Arquivos da categoria: Reflexão

wandavision

12
mar

O amor e o luto em Wandavision

Já falei aqui no blog sobre filmes que nos ajudam a passar o tempo livre durante esse longo período de isolamento social, mas deixei de lado um dos meus passatempos favoritos (junto de ver novelas): maratonar séries.

E uma das séries que está movimentando este início de ano é Wandavision – que teve seu último episódio exibido pela Disney+ na semana passada. O fato de a série atingir um público além de quem acompanha a saga do Universo Marvel (que mescla histórias de diversos super-heróis no cinema e na TV) é sintomático de sua proposta: como lidar com o luto e o amor que vai além da vida?

Diante de um cenário em que estamos perdendo mais de mil vidas todos os dias no Brasil, com uma soma que já passa dos 2 milhões de mortos pelo mundo, o luto se tornou um sentimento quase rotineiro, mas que dificilmente pode ser amenizado de forma simples.

A protagonista da série, Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen), representa milhares de pessoas que, da noite para o dia, tiveram entes queridos ceifados (como num estalar de dedos do vilão Thanos, que nos filmes da Marvel fez evaporar metade da vida do universo), sem poder se despedir adequadamente ou mesmo viver o luto da forma como cada indivíduo necessita. Se você tivesse super poderes, não desejaria criar uma realidade colorida, emulando sitcoms de sucesso dos tempos áureos da TV, onde pudesse viver novamente ao lado da pessoa amada que faleceu?

Sem deixar aqui nenhum spoiler do enredo da série, o fato é que Wandavision emociona e nos faz refletir justamente pelo seu aspecto mais humano e universal: as maneiras pelas quais podemos lidar com o amor que ultrapassa a linha entre vida e morte, já que algumas pessoas nos marcam profundamente e talvez nunca nos deixem por completo. 

Lembrar os bons momentos vividos, sonhar com um reencontro em outra dimensão, visitar locais e pessoas que nos recordem o ente querido falecido são atos comuns e cumprem um “ritual” de aceitação daquilo que é inevitável, mas que nossa mente frequentemente teima em esquecer: somos seres finitos e devemos buscar a felicidade, ainda que nas pequenas coisas, antes que a vida passe.

Mas é preciso dosar toda essa carga de nostalgia e boas lembranças para que não interfiram na vida que construímos a cada dia e nos sonhos que ainda queremos realizar, cultivando as amizades e relações familiares que valem a pena.

Acho que a chegada aos 30 anos me deixou mais reflexivo e sentimental do que eu esperava! Mas isso é assunto para um próximo texto…

Abraços,

André

24
abr

O mistério do afundamento craniano

moleira

Eu estava indo muito bem nessa quarentena, com a saúde mental em dia, emocionalmente estável, ansiedade sob controle, sem paranoias, sem sintomas de TOC como o de escrever seis frases curtas antes de um ponto final. Bem…Ok, ia eu muito bem até descobrir uma depressão no crânio, bem no alto da cabeça.

Passei a mão no cabelo e me arrepiei. Havia um sulco atravessando minha cabeça de orelha a orelha. Imediatamente tive tontura, turvação de vista, calafrios e sensação iminente de morte. Não, mentira, não tive, mas achei justo sentir tudo isso, não fosse eu uma pessoa altamente equilibrada. E isso também não é muito verdadeiro. Mas vamos aos fatos.

Minha mente racional considerou que se o caso fosse grave haveria no meu crânio uma protuberância e não um afundamento. Tumores e outras desgraças – como certos governantes e seus filhos – se projetam em vez de se retraírem, raciocinei.

Parti então para buscar na memória algum episódio que tivesse me causado um traumatismo craniano. Nada. Não caí, não bati a cabeça, não apanhei de ninguém…embora certamente não faltem pretendentes. E ainda sou capaz de encerrar um período com uma sequência de apenas três frases, e não seis. Ou seja, louca de atar também não estou, no momento.

Lá num remoto canto da memória encontrei a lembrança de que no alto da cabeça fica a moleira. Todos nascemos com esse espaço entre os ossos do crânio, que permitem nossa passagem pelo canal do parto. Mas a hipótese de ter reencontrado minha moleira depois de tantos anos também não vingou. Ela fecha ainda nos primeiros meses de vida. E já acumulo algumas centenas de meses desde aquela madrugada histórica para os Abrantes Boroni.

Apesar do choque, acabei dormindo. A noite torna tudo pior e achei que de manhã a questão teria se resolvido, eu retomaria meu cabeção em formato original.

