25
ago

Pequenos sonhos no espelho

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Cortei o cabelo  inspirada na foto de uma linda e jovem atriz, que sorria pra mim na capa da revista oferecida pela cabeleireira. Eu sabia, é claro, que o rosto da moça não vinha junto com o corte. Mas depois de algumas tesouradas e navalhadas nas madeixas, levantei os olhos para o espelho, com aquela esperançazinha…Vai que, né?

Faço a mesma coisa a cada Natal, quando olho sob a cama. Era ali que em geral ficavam nossos presentes, vários pacotes de coisas coloridas e baratas que o pai e a mãe embrulhavam com gosto. E a gente abria com encantamento. Às vezes, escondiam pela casa. Mas normalmente estavam lá. Bem sei que já não há, mas disfarço e olho mesmo assim.

Faltando menos de dois meses para o meu aniversário, sei que vou sonhar em vão, de novo, com um desejo impossível, tão impossível quanto o de me parecer com a Déborah Secco de cabelos curtos. Desde os 16 anos, quando saí de casa para estudar, recebia um telegrama com mensagem carinhosa. Até meus 28, ele vinha assinado pelo pai e pela mãe. Dali pra frente, quando o pai se foi, vinha com os carinhos da mãe. Já faz alguns anos que ela não lembra de datas e cada vez menos das pessoas.

Mas vai que, né?

Marisa Valério

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