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10
nov

Série é coisa séria

series

Quem me conhece bem sabe que um assunto predomina nas minhas conversas: séries. Ou seriados. Ou minisséries. Tem diferença, sabia? Para mim, estas produções já deixaram de ser apenas um passatempo, embora elas sejam, essencialmente, um entretenimento maravilhoso.

Não me entenda mal. As séries não viraram algo pesado e chato para mim, mas depois de anos vendo tanta televisão boa – e ruim também – acompanhar este modelo de narrativa virou um hábito. Eu não assisto porque estou entediado ou porque está todo mundo falando de determinada produção, mas porque já incorporei na minha rotina. É um prazer e um trabalho gratificante.

Para quem não sabe, eu assino uma coluna semanal sobre séries no site A Escotilha, cujo objetivo é oferecer uma visão mais crítica de diversas formas de arte. Também colaboro com o site Minha Série.

As séries acabaram sendo a grande revolução artística dos últimos tempos. Pense bem. Falando apenas de Brasil, se antes os seriados ficavam relegados às madrugadas da Globo ou do SBT ou eram apenas um nicho para quem tinha TV a cabo, hoje as produções viraram objetos de estudo, fora a mudança que houve na televisão mundial. É um crime dizer que a televisão, hoje, é sinônimo de burrice. Existem produções por aí tão incríveis que nem o cinema nem a literatura podem contestar (assista Família Soprano, Six Feet Under, Breaking Bad ou The Handmaid’s Tale).

É claro que isso me tornou um pouquinho chato (só um pouco). Tem gente que acha incrível determinadas séries e eu enxergo um monte de detalhes que não me impressionam, mas não é por arrogância. Eu simplesmente já assisti a coisas demais e li livros demais sobre. Houve uma época em que eu assistia 30 séries ao mesmo tempo e tinha toda a programação do que passava nos EUA. E eu assistia tudo sem me perder. Eu disse que era coisa séria.

Então, se eu disser que 13 Reasons Why me deu vergonha alheia, que Friends envelheceu mal e ficou datado, que a Netflix é ótima, mas anda acabando com o formato seriado e que Game of Thrones nem é tão boa assim, mas supervalorizada, não me leve a mal. Não estou ofendendo ninguém. Não me xingue.

Esse texto é só para falar mais um pouco sobre o assunto que eu mais consumo, leio e escrevo. Quem ainda não gosta é porque não descobriu uma série para chamar de sua. Se quiser algumas dicas, é só falar comigo.

Beijos

Rodrigo, o louco das séries

29
set

Geminiano

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Minha esposa é canceriana e engenheira. Eu sou jornalista e geminiano. Isso não quer dizer nada. Ou pode dizer tudo. Completamo-nos e contribuímos para o crescimento um do outro. Mas, e há sempre um mas, em alguns momentos ela deve me olhar durante a noite e se perguntar: o que passa nessa cabecinha?

Calma. Vou explicar. Antes quero falar sobre o meu signo para buscar a absolvição dos meus atos.

Quem conhece um pouco de astrologia deve saber o perfil básico de um geminiano. Para quem não sabe aqui vai o resumo de um ser nascido entre 21 de maio e 21 de junho.

Se tem algo que o signo de gêmeos presenteia os seus nativos é a característica de mutação. É como se diariamente resolvessem mudar as regras e os costumes. Hoje acordei e resolvi que vou mudar minhas vestimentas. Acho que hoje irei experimentar um penteado, um corte de cabelo novo. Mesmo que tenha cortado apenas dois dedos de ponta seca e ferrada. Mas você mudou. Você mudou sua dieta, você mudou o seu comportamento na escola, no trabalho, no seu prédio. Mesmo que tenha durado só três dias.

Ok. Agora podemos prosseguir sem que as minhas atitudes sejam avaliadas precipitadamente.

Outro dia a minha esposa quis comprar chuchu e esse ser disse que odiava chuchu. Ontem, depois de experimentar um mix de legumes na manteiga simplesmente maravilhoso, quem decidiu que queria comprar chuchu no final de semana? Euzinho.

Outra vez eu comentei que gostava de um estilo mais clean e moderno para o quarto. E ela ama algo mais romântico e florido.  Eis que passo em frente a uma loja e comento que a montagem da vitrine me agradou. Tomei uma fuzilada como poucas.

Mas quero dizer que há duas explicações e uma boa notícia.

A primeira explicação é óbvia. A culpa é do signo. A segunda é que tudo depende do contexto e da situação. Um geminiano leva em conta muitos outros fatores e não apenas um isolado para amar ou deixar de gostar de algo.