De manhã, já havia esquecido do susto. Até que sentei pra trabalhar. Dividir o home office com o Cláudio, que reinava absoluto no ambiente há 20 anos, me obrigou a algumas providências, em nome da paz familiar e da produtividade. Uma delas é usar fones de ouvido, daqueles que isolam os ruídos exteriores. 

Passo o dia inteiro com eles, e apesar da proteção acolchoada, foi tempo suficiente para vincarem minha cabeça. 

Fiquei aliviada com o fim do mistério, por saber que não tem nada esquisito crescendo ou minguando no meu cérebro, por não ter de volta a moleira dos meus primeiros dias…E por saber que continuo podendo interromper meu fluxo de frases antes da terceira vírgula. 

Tudo sob controle na minha quarentena, portanto. 

Marisa

25
mar

Fique calmo, tudo vai dar certo

Largo da Ordem, em Curitiba, na manhã de domingo (22) de quarentena, sem sua tradicional feirinha. Foto: Franklin de Freitas

Quarentena no Largo da Ordem, em Curitiba, sem a tradicional feirinha de domingo. Foto: Franklin de Freitas

Todos nós temos ouvido (ou mentalizado) essa afirmação nos últimos dias: fique calmo, tudo vai dar certo! Quando 2020 começou, seria surreal pensar que neste ano a maioria dos países se fecharia em quarentenas para evitar a contaminação por um vírus que desconhece fronteiras, resiste por horas a fio em todas as superfícies e coloca a população idosa em alerta permanente.

Pois bem, em menos de um mês as Olimpíadas de Tóquio foram adiadas, assim como os maiores eventos esportivos e comerciais do globo, a Disney e todos os pontos turísticos dos Estados Unidos e da Europa fecharam. Aliás, os aeroportos e fronteiras também. E as divisas de estados. E de cidades. 

Toque de recolher, estado de calamidade, tudo isso saiu dos livros de história e tomou conta do nosso cotidiano. Ironicamente, faz exatamente um século que a Gripe Espanhola arrasou o mundo, e olha que as formas de se espalhar vírus naquela época eram muito mais reduzidas do que hoje…

O isolamento é necessário, lavar as mãos, passar álcool gel sempre que voltamos da rua – para comprar o essencial no mercado e na farmácia, nada de abusar e ficar zanzando por aí. 15 dias, três semanas ou talvez um mês. Há quem queira acabar com a quarentena o quanto antes, pensando nos danos econômicos de um lockdown extenso. Consensos parecem não existir, nem aqui nem na China. Muito menos na Itália. Dio mio!

Sei que é chato relembrar nessa reflexão o que todos estamos cansados de ler, ver e ouvir diariamente nas últimas semanas. Mas tenha em mente que tudo vai dar certo, mais cedo ou mais tarde! Quando o pânico bater, se acalme, respire fundo, medite ou ouça uma música que te tranquilize. Veja um filme ameno, maratone aquela série para a qual você nunca tinha tempo. Na verdade, pensando bem, acho que a afirmação mais adequada ao momento seja aquela máxima: “Espere pelo melhor, prepare-se para o pior e aceite o que vier”.

André Nunes

23
jan

Vem aí os anos 2020

2020

Discussões à parte sobre a nova década já ter ou não começado (dizem que só em 2021), o fato é que esta última virada de ano causou uma nostalgia forte em todos que já somam algumas décadas de vida e memórias.

Eu nasci logo no começo dos anos 90, em fevereiro de 1991,  ano que ficou eternizado pelo fim da Guerra Fria com a queda da União Soviética. Aos 10 anos, portanto, vi a chegada dos anos 2000. A virada do milênio e o medo do “bug” que nunca veio também permearam as lembranças do jovem estudante que teve a exibição do seu desenho animado na TV interrompida pela transmissão, ao vivo, dos terríveis ataques do 11 de setembro.

Já a terceira virada de década se deu quando entrei na faculdade, em 2010. Mas foi a primeira vez que estava consciente de que um novo decênio se iniciava. E que 10 anos intensos foram eles! Amadureci, fiz um intercâmbio, me formei, conheci outros países, trabalhei em redações de rádios, jornais e agências de comunicação e, quase no apagar das luzes de 2019, me casei.

2020 vai ser a década da chegada da minha geração aos 30. Pois é, a criançada que gostava de Pokémon, via Angélica, TV Colosso e adorava Sandy & Junior vai “trintar”! Tem sobrinhos e filhos de amigos chegando cada vez mais, bem como a “consolidação”, por assim dizer, dos planos de carreira de boa parte daqueles que nos rodeiam.

