Este final de semana fui a um grande festival de música, o Lollapalooza. Lá, uma multidão de gente esperava para ver seus ídolos. Com várias atrações no line-up, a ideia dos organizadores era a de agradar a gregos e troianos. Tarefa ingrata e digo mais: impossível. Com mais de 50 atrações é fácil atingir um pouco de cada tribo, mas não dá para atingir muito de nenhuma. Claro: cada banda tem um estilo e repertório, normal. Mas aí você se pergunta: sim, e daí, qual a novidade? A novidade está no repertório do outro, daquele que a gente não conhece – e isso pode ser levado a outras esferas: nossa vida, por exemplo.
Provavelmente quem foi ao festival para assistir ao rock’n roll de outras décadas de Robert Plant e Smashing Pumpinks não estava muito interessado em assistir ao show de música eletrônica do Skrillex ou ao dance de rádio FM do Calvin Harris — mas isso não diminui a importância que os dois têm para quem gosta de chacoalhar na pista, entendeu?! O que não dá para acontecer – e não aconteceu, ainda bem – é desrespeitar o repertório do outro. O fato de você não gostar de dançar não pode ser pressuposto para você ir lá e reclamar por estar rolando um show de dj, porque tem quem goste. E digo mais: se você tiver a mente aberta, pode se surpreender com o repertório do outro e até arriscar uns passos de dança – ou simplesmente apreciar a vista.
No meu caso, fiquei apaixonada pelo som e visual da Saint Vincent, de quem nunca tinha ouvido falar. Mas voltando ao plano das metáforas: o repertório do outro sempre pode surpreender se você estiver disposto a escutar – e aqui eu não estou falando de música, estou falando de gente. É preciso ouvir música e é preciso ouvir o outro – afinal, se todo show tivesse as mesmas músicas sempre, ninguém ia querer assistir outra vez.
Luciana Penante