A boa notícia é que é possível tornar essas mutações menos frequentes e rompantes. Encontre alguém que, lógico, você ama e ame você, e que possa trazer esse equilíbrio. Ah, e seja capaz de ter paciência para que o cérebro seja parcialmente reprogramado. Sim, apenas parcialmente.

Um geminiano será sempre um geminiano. Mesmo que em part-time. E não considero isso um defeito. Se bem usado, será uma baita qualidade. A mutação significa ter a capacidade de se adaptar nas situações mais complicadas ou quando pressionados em qualquer momento da vida. Somos assim. E somos felizes. Ou tristes. Quem sabe alegres. Cinzas. Ou coloridos. Somos tudo. Ou nada.

Somos muitos em um só. =)

(Uma carta de muito obrigado para a Tutti) <3

22
set

Sentar e conversar

conversarEssa semana eu estava indo para a casa, seguindo meu caminho maroto de sempre, quando recebi a ligação de uma amiga. Ela precisava conversar. Assim, sem planejamento, sem hora marcada, sem cerimônia ou preocupação com o que tinha na geladeira para oferecer para a visita. E assim ela foi lá em casa.

Ficamos sentados na varanda, bebericando e conversando. Falamos da vida, do que tem acontecido, das nossas conquistas, das nossas frustrações, tudo embasado por uma psicologia de araque, mas que funciona muito bem.

Fiquei pensando em como o nosso dia a dia nos engole e nos deixa cansados demais para fazer essas coisas que alimentam nosso coraçãozinho atribulado. Quantas pessoas a gente deixa de ver porque se preocupa demais com o tempo. Quanto tempo perdemos por achar que não há tempo para trivialidades? Ás vezes por causa de uma simples visita você reavalia todo seu modo de viver. Que coisa boa.

Beijos

Rodrigo

24
jul

Aniversários

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Não me lembro de comemorar os aniversários quando criança. Recordo que fui a várias festinhas. Nenhum delas era a minha. Talvez tenha tido uma quando ainda era muito pequeno. Sei que os meus pais não tinham muitas condições, mas não me lembrar delas acaba tendo reflexos.

Tenho muitas dificuldades em celebrar o meu aniversário. Fato. Não sei como agir, o que falar ou fazer. Sério. Cê não tá entendendo a gravidade da situação. Eu quase que paraliso. Viro meio que um bicho do mato como dizem no Rio Grande do Sul. Junta-se a isso o fato de morar longe da família e não curtir ficar ao telefone, e está feito o estrago. Sabe aquele que não sabe o que fazer nos parabéns? Sou eu.

Mas em 2011 a coisa começou a mudar de figura. Minha transformação – ainda lenta e em andamento – iniciou. Encontrei a metade que é exatamente o oposto. A Amanda, minha esposa. Tutti para os mais chegados. Ela é a pessoa que mais ama aniversariar. Verdade. Ela adora planejar o dia, saber aonde vai, o que fazer, esperar as pessoas ligarem e ficar horas conversando no telefone, receber os cumprimentos pessoalmente, responder a quase uma centena de felicitações nas redes sociais e ainda ter pique para bater perna no shopping para trocar o presente que o marido escolheu e não serviu.

Gente, que fôlego!

E como descrevê-la me fez parecer tão rabugento! Preciso rever isso. Parece tão bom celebrar o aniversário e receber o carinho das pessoas… Seis anos foram insuficientes para a metamorfose completa. Espero que as filhas ou filhos venham com essa carga genética da mamãe. Até lá, eu prometo aprender tudo com a mestra dos aniversários.

Beijos,

Wellington

 

14
jul

Férias

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Cabo da Roca, litoral de Portugal, com participação especial do Claudio.

Há quatro anos não tirava férias, dessas de viajar, passear e ao cabo de uma semana conseguir me perder no calendário. Nesse período, desde que recebi o diagnóstico de doença de Alzheimer da minha mãe, as folgas foram concentradas no verão e dedicadas a rumar para Rio Grande, lá nos confins do Rio Grande do Sul, e ficar com ela, liberando meu irmão e as cuidadoras.

Mas chega um tempo em que a doença, embora não retroceda nem nos dê esperanças, também não avança com a mesma velocidade do início. E as abóboras se acomodam na carroça. Nem todas, porque há fontes de tensão extra o tempo todo e muitas delas fogem ao controle da gente. A culpa, essa danada, também não dá muita trégua e a cabeça vive aqui, enquanto o coração bate lá pelos pampas.