Que seja uma década proveitosa, de preferência melhor que os anos 2010, em que tantos tumultos tomaram conta do país. Afinal, esperança temos de sobra! Gostamos de reflexões nostálgicas, ao mesmo tempo em que queremos ver logo carros voadores – ciência, você nos prometeu…

André Nunes

10
out

Apenas o que realmente importa

leveza

Não perco mais meu tempo com coisas que não interessam. Não sofro mais quando alguém não vibra comigo por uma conquista que para mim é importante ou quando não quer ir ao meu restaurante favorito, pois prefere outro. Aprendi a respeitar as diferenças, as individualidades e as preferências de cada um. E isso me fez tão bem! Principalmente porque aprendi a respeitar as minhas vontades também.

Estou sempre disposta a ouvir sobre as angústias e as alegrias dos outros, mas hoje ouço sem opinião ou julgamento. Sei que nem sempre as pessoas querem um conselho, às vezes precisam apenas serem ouvidas. Só expresso a minha opinião quando solicitada.

Ainda tenho uma longa caminhada de aprendizados pela frente, mas fico feliz sempre que percebo que a vida me mostra novas possibilidades para evoluir.  E assim seguimos, aprendendo sempre.

 

Aline Cambuy

20
set

A arte de falar do que não se sabe

blog_19-09

Acho engraçado quando alguém vem e pergunta: “você que é jornalista, o que acha de ___________________?” (preencha aqui o que mais lhe aprouver: liberação de drogas, aborto, a crise na Chechênia, sexo na adolescência, hospital veterinário gratuito, produção de energia elétrica em usinas eólicas, etc). Parece que com o diploma adquirido na universidade (que nem é mais obrigatório) a gente ganha o superpoder de entender de tudo e ter opiniões interessantes, relevantes e fora do comum.

Veja bem: não estou dizendo que a gente pode ser jornalista sem repertório, mas há temas aos quais somos mais afeitos e até especializados: o Rodrigo, aqui na agência, conhece muito de séries e filmes; a Marisa entende de economia; a Stephanie manda muito bem em pautas de arquitetura e design; o André é um conhecedor de Curitiba e de novelas; a Aline parece saber um pouco de tudo, mas lembro que entendia muito de transporte; e o Lucas manja de música e cultura geek.

E eu? Meu forte digo que seriam as pautas de cultura: tive a sorte de frequentar teatro desde pequena (obrigado, mãe), entrevistar grandes artistas na ÓTV e na Gazeta do Povo e fazer a assessoria de grandes festivais: estive em três edições do Festival de Teatro de Curitiba e no Psicodália — saudades. Também participei da produção de muitos eventos culturais como shows e peças de teatro, além de me interessar pelo tema, o que me deu a chance de me aprofundar um pouco.

Mas aí você se pergunta: e como ela atende um cliente que produz peças para motocicletas? E eu te respondo: é porque a gente não sabe, mas conhece quem sabe. E essa é a importância de se ter boas fontes. A gente também pesquisa muito: é importante buscar conteúdo de qualidade e não a primeira página que aparece no Google. Foi assim que eu escrevi um e-book inteiro sobre cabeamento de usinas eólicas: entrevistando um engenheiro especializado e traduzindo muito conteúdo confiável do inglês — essa é uma ótima dica para quem produz conteúdo, procure fontes em outras línguas também!

Então, para falar do que você não sabe, você precisa: ir atrás de quem sabe; como diz o E.T. Bilú, busque conhecimento! Não vale o primeiro link que você encontrar, cheque a fonte; e não tenha vergonha de perguntar. Agora, sobre a crise na Chechênia, me desculpe, eu não tenho a menor ideia de como estão as coisas por lá!

30
ago

Vai fazer faculdade de quê?

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Quando era adolescente me deparei com aquela fase do “vai fazer faculdade de quê?”. Eu, no auge dos meus 16 anos, adorava escrever. Tinha até um Tumblr. Porém, os anos foram passando, os vestibulares se acumulando e os cursos que eu decidi não fazer, também. Desde Relações Públicas, passando por Psicologia e Cinema, até chegar nos cursinhos preparatórios para concurso… Fiz de tudo. Mas cheguei num ponto em que já não queria mais fazer um curso superior.

Mais anos foram passando. Trabalhei com várias coisas e em vários lugares, só para voltar ao ponto de partida: o Jornalismo. Antes de todos os cursos, vestibulares e faculdades que decidi fazer, a ideia era ser jornalista. “Não esses de redação”, eu dizia, por medo de achar muito chato. Só queria escrever. Mas, além disso, queria que as pessoas “me lessem”.

