uma massa crítica e bem informada. Apenas um professor no último ano do ensino médio tentava fazer com que pensássemos nos conflitos políticos existentes. Uma frase dele, especificamente, me vem à cabeça hoje quando penso em quem votar. Ele disse que a sua política pessoal era a de nunca reeleger um partido, pois esta era uma atitude essencial para a manutenção da democracia. Vejo sabedoria na afirmação deste professor que, com seus cabelos bem branquinhos, deve ter inspirado muitos alunos a pensar em seus papéis de cidadãos. Eu demorei alguns anos a perceber a importância de tudo que ele dizia em sala, mas hoje levo comigo muitos dos seus ensinamentos.

Continuo ainda sem saber o que fazer com o meu voto, que é tão pequeno sozinho, porém gigante ao lado de milhões de outros iguais a ele. Mas, quando achar uma saída e fizer minha decisão, espero, profundamente, que o que eu digitar na urna valha a pena.

Amanda Pofahl

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