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jun

Os livros do semestre

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Esse ano, infelizmente, não estou conseguindo ler tanto quanto li no ano passado. Já foram 14 livros até agora, mas ano passado eu já tinha lido uns 25 neste mesmo período! É triste, porque um dos meus objetivos de 2019 era ler ainda mais, mas parece que o tempo anda cada vez mais curto, credo!

Mas ainda assim dá para ler, porque sempre temos aquele tempinho do ônibus-trabalho-trabalho-casa, as filas, o esperar alguém ou aquela leitura rápida antes de adormecer à noite.

Para quem quer engatar na leitura neste segundo semestre ou está procurando novos livros, aqui vai uma pequena lista dos 5 melhores livros que ali até agora em 2019.

Beijos

Rodrigo

  1. Olhai os lírios do campo (Érico Veríssimo)

Eugênio Pontes, moço de origem humilde, a custo se forma médico e, graças a um casamento por interesse, ingressa na elite da sociedade. Nesse percurso, porém, é obrigado a virar as costas para a família, deixar de lado antigos ideais humanitários e abandonar a mulher que realmente ama. Sensível, “Olhai os Lírios do Campo” é um convite à reflexão sobre os valores autênticos da vida.

  1. Vozes de Tchernóbil (Svetlana Aleksiévitch)

Esse é para quem adorou a série da HBO. Em abril de 1986, uma explosão na usina nuclear de Tchernóbil, na Ucrânia — então parte da finada União Soviética —, provocou uma catástrofe sem precedentes: uma quantidade imensa de partículas radioativas foi lançada na atmosfera e a cidade de Pripyat teve que ser imediatamente evacuada. Tão grave quanto o acidente foi a postura dos governantes soviéticos, que expunham trabalhadores, cientistas e soldados à morte durante os reparos na usina. Pessoas comuns, que mantinham a fé no grande império comunista, pereciam após poucos dias de serviço. Por meio das vozes dos envolvidos na tragédia, Svetlana Aleksiévitch constrói este livro arrebatador, que tem a força das melhores reportagens jornalísticas e a potência dos maiores romances literários.

  1. Éramos Seis (Maria José Dupré)

Lindo, lindo, lindo e lindo. Chorei largado. A história de Dona Lola e sua família, uma bondosa e batalhadora mulher que faz de tudo pela felicidade do marido, Júlio, e dos quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Maria Isabel. A vida de Dona Lola é narrada desde a infância das crianças, quando Júlio trabalha para pagar as prestações da casa onde moram, passando pela chegada dos filhos à fase adulta e de Dona Lola à velhice. Conforme os anos passam, vão se modificando as coisas na vida de Dona Lola: a morte de Júlio; o sumiço de Alfredo pelo mundo; a união de Isabel com Felício, um homem separado; a ascensão de Julinho, que se casa com uma moça de família rica. O título do livro vem da situação de Dona Lola ao fim da vida, sozinha num asilo: eram seis, agora só resta ela.

  1. Como as democracias morrem (Steven Levitsky e Daniel Ziblatt)

Assustador, absolutamente assustador analisar o que está ocorrendo no mundo todo, especialmente nos EUA, e fazer um paralelo com o Brasil. Se até nos EUA, que têm uma Constituição sólida, antiga e robusta, a democracia está em jogo, imagine no Brasil, com sua jovem democracia e um povo que ama o passado e flerta com a autocracia. Interessante a análise dos autores, também, ao refletir sobre o papel dos partidos políticos. Enfim, livro recomendadíssimo para entender o que está acontecendo, que só peca por causa das repetições e reiterações.

  1. A Gorda (Isabela Figueiredo)

É sobre uma mulher gorda e como esse fato influencia todos os acontecimentos de sua vida, mas não é só sobre isso. É sobre isso e muito mais. Isabela Figueiredo tem uma sensibilidade para falar sobre família, amizade, preconceito e amadurecimento que me emocionou demais. Algumas passagens me marcaram fortemente. A escrita é sincera, dolorida e fala a todos nós – gordos ou magros. A protagonista erra, tem opiniões contraditórias, age de forma preconceituosa e, por vezes, machuca o leitor. Ou seja, exatamente como nós. Livro para ler e se olhar no espelho depois. Recomendo demais.

“Eles riem enquanto caminho, eles falam sozinhos, ‘ó orca, grande fúria dos mares, já comeste hoje alguém?!’. Riem. Divertem-se, pueris e crus. Mas a baleia ouve. Não querendo, as frases ficam inscritas no mesmo cérebro que as rejeita. A baleia. A orca. O monstro. Eu era uma miséria de mulher, um torpor, uma dor que já nem dói. Um farrapo de lã que já não aquece. Já não pretendia esconder-me do que tinha sido e fingir uma perfeição que não me assentava. Quebrara-me de novo em fragmentos, como se quebra o vidro e as pessoas. E de cada vez que me quebrava não era possível voltar ao que era antes.”

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