Hoje, depois de quase quatro anos na faculdade de Jornalismo, estou em processo de finalização de um livro-reportagem e da concretização desse sonho de “me lerem”. Era o que eu sempre quis, não era? Mas, ansioso que sempre fui, já comecei a imaginar, pensar e conjecturar sobre como será a vida pós-acadêmica. Como sempre também adorei começar projetos novos (terminar já são outros quinhentos), já organizei todo o meu tempo para fazer cursos, outras faculdades, pós-graduações, mestrados e doutorados, até o longínquo tempo da velhice. Besteira? Talvez.

Eu sempre vivi a vida, como gostava de dizer, “sem planejar”. Fazia o que dava na telha, quando dava na telha e com quem dava na telha. Por isso comecei uma faculdade só aos 24 anos, por isso tenho tantos cursos e formações inacabados e projetos começados não terminados. Não vou aqui colocar o velho clichê de que “tudo tem o seu tempo”, e que “nos forçam a decidir nossas carreiras muito cedo”. Todos sabem disso. O que estou querendo dizer é que um pouco de planejamento sempre cai bem. Um pouco não, quiçá bastante.

O meu livro-reportagem é um compilado de relatos-testemunhos de pessoas em recuperação da doença da adicção, ou dependência química se preferir. Várias delas, além de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, frequentam assiduamente grupos de mútua ajuda como Alcoólicos Anônimos e Narcóticos Anônimos. Um dos dizeres comuns nesses grupos é o “só por hoje”, que significa nada menos do que viver um dia de cada vez. Se você pensar bem, é extremamente libertador viver sem se sentir amargurado pelo passado e ansioso pelo amanhã, só no momento presente. Mas… e o planejamento, onde fica? E os sonhos? Será que não posso mais sonhar se escolher viver assim? Que vida horrível!

Calma! Eu também tive essa dúvida e, digo com facilidade, que podemos e devemos ter planos. O “só por hoje” é ótimo para determinadas situações em que ficamos pensando muito à frente ou nos perdemos no passado. Porém, usar essa “técnica” ou filosofia para tudo é extremamente prejudicial para o longo prazo necessário para a vida. Qual é a solução então? Fui perguntar, óbvio, para aqueles membros que já estão em recuperação há mais tempo: “Como você faz para planejar a sua vida e ainda sim viver essa filosofia?”.

A resposta me chocou. Não tinha imaginado que uma coisa não precisa necessariamente anular a outra. Viver no momento presente e fazer o que me cabe no dia de hoje para que meus planos futuros possam se concretizar é a chave do sucesso. Quem disse que uma pessoa precisa ser uma coisa só, ainda mais para o resto da vida? Eu não. Prefiro ser, como diria Raul Seixas, essa metamorfose ambulante.

Lucas Jensen

10
jul

Palavras são pequenas demais para descrever o amor pelas palavras

PalavrasVazias

Nos últimos anos comecei a pensar realmente em quanto gosto de palavras. Eu já desconfiava que gostava de ler e escrever quando escolhi o jornalismo como profissão, mas não imaginava que encontraria um jeito tão peculiar de adotar palavras específicas como prediletas. Inclusive predileta é uma das minhas palavras favoritas.

Eu me pego rindo sozinho das maluquices, bisbilhotagens e idiossincrasias presentes na nossa língua. Quando tenho fome, lembro dos quitutes e guloseimas preparados por minha vó, sempre em suas cumbucas de madeira. Na rua, a atenção se volta para os paralelepípedos e os períbolos, que nada mais são do que o espaço entre os edifícios e os muros.

As palavras me confortam em todos os momentos. Se estou rindo, elas podem expressar júbilo, deleite ou regozijo. Se triste, logo vêm para representar meu desalento, infortúnio e melancolia. Por sinal, esta última é o título de um ótimo filme. Contudo, se estou com raiva, as palavras parecem me faltar. Penso, repenso, trepenso…mas as minhas favoritas não pululam na lembrança. Droga! Somente dois dias depois é que me lembro dos substantivos requintados para referir-me ao indivíduo responsável pelo meu lamento, como: biltre, calhorda, paspalho e salafrário. Merecendo até um safanão.