Sei que minha mãe sempre vibrou com minhas conquistas. Ainda hoje, mesmo esquecendo pouco depois, tudo que contamos pra ela é recebido com alegria e generosidade. Por isso, é para minha mãe que dedico cada minuto do meu descanso e da minha felicidade. Isso também é fruto dos sacrifícios que ela fez no passado, enquanto a gente crescia e ganhava o mundo.

Beijo, mãe!

 

22
jun

Inspiração

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As pessoas pensam que o simples fato de ser um jornalista é um passe livre de capacidade infinita para a escrita. Escrever não é assim tão simples não. Quer dizer, na maioria das vezes até pode ser. Eu, por exemplo, estou buscando ajuda no Olimpo da inspiração nesse exato momento. O cursor teima em ficar piscando na tela em branco e o bloqueio criativo só cresce. Parece até o trânsito congestionado no fim da tarde. Não há para onde fugir. Quase choro.

Por sinal, mó sacanagem do “bródi” Gates quando criou o Word. Ele deve ter pensado: vou criar um software que azucrine as pessoas quando estas estiverem sem ideias. Amigo, nada mais aterrorizante que abrir o Word e ficar ali, olhando aquela tela branca e o risquinho piscando. Um minuto parece uma hora. E abrimos o Word dezenas de vezes a cada novo dia.

Nessas horas dá vontade de ter um botão vermelho para apertar e pedir socorro para alguém. Manja aqueles que podemos ver em filmes? Poderia ser também uma linha direta com o Batman. Se ele salva Gotham City todos os dias, deve conseguir salvar um pobre aprendiz de escritor com o seu bloqueio criativo. A ajuda nem exigirá tanto. As ideias estão ali borbulhando. Só que, às vezes, acho que preciso de alguém corajoso o suficiente para enfrentar a temida tela branca.

Quem nunca?

Mas estou aprendendo e evoluindo. Converso com o computador, coloco uns fones gigantes para ouvir música e cantarolo, levanto para buscar uma água e jogar conversa fora por alguns minutos, olho pela janela para admirar os prédios ao redor e a vida alheia e vou brincar de organizar dados no Excel. Pois é. Parece que um dos remédios disponíveis foi pensado pelo mesmo gênio que criou o Word. Tenho certeza que o aplicativo de planilhas surgiu em um dia onde a tela branca o julgava com o cursor piscando terminantemente. Só pode.

E hoje deu certo. Depois da suposta falta de inspiração, brotaram, sem esforço, 356 palavras em 33 linhas e distribuídas ao som de mais de dois mil caracteres.

Ufa! Mais um dia salvo na Capibara City.

Beijo

Wellington

2
jun

Ler no ônibus

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Eu ando cada vez mais sem tempo. Não entendo por que, só sei que é assim. Quando eu fazia faculdade e não tinha tempo para nada, achava que depois de formado eu teria as noites sempre livres. Mas aí tem a louça, a academia, outros compromissos e não vamos esquecer da vida social. Com tudo isso, fica difícil manter um padrão de tempo para leitura. E se tem coisa que me irrita é não ter tempo para ler e eu deixar livros acumulando (e eu tenho muitos acumulados). É sempre aquela sensação de que deixei de fazer alguma coisa.

Mas ainda bem que existem os ônibus. Claro que eu não pego ônibus só para ter tempo para ler, mas ajuda. Não importa se estou em pé ou sentado, lá estou eu com um livro na cara. Acho até que as pessoas me acham um pouco estranho, porque eu faço malabarismos para segurar o livro mesmo às 18h de uma quarta-feira.

Mas eu já perdi as contas de quantas vezes eu iniciei e finalizei uma obra dentro do transporte coletivo. Eu, inclusive, às vezes torço para que tenha um pouco de trânsito pra eu poder avançar na história. É um dos raros momentos em que eu me desconecto do celular, fone de ouvidos e mensagens para ter um tempo pacífico em meio aos caos da cidade. E eu adoro.

Beijos

Rodrigo

27
abr

O.J. Simpson e eu

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Eu já havia ficado obcecado com a série American Crime Story: The People vs. O.J. Simpson. Para quem não conhece (por favor!), o seriado conta a história de um dos julgamentos mais famosos do mundo. O jogador de futebol O.J. Simpson (uma espécie de Pelé dos EUA) foi acusado – e posteriormente inocentado – do assassinato da ex-mulher, Nicole Brown Simpson, e do garçom Ronald Goldman, em junho de 1994. Eu vi a série em poucos dias, indiquei para todo mundo e quase aplaudi de pé quando acabou (talvez tenha aplaudido, vocês nunca saberão).

