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Notre-Dame, empatia e reflexão

Incendio-Catedral-Notre-Dame

A Semana Santa de 2019 ficará para a história como aquela em que o mundo acompanhou, atônito e em tempo real, o incêndio da Catedral de Notre-Dame, marco zero de Paris. Como símbolo da capital francesa, dispensa apresentações. Muito antes de se pensar em erguer a Torre Eiffel, a Notre-Dame era e continua sendo o cartão-postal parisiense por excelência, além de ser o ponto turístico mais visitado de toda a Europa. Além disso, acaba representando, muito além do lado simbólico católico, tudo aquilo que a França foi e ainda é como referência cultural para o ocidente.

Dessa forma, a empatia foi global: muitas pessoas choraram ao ver a Notre-Dame em chamas, pensando no acervo e patrimônio da humanidade que poderia ser perdido em questão de minutos. É fato que a maior parte felizmente foi salva e/ou retirada dias antes pela reforma em andamento na igreja (como as estátuas de ferro que adornavam os telhados e a galeria de gárgulas), mas houve perdas de afrescos e pinturas, entre outros danos.

Na mesma proporção da empatia, vieram algumas reflexões sobre as razões de tanta gente comovida com o incêndio da Notre-Dame, mas que muitas vezes não é abalada por tragédias em outros países, ou quando morrem milhares de pessoas em desastres naturais.

Como diz o ditado, misturou-se “alhos com bugalhos”. O fato de alguém ficar triste ao ver a catedral em chamas não quer dizer que não se compadece de outras tragédias pelo mundo. Da mesma forma, muitas tragédias que vêm ocorrendo nos últimos meses (2019 não vai passar despercebido, definitivamente) acabam por “banalizar”, se é que essa é a expressão certa, o sentimento de mobilização da opinião pública.

Em outras palavras, é como se um atentado a bomba no Oriente Médio, furacão ou enchente na África ou Ásia fossem “distantes” ou mais infelizmente “comuns”, sob essa perspectiva, mas o crime ambiental de Brumadinho e o incêndio da Notre-Dame nos parecessem mais próximos e familiares.

Acima de tudo, acredito ser importante fomentar a empatia em todas essas situações. Mais do que luto seletivo, é preciso sempre ter a consciência de que somos todos parte de uma aldeia global, e de que aquilo que afeta nosso vizinho hoje pode chegar até nós amanhã.

André Nunes

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