É muito peculiar a forma como podemos montar um texto e titerear as palavras como personagens de um contexto muito maior. As palavras ‘fulguram’ na mente como chamas a bruxulear, sibilantes, sussurrando: sou importante. A pantomima da imaginação se desenrola de forma tão natural quanto um bordão. Eu me perco nos pirilampos sassaricando pelo pensamento e quase esqueço de voltar para a realidade mequetrefe. Tédio.

Infelizmente, atualmente, a minha mente somente se vê descrente com a crescente utilização de neologismos e estrangeirismos, principalmente na área da comunicação. Eles me incomodam tanto ou mais do que a você com a sensação de eco e repetição na última frase. É muito job, paper, meeting, call e budget para pouco afazer, artigo, tertúlia profissional, ligação e orçamento. Fico iracundo.

Porém, não declaro guerra a expressões em línguas estrangeiras. Aliás, diga-se de passagem, meu devotamento às palavras não se restringe ao português. Belezas como bibelot e wanderlust não se encontram todo dia. Até expressões como levar o Bernardo às compras, dos nossos irmãos lusitanos, têm lugar cativo no meu coração.

Deixe-me ir. Já perdi muito tempo. A procrastinação é uma presença constante nos devaneios diários. Já passei por tantas oscitações, paradigmas e clichês que voltar aos afazeres me parece tarefa hercúlea, tanto quanto soletrar a doença de quem aspira as cinzas de um vulcão: pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico!

Lucas Jensen

28
mai

Meus últimos dias com 30

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 Como já diz a grande pensadora contemporânea Sandy: tenho sonhos adolescentes, mas as costas doem. Sou jovem para ser velha e velha para ser jovem. Uma grande poeta, realmente.

Essa é a minha última semana com 30 anos e não apenas minhas costas doem, mas estou hipertenso e com níveis de vitamina D lá no dedão do pé de tão baixos, e olha que todo mundo tem falta de vitamina D no organismo. Entendi porque me sentia tão cansado todos os dias. É, rapaz, o tempo vai passando e a gente já amanhece exausto, rs.

Por outro lado, como diz a maravilhosa Maria Bethânia, envelhecer é um privilégio. Eu não voltaria para os meus 20 anos nem por alguns milhões. Minha cabeça atual pode até estar mais cheia das paranoias e preocupações, mas hoje em dia carrego uma certa inteligência emocional para lidar com o dia a dia. Minhas memórias e experiências até aqui também me transformaram, para melhor ou pior. Afinal, quem somos nós além da soma de nossas experiências e das coisas que aprendemos e colecionamos ao longo da vida? Nossa, estou tão profundo e sábio.

Embora fique impressionando por estar fazendo 31 anos (ainda não me acostumei com o número 3 na frente), a impressão que tenho é que minha vida ainda não começou, que uma hora vai, que o que está por vir será incrível. Eu não sei. Dizem que os anos passam e vamos ficando mais tranquilos. Eu continuo inquieto, o que também é bom, embora cansativo. Por outro lado, ao mesmo tempo em que me acho ainda jovem, sempre me senti com uma alma velhinha, desde criança. Eu acredito nessas coisas.

Acho que me perdi nas reflexões. É bom estamos sempre incompletos, afinal? É bom? Quem sabe, quando eu estiver terminando meus 31 anos, eu volto aqui e digo que nunca me senti tão jovem na vida. Será? Não sei de nada.

22
mai

Vale-night

livre

Dia desses pedi um “vale-night” lá em casa para curtir sozinha um show de um músico que eu adoro. Todos acharam engraçado, mas me incentivaram a ir. Esses tempos fiz uma viagem sozinha e foi incrível. Adoro ver o sol nascer na praia, caminhar sozinha e contemplar o mar. Tem uma frase do filósofo Jean-Paul Sartre que diz que se alguém se sente entediado quando está sozinho é porque deve ser uma péssima companhia. Nem sempre fui assim. Estou aprendendo a gostar da minha própria companhia. É apenas o começo, ainda tenho muito para evoluir nesse sentido. Aprendi que apenas quando estamos bem com nós mesmos é que podemos fazer outras pessoas felizes.

Gosto muito de reunir a família e os amigos. Em casa a mesa está sempre cheia de pessoas que eu amo. A cozinha então, nem se fala, é o lugar preferido de todos. Todo encontro vira uma festa. Se alguém me liga dizendo que vai me visitar já trato de preparar um lanche ou marco logo um churrasco. Tudo isso é bom demais e faz parte da minha essência. No entanto, com o passar do tempo, descobri que momentos de solidão são essenciais para o autoconhecimento.

O negócio é saber conciliar e ser feliz!

Bjs,

Aline