Mas eu queria mais. Eu comprei o livro em que a série foi baseada. E agora eu sou um especialista no caso. Eu conheço Los Angeles como a palma da minha mão. Sei o nome de ruas. Sei um pouco sobre a legislação norte-americana. Sei sobre a cobertura midiática da época. Sei como estão todos os envolvidos no caso atualmente. Fui atrás das provas, dos depoimentos, das notícias.

Eu também fui ver o documentário ganhador do Oscar deste ano, O.J.: Made in America, que conta com ainda mais detalhes o que ocorreu. Vi os vídeos originais. Fiquei novamente revoltado. Entendi todo o contexto da época e por que transformaram a causa em uma questão racial. Me senti a própria promotoria. A história é tão surreal que é impossível desgrudar os olhos de tudo o que acontece.

Fiquei tão obcecado que eu indiquei a série para a Stphnny, minha colega aqui da Talk. Ela chegou dizendo que não conseguiu dormir até terminar. E agora pediu o livro emprestado. Eu emprestei. Sinto que estou criando moda ou um monstro.

Atualmente, o ex-jogador está preso por assalto a mão armada e sequestro. Acho que eu preciso dar um tempo na história do O.J. Entretanto, vocês sabem que ele sai da prisão esse ano, né? Ai, meu Deus.

Beijo

Rodrigo

20
abr

O maníaco das finanças

Tio-Patinhas

Sou um cara preocupado com dinheiro. Admito. Talvez por ter passado por algumas dificuldades financeiras ou por numa ter dinheiro sobrando eu levo a coisa ainda mais a sério.

Até pouco tempo eu pensava que não era algo que eu deveria me preocupar. Afinal, faço coisas bem simples e normais. Tento forçar as compras para o pagamento no débito – crédito apenas para parcelar algo que seja o mesmo valor à vista – e anoto todos os gastos diariamente. Abro o app da conta todos os dias para saber se está tudo em ordem, sigo portais sobre investimentos e leio notícias sobre o assunto todos os dias, aplico o pouco que consigo reservar assim que o salário entra na conta – quase que com a voracidade do leão retido na fonte – e atualizo ao final do mês uma planilha no Excel com gráficos de receitas, despesas e previsão para o ano.

Sou daqueles que se metem nas conversas alheias sobre finanças e investimentos, prontofalei.

Então, tudo normal, não é mesmo?

Também acho. Todos fazem isso e até mais. Não?

Comecei a me dar conta com duas frases que abalaram a minha fortaleza. “Wellington, você sempre foi assim rígido com dinheiro?” e “O Wellington não conta pois é mão de vaca”. Logo eu, aprendiz de Gustavo Cerbasi.

Admito, fiquei bem abalado. Vou ali ler um artigo sobre tesouro direito para acalmar o coração. O maníaco das finanças.

Beijo

Wellington

9
mar

#depertoninguéménormal

 

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Uma amiga querida vem ao face contar de suas habilidades: calcula exatamente a quantidade de passos que deverá dar na rua para que o nono passo da série caia exatamente no meio-fio ou no batente da porta. Hein?

Ela também calcula rapidamente o número de azulejos de um banheiro. Mas essa é fácil. Basta multiplicar as linhas horizontais pelas verticais.

Nos comentários, a turma começa a se esbaldar. E dê-lhe esquisitices inúteis, finalmente confessadas em alegre conluio.

Alguém controla as placas dos carros e forma palavras, outro só dorme tranquilo se o despertador marcar um minuto ímpar na hora de acordar, e há quem jamais pise nas emendas das lajotas. No estilo “melhor impossível”.

Descubro que sou bem normalzinha, desde que vista meio de longe. Datilografo mentalmente diálogos inteiros. A pessoa vai falando e eu, digitando em segredo. Posso ouvir o confortante barulho das teclinhas.

Na rua, passo por baixo de todas as escadas, desafiando a superstição do azar iminente. Quando criança, corria de costas da minha casa até a casa da vó, só porque seu Pitoca ficava horrorizado no portão, gritando que isso não prestava.

E, já contei isso em algum lugar, sempre olho embaixo da cama no Natal e na Páscoa, para ver se alguém deixou um presentinho por ali.

No auge de uma noite muito louca na redação da Gazeta do Povo, o telefone tocou, peguei a calculadora e disse alô – sabendo que era a calculadora.

Carrego milhares de culpas, mas essas pequenas loucuras não me constrangem, só me divertem.

Marisa